A Disputa pelo Poder
por Luís Mauro Ferreira Gomes
A Inicialmente, pedimos desculpa por nos termos alongado demais, contudo, preferimos esgotar essa matéria que, faz tempo, nos incomoda, escrevendo-a para aqueles que tiverem a paciência de lê-la até o fim.
Desculpamo-nos, também, por apresentarmos uma concepção excessivamente pessoal e, talvez, um pouco pessimista, mas é assim que vemos a nossa situação política.
Especular a partir dos dados conhecidos é fundamental para a compreensão da realidade, infelizmente, muitos perderam a capacidade de conjecturar, preferindo aceitar, passivamente, as verdades oficiais dos meios de comunicação.
Optamos por renunciar a essa comodidade, para apresentar algumas reflexões.
Faz algum tempo, dissemos, em um de nossos artigos, que a avaliação da conjuntura estava feita e a situação era conhecida de todos, restando, apenas, tomar a decisão, fazer o planejamento dela decorrente e executá-lo.
Isso continua verdadeiro de um modo geral, no entanto, alguns aspectos, antes não muito claros, tornaram-se cada vez mais explícitos. Voltaremos, portanto, ao assunto para comentar a evolução de tais acontecimentos.
Começaremos, nesta oportunidade, por abordar a disputa pelo poder, não necessariamente ligada às eleições de 2010.
Embora a maioria seja dissimulada e não o admita formalmente, alguns políticos de esquerda agem às escâncaras, enquanto outros atuam mais nos bastidores. Entre estes últimos estão José Dirceu e Cyro Gomes. Ainda que não sejam menos perigosos, não trataremos deles agora, pois não estão muito claros os caminhos que seguirão na disputa pelo poder. Por enquanto, aparentemente estão em franca preparação, procurando acumular dinheiro ou articular-se politicamente à espera do evoluir da situação para exporem as suas verdadeiras intenções.
Entre os explícitos estão Lula, Dilma Rousseff, Tarso Genro e Nelson Jobim.
Lula
Ao contrário do que afirma e do que pensam muitos, Lula pretende, sim, concorrer ao terceiro mandato. E ao quarto, e ao quinto, e ao sexto, enfim, indefinidamente, enquanto o demônio o permitir. Somente não o fará se for impedido ou se concluir que não se reelegerá.
Para facilitar-lhe a busca do objetivo primeiro, todos os políticos que tinham a possibilidade ou a pretensão de virem a concorrer à Presidência foram neutralizados. Vejamos alguns exemplos, entre outros de que trataremos mais tarde:
– Renan Calheiros, então todo-poderoso presidente peemedebista do Senado, envolvido em escândalos que ele mesmo criou, foi estimulado a resistir com a ajuda do governo federal, até desmoralizar-se completamente, quando lhe foi subtraído o apoio e teve de renunciar para não perder o mandato. Agora, qual fênix moderna, ressurge da lama, como aconteceu com todos os governistas envolvidos nos mais escabrosos casos de corrupção. Reabilitado, enfim, mas inviabilizado como candidato à Presidência.
– Jaques Vagner, governador da Bahia, começou a aparecer muito, e logo surgiu o seu nome como possível alternativa petista. Prontamente, os jornais noticiaram supostos envolvimentos em casos de corrupção ou em escândalos que passaram a assombrar-lhe o passado e o presente. Depois de alguns meses, nunca mais se ouviu falar de tais casos, que, certamente, poderão ser ressuscitados a qualquer momento. Coincidentemente, não mais se falou também na sua pré-candidatura presidencial. Nem os políticos do PT escapam.
– Geraldo Alckmin começou a ter a sua possível candidatura desconstruída, ainda quando concorria contra Lula em 2006, em um processo que culminou nas últimas eleições para a prefeitura de São Paulo, em 2008. Nesse caso, o presidente contou com a inestimável ajuda do PSDB, falso partido de oposição que, obcecado com a idéia de defender a postulação de Serra, não se furtou de fazer todo o trabalho sujo.
Dilma Rousseff
Dilma Rousseff tem-se comportado como candidata oficial e, sem qualquer vestígio de pejo, faz, sistematicamente, campanha em que usa o dinheiro público e a máquina do Estado para se promover fora dos prazos legais, com a conivência do TSE, acovardado, corrompido e infiltrado por militantes políticos.
Ela vem sendo apresentada como "a candidata do presidente" somente para ocupar o lugar e desestimular novos pretendentes nas bases do governo. Não seria razoável que Lula resolvesse arriscar tudo em uma candidata arrogante, antipática e sem carisma, ainda que, aparentemente, lhe seja fiel e não lhe represente qualquer perigo. Mesmo que a reeleição para o terceiro mandato se torne inviável, não nos parece que Dilma venha a ter a verdadeira preferência presidencial. Seria muito mais interessante tentar uma composição com José Serra, com quem tem grandes afinidades ideológicas (somente os separam a disputa pelo poder e as origens). Essa composição poderia render a participação em um possível governo do peessedebista, com a "apropriação indébita" de alguns ministérios e todas as benesses que isso implicaria.
Lula continuaria no poder e muitos militantes petistas infiltrados em funções do Estado manteriam seus cargos, enquanto o partido se encarregaria de sabotar a administração Serra, para que, quatro anos depois, o próprio Lula pudesse voltar apoteoticamente à Presidência. É claro que esse acordo poderia ser secreto, e Dilma, lançada como candidata de fachada. Se ganhar, ótimo, se perder, também.
