Wednesday, January 10, 2007

Grande parte do Brasil está irremediavelmente podre e precisa ser amputada o mais rápido possível.






































Crime e cultura
por Ipojuca Pontes

No mesmo dia em que o governo impositivo de Luiz Inácio Lula da Silva ampliava os privilégios da "Cultura" no ato palaciano de assegurar à casta privilegiada cerca de R$ 1 bilhão e 200 milhões, alargando a cornucópia insondável, se instalava no Rio de Janeiro o regime de violência e horror que metralhava delegacias, veículos e cabines policiais, incendiava transportes coletivos e lojas, num ataque desesperado que levou o pânico às ruas, com marginais fuzilando, incendiando e liquidando dezenas de inocentes, entre elas crianças, velhos e mulheres indefesas. Nos bairros e subúrbios periféricos, bombas destruiram bancos e prédios públicos, incluindo-se aí, significativamente, o Espaço Cultural Oscar Niemeyer, em Madureira.

Procurando justificar a onda de terror que se abateu sobre o Estado, as "autoridades competentes" partiram para vários tipos de explicação. O secretário de Segurança do Estado, por exemplo, informou que os ataques teriam origem na mudança de governo, deixando entrever que o crime organizado estava dando um recado aos novos mandatários: para sobreviver, os bandidos precisam do mínimo de liberdade para orientar, muitas vezes a partir dos presídios, os ganhos com o tráfico de drogas, assaltos e seqüestros. Já o secretário de administração dos presídios refutou tal explicação: ele garante que as quadrilhas responsáveis pelo massacre apenas reagiram contra a presença, nas favelas, das milícias formadas por ex-policiais que oferecem serviços de proteção à população, expulsando do espaço os traficantes e profissionais do crime.

No meu modesto entendimento, nada disso explica objetivamente o clima de horror e medo que tomou conta das grandes cidades brasileiras e da vida nacional. Antes de ser um caso administrativo, o problema diz respeito à completa degeneração da "coisa pública", fomentada no Brasil do presidente Lula pela hipertrofia do "Estado forte", gerador de mordomias, mamatas, isonomias, "direitos adquiridos", "indenizações", "conquistas setoriais", tudo sob a alegação hipócrita da "inclusão social das classes menos favorecidas".

Com efeito, se o sujeito não for um completo idiota ou parte interessada, basta observar de modo atento: a violência exacerbada que domina o País é a conseqüência direta do clima de ostensivos privilégios criados pela "vontade política" dos governantes, que insistem em sacar da população trabalhadora centenas de bilhões de reais, sob forma de impostos, tributos e "contribuições" para favorecer o parasitismo de uma minoria imersa em fartos proventos, subsídios, isenções fiscais e doações diretas dos dinheiros públicos. Eu próprio, se miserável fosse, morasse em favela e soubesse que um "gênio" do cinema nacional enfiou R$ 10 milhões num filme que rendeu apenas R$ 1 milhão (caso do filme "O Maior amor do mundo") é muito provável que também saísse atirando e saqueando pela aí. Aqui, não se trata apenas da questão econômica, mas da instintiva revolta moral diante de um quadro institucional que cultua tais calamidades.

De fato, a cultura que se instalou no Brasil é a cultura da malandragem, do privilégio, dos salários injustificáveis, da "boquinha", da hipocrisia que labora dia e noite para arrombar legalmente os cofres públicos. Cerca de oito milhões de pessoas, se tanto, escoradas em títulos, projetos, ambições e interesses pessoais, se apropriam de 1/3 do produto interno bruto (PIB), mais de 500 bilhões de reais, enquanto 180 milhões de brasileiros pobres e indigentes se esfalfam para sustentar a minoria ‘bem pensante’. Para que se tenha idéia da monumental distorção espoliativa, patrocinadora das constantes benesses elitistas, os governos de Lula e FHC, nestes últimos doze anos, para manter o espantoso custo da máquina estatal, infligiram o aumento do gás de cozinha em 500%, a energia elétrica em 480%, a gasolina e o diesel em 600%, em 350% a cesta básica, as contas telefônicas em 400%, IPTU em 300%, entre outras aberrações - o que, esvaziando o potencial produtivo da sociedade, determinou a estagnação econômica da Nação e o aumento do número de desempregados (13 milhões, por baixo), de indigentes (53 milhões) e de miseráveis (21 milhões).

No Brasil do inicio do século 21 está tudo contaminado. No poder Legislativo, o mais crítico, parlamentares insensíveis à pobreza geral procuram ampliar os próprios "subsídios" em proporções alarmantes, como se estivessem dispostos a zombar da sociedade que os elegeu, e que deles esperava, após os estrondosos escândalos do mensalão e das sanguessugas, o mínimo de pudor. No Judiciário, um poder sobre o qual presumivelmente se alicerça a saúde moral da Nação, a coisa também desanda: no seu exercício, à margem os notórios casos de suborno e corrupção de juizes e magistrados, se evidência igualmente a busca desenfreada por salários cada vez mais elevados, sobretudo se confrontados com a remuneração do trabalhador e do funcionário de setor privado – e que o contribuinte não pode mais pagar.

No Executivo, carro-chefe, o vírus da decomposição atinge proporções inauditas e passa a empestear a vida pública e privada, as normas de conduta, padrões e valores éticos de modo nunca dantes imaginado. Sintomaticamente, afora os inúmeros casos de corrupção do Executivo, o próprio presidente reeleito tem as contas de sua campanha eleitoral desaprovadas e sub judice, sem que isso represente um só arranhão na sua imagem ou abale a consciência da Nação.

Digo e repito: só um idiota confesso (ou parte interessada) não associa o recrudescimento da criminalidade à cultura da permissividade geral oficializada pelas elites. E o pior é que elas pensam que os bandidos não pensam e que não sabem disso.

Que fazer?


Ipojuca Pontes é jornalista, cineasta e escritor, nasceu em Campina Grande, na Paraíba, e ao longo de sua carreira conquistou mais de trinta prêmios nacionais e internacionais. Foi também Secretário Nacional da Cultura no governo Fernando Collor de Mello.







Publicado no site
MídiaSemMáscara.
Segunda-Feira, 08 de janeiro de 2007.








O PT é um partido de sociopatas cínicos, amorais, sem escrúpulos, mentirosos até à alucinação e acima de tudo uma cambada de ladrões.












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