Saturday, November 18, 2006

O velhaco ordena e os lacaios obedecem!


































Tá tudo dominado
por Olavo de Carvalho

A situação militar do Brasil é muito simples e clara. Hugo Chávez está montando um exército de um milhão e meio de homens bem armados, a maior força aérea da América Latina, e vinte bases militares em território boliviano, todas na fronteira com o Brasil. Seus aliados são, de um lado, o exército argentino de Kirchner, de outro lado as FARC e o ELN, cujo número de combatentes é hoje difícil de calcular mas que têm um orçamento militar incomparavelmente maior que de qualquer país latino-americano, com exceção da Venezuela.

O Brasil é hoje um país inerme e virtualmente cercado. Desaparelhadas, politicamente intimidadas, reduzidas à míngua pelos cortes orçamentários e à subserviência humilhante por vinte anos de bombardeio difamatório, nossas Forças Armadas não têm a mínima condição de defender o País contra as tropas empenhadas em garantir pelas armas a consecução do plano do Foro de São Paulo : a integração continental sob a bandeira neocomunista.

Nunca a soberania e a própria integridade da nação estiveram tão ameaçadas. Não há nenhum motivo razoável para duvidar de que, tendo chegado tão perto de realizar seu sonho de poder total, a esquerda revolucionária latino-americana destruirá pela força qualquer obstáculo que não possa remover pelo engodo e pela manipulação. Isso não quer dizer, é claro, que deixá-la vencer eleições nos livrará do perigo de morte. A única diferença entre a "via pacífica" e a "via armada" é que nesta a violência é usada como meio de chegar ao poder, naquela como meio de destruição da classe inimiga uma vez garantido o domínio total do Estado. Exemplos respectivos são Cuba e a Tchecoslováquia – a ascensão ao poder por meio da guerra revolucionária e por meio do golpe parlamentar, seguida de igual violência repressiva num caso como no outro.

Aqueles que imaginam que o sucesso eleitoral da esquerda no continente haverá de curá-la da tentação guerreira são imbecis iludidos ou mentirosos espertos. O sucesso eleitoral foi precisamente o meio do qual a esquerda se serviu para proteger as facções armadas, garantir-lhes a impunidade e ajudá-las a crescer. A unificação e expansão das forças armadas revolucionárias continentais sob o comando de Hugo Chávez é a etapa atual do processo. O capítulo seguinte é usar essas forças para derrubar as últimas resistências que venham a se opor seja à conquista do Estado, seja à expansão indefinida do poder estatal uma vez conquistado.

A dissolução das soberanias já é uma realidade, como se vê pela fusão dos aparatos jurídico-policiais cubanos e venezuelanos e pela utilização do território boliviano como cabeça de ponte para a eventual invasão do território brasileiro.

Vocês ouviram uma palavra sobre esse perigo nos debates presidenciais? Não. Leram alguma nos grandes jornais? Não. Mas leram, é claro, inumeráveis artigos alertando contra o perigo de uma agressão dos EUA ao continente latino e apontando como prova desse risco iminente a existência de uma base militar americana no Paraguai... fundada em 1948. Leram e até acreditaram. Se não chegaram a tanto, pelo menos não se deram conta de que esses artigos, todos eles subscritos por agentes de influência diretamente ligados a organismos chavistas, já eram a preparação psicológica da opinião pública para que aceitasse o advento do aparato militar comuno-chavista de dominação como um acontecimento banal e inofensivo, se não como o despertar de uma bela esperança patriótica.

O silêncio em torno do perigo real e iminente é tão geral, persistente e sistemático quanto o falatório alarmista em torno do perigo imaginário e fantasioso.

A norma vigente em todas as redações deste país é, nesse ponto, a mesma que se adotou quanto ao Foro de São Paulo . Toda a mídia brasileira – inclusive antilulista – transformou-se numa engrenagem da máquina de desinformação revolucionária empenhada em demonizar os Estados Unidos ao ponto de legitimar, em nome do temor a uma invasão americana impossível, a conivência ao menos passiva com a ocupação do continente pelas forças armadas da virtual União das Repúblicas Socialistas Latino-Americanas. Um jornalista colabora com esse processo cada vez que faz alarde em torno de violências imaginárias cometidas contra terroristas na prisão americana de Guantánamo e encobre de silêncio a brutalidade real e ininterrupta a que estão expostos os prisioneiros de consciência no vizinho cárcere cubano . Essa dupla e concomitante regra de desinformação é seguida hoje fielmente por todos os órgãos de mídia deste país, incluindo os mais antilulistas.

A própria Veja , nas páginas internacionais, fornece semanalmente a sua quota de mentiras anti-americanas, em penitência por ter dito a verdade contra o PT na seção nacional. Os planos do Foro de São Paulo vêm de longe, e o Brasil, em vez de se preparar para defender-se contra eles, chegou a reeleger presidente o homem que os concebeu. Nunca uma nação se rendeu com tanta docilidade – e com tanta antecedência - a um inimigo tão obviamente mal intencionado.


Olavo Luís Pimentel de Carvalho nasceu em Campinas, SP em 29/04/1947 é escritor, jornalista, palestrante, filósofo, livre pensador e intelectual, tem sido saudado pela crítica como um dos mais originais e audaciosos pensadores brasileiros, publica regularmente seus artigos no jornal "Diário do Comércio" e no site "Mídia Sem Máscara", além de inúmeros outros veículos do Brasil e do exterior. Já escreveu vários livros e ensaios, sendo que o mais discutido é "O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras" de 1996, que granjeou para o autor um bom número de desafetos nos meios intelectuais brasileiro, mas também uma multidão de leitores devotos, que esgotaram em três semanas a primeira edição da obra, e em quatro dias a segunda. Atualmente reside em Richmond-Virginia, EUA onde mantém um site em português e inglês, sobre sua vida, obras e idéias.
E-mail: olavo@olavodecarvalho.org


Publicado no jornal "Diário do Comércio".
Quarta-feira, 01 de novembro de 2006.



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