Resta saber, como diria Garrincha, se seria possível combiná-lo com Serra. Isso somente aconteceria se ele concluísse que precisaria do apoio de Lula para vencer.
Se essa tentativa falhar, algo semelhante poderia ainda ser tentado com Aécio Neves. Essa possibilidade teria o condão de dividir de vez a enganadora oposição política brasileira.
Assim, é provável que Dilma somente seja verdadeiramente candidata, se fracassarem todas as outras possibilidades.
Em tal caso, se ela perdesse e não fosse possível a composição com o governo eleito, o PT voltaria a fazer oposição radical, visando à eleição de 2014. Se vencesse, desistiria da reeleição em favor do seu guia. De novo, resta saber se ela cumpriria o trato. Parece-nos que sim.
Em entrevista coletiva recente, a ministra informou que está em tratamento de grave enfermidade, felizmente detectada logo no início, quando os prognósticos de cura são favoráveis. As motivações e os desdobramentos dessa divulgação são ainda indetermináveis ou imprevisíveis. O certo é que o fato novo poderá estimular reações contra a candidatura dita oficial, por parte de postulantes petistas frustrados, mas, também, poderá servir como jogada de "marketing", para promovê-la, ao despertar a compaixão do eleitorado.
Nesse sentido, O Globo de 26 de abril diz que "o presidente avaliou que era preciso dar satisfação à opinião pública para evitar especulações" e que "os estrategistas políticos do governo temem prejuízo nas alianças, mas apostam em solidariedade da população".
A doença da ministra seria, ainda, no momento certo, uma ótima desculpa para justificar a desistência em favor de um terceiro mandato ou de outra composição partidária.
Nelson Jobim
Nelson Jobim foi colocado no Ministério da Defesa primariamente para sofrer desgaste político. No dia de sua nomeação, escrevemos o artigo "Seleção Antinatural" em que dissemos: O presidente da República encontrou um ótimo cabide, ou melhor, um excelente depósito para estocar o Nelson Jobim, arrefecendo-lhe, de imediato, a sede de poder, para, logo, inviabilizar – como conseqüência do fracasso que, sabidamente, colherá – qualquer pretensão de candidatura à Presidência da República que, por falta de autocrítica, pudesse ter. Excessivamente autoconfiante e soberbo, assumiu o Ministério "cheio de marra", crente de que havia recebido um passaporte para a Presidência. Vazio de conteúdo, procurou impressionar, assumindo a caricatura de machão "de cinco facas".
Por conta disso, no lançamento de um livreco vulgar e mentiroso, editado sob os auspícios da Presidência da República, ameaçou os militares que reagissem ao conteúdo da "obra". Pretendeu, ainda, dividir o Exército, insinuando uma dicotomia entre integrantes da Ativa e da Reserva. Esse é um de seus discursos favoritos.
O Alto-Comando do Exército emitiu nota memorável em que, não somente condenou o livro, como reafirmou o que todos sabemos: somente existe um Exército – o de Caxias. Sentindo-se confrontado, o ministro fanfarrão, inteiramente fora da realidade e dos limites de sua competência, ameaçou de demissão os integrantes do Alto-Comando. Sem conseguir o apoio do presidente para a retaliação pretendida, Jobim compreendeu, finalmente, que, se insistisse em afastar os generais, seria ele o afastado. Viu-se, então obrigado a "considerar o caso encerrado", como afirmou, publicamente, aos jornalistas que o questionaram.
Coerente com o seu caráter, deixou as bravatas de lado e aproximou-se dos Comandantes das Forças, procurando afinar o discurso com o daquelas autoridades a tal ponto que alguns militares mais ingênuos chegaram a ver nele um "amigo" das Forças Armadas". Em verdade, o que procurou foi blindar-se contra o próprio Lula, ameaçando-o, veladamente, com o respaldo que, supostamente, os militares lhe dariam.
Continuando com o seu plano maquiavélico, juntou-se ao ministro virtual Mangabeira Unger para elaborar uma "Estratégia Nacional de Defesa". Quem a lê logo percebe que a principal, senão única, finalidade do documento é aumentar o seu poder como ministro da Defesa, ao mesmo tempo em que descaracteriza as Forças Armadas, avilta os militares e usurpa a autoridade do presidente da República, enquanto comandante supremo. Nessa posição confortável, espera por uma situação favorável que lhe permita dar o bote e tornar-se presidente, seja por que via seja.
Tarso Genro
Inicialmente como ministro da Educação, presidente nacional do PT e ministro chefe da Secretaria de Relações Institucionais, teve uma atuação discreta, mas, com o passar do tempo, já no Ministério da Justiça, começou a afirmar-se como representante das alas mais radicais do PT, as quais, tudo indica, pretende liderar. Acostumado às intrigas palacianas e conhecedor dos companheiros com quem lida, rapidamente percebeu a vulnerabilidade da situação em que se encontrava e, da mesma forma que Nelson Jobim, tratou de encontrar uma blindagem que o tornasse invulnerável às investidas presidenciais. Não foi difícil. Tendo como subordinadas a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança Pública, logo as transformou em fonte de poder que garantisse a sua sobrevivência.
Dedutivelmente sob sua inspiração, a Polícia Federal, transformada em KGB pessoal, começou a colher, ilegalmente, farto material comprometedor contra várias autoridades da República, e a realizar operações policiais pirotécnicas para tornar explícito esse poder, que, uma vez conhecido, serviria como forte agente dissuasório contra quem quer que lhe pretendesse criar obstáculos.
A quem aproveitaria a coleta de informações sobre pessoas tão distintas quanto o presidente do STF Gilmar Mendes; o empresário Daniel Dantas que, supostamente, contribuíra para o rápido enriquecimento do filho do presidente; o senador oposicionista Demóstenes Torres; o deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, também advogado de Daniel Dantas; ou a ministra Dilma Rousseff?
O primeiro nome que nos ocorre é o do próprio ministro Tarso Genro que, possivelmente, as usaria para constranger os oposicionistas, neutralizar seus adversários políticos dentro do próprio PT e tornar-se indemissível, por saber demais sobre o presidente e sua família. Lula deve ter custado a perceber a manobra em toda a sua extensão, pois, de início, parecia que as ações truculentas e em desrespeito a todas as formalidades legais também lhe eram úteis, enquanto feitas contra alguns empresários ou políticos da oposição.
O perigo somente se tornou completamente claro quando vazaram as investigações do delegado Protógenes Queiroz e as relações duvidosas entre a PF e a ABIN, tornando públicas as escutas telefônicas clandestinas contra oposicionistas do governo, mas, também, contra seus aliados.
Disfarçadamente, o presidente tem dado farta quantidade de corda para Tarso enforcar-se. Assim é que deixou prosperar a campanha difamatória e revanchista contra as Forças Armada, que o ministro atrabiliário e seu companheiro de subversão Paulo Vanucci vêm patrocinando, com o objetivo de rever a lei da anistia. Isso é muito mais arriscado para os terroristas escondidos no poder do que para os militares propriamente. É provável que, pela mesma razão, tenha apoiado a iniciativa ministerial de negar a extradição do terrorista assassino Cesare Battisti pedida pela Itália, concedendo-lhe o "status" de refugiado político.
Detentor de forte aparato de comunicação para afastar de si a responsabilidade pelos erros do governo, Lula contaria com o agravamento das crises decorrentes da insatisfação dos militares brasileiros, dos terroristas aliados e do governo italiano para, se vierem tais tribulações, agir com a absoluta convicção de que quase todos o veriam como vítima. Ele se apresentaria como tendo sido enganado e induzido ao erro, mas diria que Tarso Genro fora injustiçado, que tem a sua irrestrita confiança, que praticara um ato bonito ao pedir exoneração para não comprometer o governo. Contudo, entregaria, com grande tranqüilidade, a cabeça do ministro, que fingiria acreditar em tudo isso, para, depois de uma pequena quarentena, voltar como se nada tivesse acontecido, não obstante, muito fraco para disputar qualquer parcela de poder. Quem viveu, já viu.
Notícias veiculadas pela imprensa há algum tempo sugerem que, sentindo-se ameaçado por tantos correligionários perigosos, o presidente tenha resolvido enviar uma mensagem codificada. Ainda está forte na nossa memória um desses boatos que circularam insistentemente na Internet. Segundo disseminou-se, Lula teria pretendido fazer, logo depois das eleições municipais, uma reforma ministerial em que Nelson Jobim deixaria o Ministério da Defesa pelo da Justiça, Tarso Genro sairia deste, possivelmente para concorrer a algum cargo eletivo e o deputado Aldo Rebelo, mais uma vez, estaria cogitado para assumir a pasta da Defesa.
O plano seria genial, se o presidente tivesse força para executá-lo. Imporia mais uma desmoralização aos militares, forçando-lhes sujeição a um comunista, não bastassem os corruptos, os incompetentes, e os fraudadores nomeados, anteriormente, para o Ministério da Defesa. A principal razão da genialidade, porém, estaria em afastar Jobim e Tarso de suas respectivas fontes de poder, colocando-os, ainda, em disputa mortal pelo controle da Polícia Federal, o primeiro, para assumi-lo de fato, e o outro, para mantê-lo, remota e informalmente.
Obviamente, a idéia não prosperou, por não estar Lula disposto a pagar o preço por implantá-la. Mas o recado estava dado. Seria alguma coisa mais ou menos assim: "olhem, eu estou acompanhando o movimento de vocês, não ultrapassem os meus limites, porque continuo com a caneta na mão e, em último caso, posso demiti-los sumariamente.
Recentemente, o assunto foi requentado, como adoram dizer os governistas, em um artigo de Jorge Serrão, o que induziu muitos a pensarem que se tratava de matéria nova. Não era. Por certo, hoje, não mais o presidente cometeria a imprudência de aproximar Aldo Rebelo dos militares. Não depois das posições surpreendentemente patriotas e corajosas que deputado assumiu com relação à demarcação das terras indígenas.
Mais uma vez, Lula
Lula foi o mentor da idéia difundida no Foro de São Paulo de implantar ditaduras de esquerda em toda a América Latina. Com o aumento do preço do barril de petróleo, que passou de cerca de US$ 12,00, em 1999, para quase US$ 150,00, em julho de 2008, e, também, com o lucro fácil do narcotráfico das FARC, Hugo Chávez passou a nadar em dinheiro e a financiar a eleição dos presidentes regionais, inclusive o nosso. Todos devem lembrar-se, ainda, daquela suposta "doação" de cinco milhões de dólares para a campanha da reeleição, jamais apurada, graças à atuação rápida e decidida da "base aliada".
Isso levou Lula a perder parte da liderança que exercia para o ditador venezuelano, que avançou, muito mais rapidamente, com a sua revolução bolivariana. Contudo, o presidente brasileiro não perdeu totalmente o controle da situação e continua com o objetivo de transformar-se no "Big Brother" da região. Com o recuo do preço do barril de petróleo, que, atualmente, oscila entre US$ 40,00 e US$ 50,00, a tendência será Hugo Chávez perder importância e Lula reafirmar-se novamente como o líder de todas as esquerdas do Hemisfério Sul.
E por favor, não se iludam. Se a ditadura venezuelana está mais avançada do que a nossa, não é porque, como querem algumas pessoas, Lula seja um líder moderado. Tal se deve exclusivamente a que essa tem sido a revolução possível no Brasil, até agora.
Lá como cá, os ditadores submeteram o congresso e o judiciário, corrompendo-os, coagindo-os, desmoralizando-os. Igualmente foram neutralizadas todas as forças de oposição, mas há uma diferença básica que ainda nos permite viver aqui, com certo grau de liberdade. O Tenente-Coronel Hugo Chávez, em boa parte, controla ou limita as Forças Armadas venezuelanas, o que lhe permite submeter toda a nação. Aqui, o sindicalista Lula não tem esse poder ainda, e a simples presença do Exército lhe tem imposto certos limites, assegurando um mínimo de independência às outras instituições. É por isso que estão em curso todas essas campanhas de desmoralização contra os militares.
A situação é muito mais grave do que parece. Existem duas cosmovisões antagônicas e excludentes, em franco enfrentamento, aproximando-se do confronto final. Uma, de natureza socialista e totalitária, a outra, liberal e democrática. Se nada for feito para impedi-lo, continuaremos nessa marcha inexorável rumo ao atraso, à escravidão e à morte.
Os nossos ideais de democracia e liberdade são incompatíveis com a ideologia totalitária dos governantes de quase todos os países sul-americanos e caribenhos, incluído o Brasil. Somente sobreviverá o vencedor. Se tivermos de pagar um preço muito caro pela vitória, este será insignificante, diante das conseqüências da derrota. Pelas mesmas razões pelas quais o nazismo foi e continua a ser reprimido, também essa praga ideológica deve ser destruída.
Alternativas eleitorais
Embora se torne cada vez mais difícil qualquer solução institucional para o caos político em que nos encontramos, uma eventual saída eleitoral implica livrarmo-nos dessa inaceitável opção ilusória entre PT e PSDB, que são, como temos afirmado, as duas faces de uma mesma moeda falsa e sem valor.
Inviabilizada por seu próprio partido, como vimos, a candidatura de Geraldo Alckmin, que pertence a uma nova geração de políticos que não participaram da Revolução de 31 de Março, mas também não foram terroristas nem subversivos, muito se tem falado em Aécio Neves, como uma possibilidade para interromper esse ciclo nefasto se iniciou com a eleição de Fernando Henrique Cardoso.
O governador de Minas Gerais tem um nome de grande tradição histórica e, por ocupar esse cargo importante, está em evidência para concorrer à sucessão presidencial. Muitos fatores contribuíram para que ele se tornasse um dos políticos mais influentes do País. Com a característica dos políticos mineiros, tem, na cautela e na segurança, as linhas mestras das suas ações, tendo sinalizado, em seu discurso de posse, que vai alinhar-se, cada vez mais, com os ideais de seu avô Tancredo Neves, falecido em 1984.
Como tem o controle sobre grande parte do eleitorado mineiro, o segundo maior do País, deverá abrir as portas para a aproximação com outros partidos políticos, em busca de apoio para a sua candidatura. Mesmo enfrentando a forte oposição de José Serra dentro do PSDB, ainda assim, aspira chegar à Presidência da República, em 2010.
O caminho se nos apresenta difícil, porquanto o próprio Lula o corteja com certo grau de reciprocidade, mas todas as possibilidades devem ser exploradas, inclusive essa, diante da gravidade da situação atual que deverá piorar a cada dia.
Outra possibilidade vislumbramos quando estivemos em Brasília, há cerca de dois meses, ocasião em que um amigo nos disse que circulavam, naquela cidade, comentários sobre a possibilidade de o ministro das Comunicações Hélio Costa vir a ser candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff, como uma forma de conquistar votos da oposição para a candidata petista.
Não, isso nos parece muito pouco para o ministro. Ademais, seria grande ingenuidade imaginar-se que a presença de um político moderado da base aliada na chapa petista pudesse levar alguma pessoa esclarecida a votar em uma candidata extremista.
Não obstante, veríamos com simpatia a possível candidatura de Hélio Costa à Presidência, como cabeça de chapa. Tratasse de um tradicional político mineiro da muito querida cidade de Barbacena, conhecido como empreendedor e bom administrador, mas, sobretudo, como moderado, que, mesmo sendo ministro do governo, nada tem de radical, nem no presente nem no passado, que não tenha sido superado.
Quem sabe, poderia o ministro vir a ser uma solução que garantisse quebrar essa seqüência de governos de esquerda de vocação totalitária, ao mesmo tempo em que asseguraria aos governistas certa tranqüilidade, por ser o candidato oriundo de suas próprias bases, tornando-o, assim, aceitável para ambos os lados.
Sem dúvida, seria uma boa alternativa a Dilma Rousseff e a José Serra, e, talvez, a última possibilidade de obtermos a conciliação nacional.
Seja como for, neste momento, é importante que todas as forças da Nação se unam para abortar a ditadura em avançado estado de gestação no ventre do governo federal.
Desculpamo-nos, também, por apresentarmos uma concepção excessivamente pessoal e, talvez, um pouco pessimista, mas é assim que vemos a nossa situação política.
Especular a partir dos dados conhecidos é fundamental para a compreensão da realidade, infelizmente, muitos perderam a capacidade de conjecturar, preferindo aceitar, passivamente, as verdades oficiais dos meios de comunicação.
Optamos por renunciar a essa comodidade, para apresentar algumas reflexões.
Faz algum tempo, dissemos, em um de nossos artigos, que a avaliação da conjuntura estava feita e a situação era conhecida de todos, restando, apenas, tomar a decisão, fazer o planejamento dela decorrente e executá-lo.
Isso continua verdadeiro de um modo geral, no entanto, alguns aspectos, antes não muito claros, tornaram-se cada vez mais explícitos. Voltaremos, portanto, ao assunto para comentar a evolução de tais acontecimentos.
Começaremos, nesta oportunidade, por abordar a disputa pelo poder, não necessariamente ligada às eleições de 2010.
Embora a maioria seja dissimulada e não o admita formalmente, alguns políticos de esquerda agem às escâncaras, enquanto outros atuam mais nos bastidores. Entre estes últimos estão José Dirceu e Cyro Gomes. Ainda que não sejam menos perigosos, não trataremos deles agora, pois não estão muito claros os caminhos que seguirão na disputa pelo poder. Por enquanto, aparentemente estão em franca preparação, procurando acumular dinheiro ou articular-se politicamente à espera do evoluir da situação para exporem as suas verdadeiras intenções.
Entre os explícitos estão Lula, Dilma Rousseff, Tarso Genro e Nelson Jobim.
Lula
Ao contrário do que afirma e do que pensam muitos, Lula pretende, sim, concorrer ao terceiro mandato. E ao quarto, e ao quinto, e ao sexto, enfim, indefinidamente, enquanto o demônio o permitir. Somente não o fará se for impedido ou se concluir que não se reelegerá.
Para facilitar-lhe a busca do objetivo primeiro, todos os políticos que tinham a possibilidade ou a pretensão de virem a concorrer à Presidência foram neutralizados. Vejamos alguns exemplos, entre outros de que trataremos mais tarde:
– Renan Calheiros, então todo-poderoso presidente peemedebista do Senado, envolvido em escândalos que ele mesmo criou, foi estimulado a resistir com a ajuda do governo federal, até desmoralizar-se completamente, quando lhe foi subtraído o apoio e teve de renunciar para não perder o mandato. Agora, qual fênix moderna, ressurge da lama, como aconteceu com todos os governistas envolvidos nos mais escabrosos casos de corrupção. Reabilitado, enfim, mas inviabilizado como candidato à Presidência.
– Jaques Vagner, governador da Bahia, começou a aparecer muito, e logo surgiu o seu nome como possível alternativa petista. Prontamente, os jornais noticiaram supostos envolvimentos em casos de corrupção ou em escândalos que passaram a assombrar-lhe o passado e o presente. Depois de alguns meses, nunca mais se ouviu falar de tais casos, que, certamente, poderão ser ressuscitados a qualquer momento. Coincidentemente, não mais se falou também na sua pré-candidatura presidencial. Nem os políticos do PT escapam.
– Geraldo Alckmin começou a ter a sua possível candidatura desconstruída, ainda quando concorria contra Lula em 2006, em um processo que culminou nas últimas eleições para a prefeitura de São Paulo, em 2008. Nesse caso, o presidente contou com a inestimável ajuda do PSDB, falso partido de oposição que, obcecado com a idéia de defender a postulação de Serra, não se furtou de fazer todo o trabalho sujo.
Dilma Rousseff
Dilma Rousseff tem-se comportado como candidata oficial e, sem qualquer vestígio de pejo, faz, sistematicamente, campanha em que usa o dinheiro público e a máquina do Estado para se promover fora dos prazos legais, com a conivência do TSE, acovardado, corrompido e infiltrado por militantes políticos.
Ela vem sendo apresentada como "a candidata do presidente" somente para ocupar o lugar e desestimular novos pretendentes nas bases do governo. Não seria razoável que Lula resolvesse arriscar tudo em uma candidata arrogante, antipática e sem carisma, ainda que, aparentemente, lhe seja fiel e não lhe represente qualquer perigo. Mesmo que a reeleição para o terceiro mandato se torne inviável, não nos parece que Dilma venha a ter a verdadeira preferência presidencial. Seria muito mais interessante tentar uma composição com José Serra, com quem tem grandes afinidades ideológicas (somente os separam a disputa pelo poder e as origens). Essa composição poderia render a participação em um possível governo do peessedebista, com a "apropriação indébita" de alguns ministérios e todas as benesses que isso implicaria.
Lula continuaria no poder e muitos militantes petistas infiltrados em funções do Estado manteriam seus cargos, enquanto o partido se encarregaria de sabotar a administração Serra, para que, quatro anos depois, o próprio Lula pudesse voltar apoteoticamente à Presidência. É claro que esse acordo poderia ser secreto, e Dilma, lançada como candidata de fachada. Se ganhar, ótimo, se perder, também.
Resta saber, como diria Garrincha, se seria possível combiná-lo com Serra. Isso somente aconteceria se ele concluísse que precisaria do apoio de Lula para vencer.
Se essa tentativa falhar, algo semelhante poderia ainda ser tentado com Aécio Neves. Essa possibilidade teria o condão de dividir de vez a enganadora oposição política brasileira.
Assim, é provável que Dilma somente seja verdadeiramente candidata, se fracassarem todas as outras possibilidades.
Em tal caso, se ela perdesse e não fosse possível a composição com o governo eleito, o PT voltaria a fazer oposição radical, visando à eleição de 2014. Se vencesse, desistiria da reeleição em favor do seu guia. De novo, resta saber se ela cumpriria o trato. Parece-nos que sim.
Em entrevista coletiva recente, a ministra informou que está em tratamento de grave enfermidade, felizmente detectada logo no início, quando os prognósticos de cura são favoráveis. As motivações e os desdobramentos dessa divulgação são ainda indetermináveis ou imprevisíveis. O certo é que o fato novo poderá estimular reações contra a candidatura dita oficial, por parte de postulantes petistas frustrados, mas, também, poderá servir como jogada de "marketing", para promovê-la, ao despertar a compaixão do eleitorado.
Nesse sentido, O Globo de 26 de abril diz que "o presidente avaliou que era preciso dar satisfação à opinião pública para evitar especulações" e que "os estrategistas políticos do governo temem prejuízo nas alianças, mas apostam em solidariedade da população".
A doença da ministra seria, ainda, no momento certo, uma ótima desculpa para justificar a desistência em favor de um terceiro mandato ou de outra composição partidária.
Nelson Jobim
Nelson Jobim foi colocado no Ministério da Defesa primariamente para sofrer desgaste político. No dia de sua nomeação, escrevemos o artigo "Seleção Antinatural" em que dissemos: O presidente da República encontrou um ótimo cabide, ou melhor, um excelente depósito para estocar o Nelson Jobim, arrefecendo-lhe, de imediato, a sede de poder, para, logo, inviabilizar – como conseqüência do fracasso que, sabidamente, colherá – qualquer pretensão de candidatura à Presidência da República que, por falta de autocrítica, pudesse ter. Excessivamente autoconfiante e soberbo, assumiu o Ministério "cheio de marra", crente de que havia recebido um passaporte para a Presidência. Vazio de conteúdo, procurou impressionar, assumindo a caricatura de machão "de cinco facas".
Por conta disso, no lançamento de um livreco vulgar e mentiroso, editado sob os auspícios da Presidência da República, ameaçou os militares que reagissem ao conteúdo da "obra". Pretendeu, ainda, dividir o Exército, insinuando uma dicotomia entre integrantes da Ativa e da Reserva. Esse é um de seus discursos favoritos.
O Alto-Comando do Exército emitiu nota memorável em que, não somente condenou o livro, como reafirmou o que todos sabemos: somente existe um Exército – o de Caxias. Sentindo-se confrontado, o ministro fanfarrão, inteiramente fora da realidade e dos limites de sua competência, ameaçou de demissão os integrantes do Alto-Comando. Sem conseguir o apoio do presidente para a retaliação pretendida, Jobim compreendeu, finalmente, que, se insistisse em afastar os generais, seria ele o afastado. Viu-se, então obrigado a "considerar o caso encerrado", como afirmou, publicamente, aos jornalistas que o questionaram.
Coerente com o seu caráter, deixou as bravatas de lado e aproximou-se dos Comandantes das Forças, procurando afinar o discurso com o daquelas autoridades a tal ponto que alguns militares mais ingênuos chegaram a ver nele um "amigo" das Forças Armadas". Em verdade, o que procurou foi blindar-se contra o próprio Lula, ameaçando-o, veladamente, com o respaldo que, supostamente, os militares lhe dariam.
Continuando com o seu plano maquiavélico, juntou-se ao ministro virtual Mangabeira Unger para elaborar uma "Estratégia Nacional de Defesa". Quem a lê logo percebe que a principal, senão única, finalidade do documento é aumentar o seu poder como ministro da Defesa, ao mesmo tempo em que descaracteriza as Forças Armadas, avilta os militares e usurpa a autoridade do presidente da República, enquanto comandante supremo. Nessa posição confortável, espera por uma situação favorável que lhe permita dar o bote e tornar-se presidente, seja por que via seja.
Tarso Genro
Inicialmente como ministro da Educação, presidente nacional do PT e ministro chefe da Secretaria de Relações Institucionais, teve uma atuação discreta, mas, com o passar do tempo, já no Ministério da Justiça, começou a afirmar-se como representante das alas mais radicais do PT, as quais, tudo indica, pretende liderar. Acostumado às intrigas palacianas e conhecedor dos companheiros com quem lida, rapidamente percebeu a vulnerabilidade da situação em que se encontrava e, da mesma forma que Nelson Jobim, tratou de encontrar uma blindagem que o tornasse invulnerável às investidas presidenciais. Não foi difícil. Tendo como subordinadas a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança Pública, logo as transformou em fonte de poder que garantisse a sua sobrevivência.
Dedutivelmente sob sua inspiração, a Polícia Federal, transformada em KGB pessoal, começou a colher, ilegalmente, farto material comprometedor contra várias autoridades da República, e a realizar operações policiais pirotécnicas para tornar explícito esse poder, que, uma vez conhecido, serviria como forte agente dissuasório contra quem quer que lhe pretendesse criar obstáculos.
A quem aproveitaria a coleta de informações sobre pessoas tão distintas quanto o presidente do STF Gilmar Mendes; o empresário Daniel Dantas que, supostamente, contribuíra para o rápido enriquecimento do filho do presidente; o senador oposicionista Demóstenes Torres; o deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, também advogado de Daniel Dantas; ou a ministra Dilma Rousseff?
O primeiro nome que nos ocorre é o do próprio ministro Tarso Genro que, possivelmente, as usaria para constranger os oposicionistas, neutralizar seus adversários políticos dentro do próprio PT e tornar-se indemissível, por saber demais sobre o presidente e sua família. Lula deve ter custado a perceber a manobra em toda a sua extensão, pois, de início, parecia que as ações truculentas e em desrespeito a todas as formalidades legais também lhe eram úteis, enquanto feitas contra alguns empresários ou políticos da oposição.
O perigo somente se tornou completamente claro quando vazaram as investigações do delegado Protógenes Queiroz e as relações duvidosas entre a PF e a ABIN, tornando públicas as escutas telefônicas clandestinas contra oposicionistas do governo, mas, também, contra seus aliados.
Disfarçadamente, o presidente tem dado farta quantidade de corda para Tarso enforcar-se. Assim é que deixou prosperar a campanha difamatória e revanchista contra as Forças Armada, que o ministro atrabiliário e seu companheiro de subversão Paulo Vanucci vêm patrocinando, com o objetivo de rever a lei da anistia. Isso é muito mais arriscado para os terroristas escondidos no poder do que para os militares propriamente. É provável que, pela mesma razão, tenha apoiado a iniciativa ministerial de negar a extradição do terrorista assassino Cesare Battisti pedida pela Itália, concedendo-lhe o "status" de refugiado político.
Detentor de forte aparato de comunicação para afastar de si a responsabilidade pelos erros do governo, Lula contaria com o agravamento das crises decorrentes da insatisfação dos militares brasileiros, dos terroristas aliados e do governo italiano para, se vierem tais tribulações, agir com a absoluta convicção de que quase todos o veriam como vítima. Ele se apresentaria como tendo sido enganado e induzido ao erro, mas diria que Tarso Genro fora injustiçado, que tem a sua irrestrita confiança, que praticara um ato bonito ao pedir exoneração para não comprometer o governo. Contudo, entregaria, com grande tranqüilidade, a cabeça do ministro, que fingiria acreditar em tudo isso, para, depois de uma pequena quarentena, voltar como se nada tivesse acontecido, não obstante, muito fraco para disputar qualquer parcela de poder. Quem viveu, já viu.
Notícias veiculadas pela imprensa há algum tempo sugerem que, sentindo-se ameaçado por tantos correligionários perigosos, o presidente tenha resolvido enviar uma mensagem codificada. Ainda está forte na nossa memória um desses boatos que circularam insistentemente na Internet. Segundo disseminou-se, Lula teria pretendido fazer, logo depois das eleições municipais, uma reforma ministerial em que Nelson Jobim deixaria o Ministério da Defesa pelo da Justiça, Tarso Genro sairia deste, possivelmente para concorrer a algum cargo eletivo e o deputado Aldo Rebelo, mais uma vez, estaria cogitado para assumir a pasta da Defesa.
O plano seria genial, se o presidente tivesse força para executá-lo. Imporia mais uma desmoralização aos militares, forçando-lhes sujeição a um comunista, não bastassem os corruptos, os incompetentes, e os fraudadores nomeados, anteriormente, para o Ministério da Defesa. A principal razão da genialidade, porém, estaria em afastar Jobim e Tarso de suas respectivas fontes de poder, colocando-os, ainda, em disputa mortal pelo controle da Polícia Federal, o primeiro, para assumi-lo de fato, e o outro, para mantê-lo, remota e informalmente.
Obviamente, a idéia não prosperou, por não estar Lula disposto a pagar o preço por implantá-la. Mas o recado estava dado. Seria alguma coisa mais ou menos assim: "olhem, eu estou acompanhando o movimento de vocês, não ultrapassem os meus limites, porque continuo com a caneta na mão e, em último caso, posso demiti-los sumariamente.
Recentemente, o assunto foi requentado, como adoram dizer os governistas, em um artigo de Jorge Serrão, o que induziu muitos a pensarem que se tratava de matéria nova. Não era. Por certo, hoje, não mais o presidente cometeria a imprudência de aproximar Aldo Rebelo dos militares. Não depois das posições surpreendentemente patriotas e corajosas que deputado assumiu com relação à demarcação das terras indígenas.
Mais uma vez, Lula
Lula foi o mentor da idéia difundida no Foro de São Paulo de implantar ditaduras de esquerda em toda a América Latina. Com o aumento do preço do barril de petróleo, que passou de cerca de US$ 12,00, em 1999, para quase US$ 150,00, em julho de 2008, e, também, com o lucro fácil do narcotráfico das FARC, Hugo Chávez passou a nadar em dinheiro e a financiar a eleição dos presidentes regionais, inclusive o nosso. Todos devem lembrar-se, ainda, daquela suposta "doação" de cinco milhões de dólares para a campanha da reeleição, jamais apurada, graças à atuação rápida e decidida da "base aliada".
Isso levou Lula a perder parte da liderança que exercia para o ditador venezuelano, que avançou, muito mais rapidamente, com a sua revolução bolivariana. Contudo, o presidente brasileiro não perdeu totalmente o controle da situação e continua com o objetivo de transformar-se no "Big Brother" da região. Com o recuo do preço do barril de petróleo, que, atualmente, oscila entre US$ 40,00 e US$ 50,00, a tendência será Hugo Chávez perder importância e Lula reafirmar-se novamente como o líder de todas as esquerdas do Hemisfério Sul.
E por favor, não se iludam. Se a ditadura venezuelana está mais avançada do que a nossa, não é porque, como querem algumas pessoas, Lula seja um líder moderado. Tal se deve exclusivamente a que essa tem sido a revolução possível no Brasil, até agora.
Lá como cá, os ditadores submeteram o congresso e o judiciário, corrompendo-os, coagindo-os, desmoralizando-os. Igualmente foram neutralizadas todas as forças de oposição, mas há uma diferença básica que ainda nos permite viver aqui, com certo grau de liberdade. O Tenente-Coronel Hugo Chávez, em boa parte, controla ou limita as Forças Armadas venezuelanas, o que lhe permite submeter toda a nação. Aqui, o sindicalista Lula não tem esse poder ainda, e a simples presença do Exército lhe tem imposto certos limites, assegurando um mínimo de independência às outras instituições. É por isso que estão em curso todas essas campanhas de desmoralização contra os militares.
A situação é muito mais grave do que parece. Existem duas cosmovisões antagônicas e excludentes, em franco enfrentamento, aproximando-se do confronto final. Uma, de natureza socialista e totalitária, a outra, liberal e democrática. Se nada for feito para impedi-lo, continuaremos nessa marcha inexorável rumo ao atraso, à escravidão e à morte.
Os nossos ideais de democracia e liberdade são incompatíveis com a ideologia totalitária dos governantes de quase todos os países sul-americanos e caribenhos, incluído o Brasil. Somente sobreviverá o vencedor. Se tivermos de pagar um preço muito caro pela vitória, este será insignificante, diante das conseqüências da derrota. Pelas mesmas razões pelas quais o nazismo foi e continua a ser reprimido, também essa praga ideológica deve ser destruída.
Alternativas eleitorais
Embora se torne cada vez mais difícil qualquer solução institucional para o caos político em que nos encontramos, uma eventual saída eleitoral implica livrarmo-nos dessa inaceitável opção ilusória entre PT e PSDB, que são, como temos afirmado, as duas faces de uma mesma moeda falsa e sem valor.
Inviabilizada por seu próprio partido, como vimos, a candidatura de Geraldo Alckmin, que pertence a uma nova geração de políticos que não participaram da Revolução de 31 de Março, mas também não foram terroristas nem subversivos, muito se tem falado em Aécio Neves, como uma possibilidade para interromper esse ciclo nefasto se iniciou com a eleição de Fernando Henrique Cardoso.
O governador de Minas Gerais tem um nome de grande tradição histórica e, por ocupar esse cargo importante, está em evidência para concorrer à sucessão presidencial. Muitos fatores contribuíram para que ele se tornasse um dos políticos mais influentes do País. Com a característica dos políticos mineiros, tem, na cautela e na segurança, as linhas mestras das suas ações, tendo sinalizado, em seu discurso de posse, que vai alinhar-se, cada vez mais, com os ideais de seu avô Tancredo Neves, falecido em 1984.
Como tem o controle sobre grande parte do eleitorado mineiro, o segundo maior do País, deverá abrir as portas para a aproximação com outros partidos políticos, em busca de apoio para a sua candidatura. Mesmo enfrentando a forte oposição de José Serra dentro do PSDB, ainda assim, aspira chegar à Presidência da República, em 2010.
O caminho se nos apresenta difícil, porquanto o próprio Lula o corteja com certo grau de reciprocidade, mas todas as possibilidades devem ser exploradas, inclusive essa, diante da gravidade da situação atual que deverá piorar a cada dia.
Outra possibilidade vislumbramos quando estivemos em Brasília, há cerca de dois meses, ocasião em que um amigo nos disse que circulavam, naquela cidade, comentários sobre a possibilidade de o ministro das Comunicações Hélio Costa vir a ser candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff, como uma forma de conquistar votos da oposição para a candidata petista.
Não, isso nos parece muito pouco para o ministro. Ademais, seria grande ingenuidade imaginar-se que a presença de um político moderado da base aliada na chapa petista pudesse levar alguma pessoa esclarecida a votar em uma candidata extremista.
Não obstante, veríamos com simpatia a possível candidatura de Hélio Costa à Presidência, como cabeça de chapa. Tratasse de um tradicional político mineiro da muito querida cidade de Barbacena, conhecido como empreendedor e bom administrador, mas, sobretudo, como moderado, que, mesmo sendo ministro do governo, nada tem de radical, nem no presente nem no passado, que não tenha sido superado.
Quem sabe, poderia o ministro vir a ser uma solução que garantisse quebrar essa seqüência de governos de esquerda de vocação totalitária, ao mesmo tempo em que asseguraria aos governistas certa tranqüilidade, por ser o candidato oriundo de suas próprias bases, tornando-o, assim, aceitável para ambos os lados.
Sem dúvida, seria uma boa alternativa a Dilma Rousseff e a José Serra, e, talvez, a última possibilidade de obtermos a conciliação nacional.
Seja como for, neste momento, é importante que todas as forças da Nação se unam para abortar a ditadura em avançado estado de gestação no ventre do governo federal.
Luís Mauro Ferreira Gomes, é Coronel Aviador da Força Aérea Brasileira.
Publicado no site "TERNUMA – Terrorismo Nunca Mais".
Terça-feira, 05 de maio de 2009.
O candidato Serra – Ipojuca Pontes
http://bootlead.blogspot.com
SÓ RESTARÁ UMA SOLUÇÃO: À FORÇA!
No comments:
Post a Comment