Thursday, November 06, 2008

O CÍRCULO SE FECHOU, JÁ TEMOS UM "LEVIATÃ"!










































TEMPOS OBÂMICOS (I)
por José Nivaldo Cordeiro

Quem manda no mundo? Responder a essa questão é responder ao essencial em ciência política. A vitória de Barack Obama é um emblema dos tempos e responde adequadamente à pergunta, embora seja verdade que quem manda no mundo não são os EUA. É só ver como a vontade do Estado norte-americano não é levada em conta em toda parte, a começar pela diplomacia brasileira. Mesmo no Iraque em guerra, onde rebeldes insistem em resistir. É bom que se diga desde logo essa verdade. Quem manda no mundo são os seguidores do socialismo, que obtiveram vitórias esmagadoras no mundo todo, inclusive agora com Obama nos EUA. Idéias é que mandam no mundo.

A esquerda mundial comemorou, com razão, a vitória do novo presidente. Ele é o ícone dessa gente que vê no Estado a alavanca para todos os problemas da humanidade. Os EUA vêm praticando políticas socialistas desde o início do século XX, quando socialismo lá era conhecido pela alcunha de progressismo, um irmão gêmeo do fascismo. Desde então a coisa tem piorado e apenas em momentos episódicos, como na Era Reagan, tentou-se reverter o processo. Em vão. O Legislativo já estava inteiramente tomado pela crença estatista, assim como a imprensa, a juventude universitária e a esmagadora maioria da opinião pública. A eleição de Obama foi uma mera conseqüência.

Claro, a crise econômica fez a sua parte nas eleições, chegando em um momento adequado para destruir qualquer pretensão eleitoral dos adversários. O problema é que a crise econômica que estamos vivendo é conseqüência direta do gigantismo estatal daquele país, fato que é revelado pelos mastodônticos déficits gêmeos, raiz primeira da crise. Ela deriva também de decisões alucinadas, como a de obrigar o sistema bancário a emprestar a clientes que, de antemão, sabia-se incapazes de pagarem suas dívidas, como no caso dos sub-prime. O estouro da bolha imobiliária era um fenômeno perfeitamente previsível.

A formidável onda inflacionária gerou a falsa prosperidade, cujo preço agora está sendo cobrado. Quando as informações de como funcionava o sistema de crédito vieram a público foi um espanto, tamanha a irresponsabilidade do que foi feito. A conclusão é bem simples: os EUA e o mundo precisam desesperadamente de estadistas que governem exatamente contra as idéias socialistas, pois elas não apenas não têm como resolver os graves problemas, como tendem a agravá-los rapidamente. O socialismo é um conjunto de crenças falsas sobre a realidade, sendo a primeira, e a mais importante, a promessa de abolição da lei da escassez e, junto com ela, a promessa de felicidade pela isenção impossível do trabalho duro e diligente que cada homem tem que realizar na sua existência. Obama prometeu precisamente isso. E vai querer concretizar a promessa. Se esse prognóstico for correto é certeza que a economia dos EUA entrará em parafuso, levando junto o mundo inteiro.

Mudança, o slogan tão repetido, é o que não houve. A estrutura de poder é que foi reforçada. Há muito os conservadores estão em decadência política. Obama, como Lula, é o homem-massa no poder. O socialismo é a crença típica do homem-massa. Governantes assim não conduzem as massas, são por elas conduzidos. Eles não têm como acordar de seu sono hipnótico e não têm como acordar as massas de suas ilusões. Esses governantes deixam-se levar pelos urros da multidão, sem saber muito bem o que fazer pelo simples fato de não compreenderem o real. O Estado é uma ferramenta para algumas coisas, mas não para outras. Mas esses novos príncipes passaram a vida toda se iludindo com falsas teorias e palavras de ordem do tipo "um outro mundo possível". O fato é que não há outro mundo, apenas este aqui, que deve ser compreendido para poder ser adequadamente governado.

Tentar abolir a lei da escassez é uma alucinação perigosa. Essa alucinação leva ao ativismo político. Decisões em série serão tomadas, desde a posse, seja para debelar a crise, seja para atender aos anseios da massa. A cada decisão que não vingar, a cada lei inútil promulgada, mais o ativismo crescerá. A explosão de violência poderá ser a verdadeira bolha que nos espera na curva da história, como já houve no passado. A guerra será sempre a solução final, a trazer a humanidade para a sua perversa condição, de criatura orgulhosa e incapaz de se enxergar no seu próprio tamanho.

Quem viver verá.

Publicado no site "NIVALDO CORDEIRO: um espectador engajado".
Quarta-feira, 05 de novembro de 2008.




TEMPOS OBÂMICOS (II)
por José Nivaldo Cordeiro

No artigo acima tentei mostrar que a idéia de mudança, associada à campanha do presidente eleito, é falsa, visto que Barack Obama é a expressão política mais acabada da radicalização da estrutura de poder instalada no Estado norte-americano. Foi essa estrutura de poder que gerou a crise atual. E qual é esta estrutura? Aquela que deposita no poder de Estado a esperança de que ele tenha as soluções para todos os problemas humanos, seja por medida legislativa, seja pela ação direta do ente estatal. Essa estrutura de poder determina a expansão continuada da oferta de moeda, dos gastos públicos e das ações militares. É nisso que essa gente acredita. Dominando a Casa Branca e o Congresso, os liberais esquerdistas poderão agora levar a sua pseudo política ao limite do possível.

Naquele artigo sublinhei a falsa crença de que seria possível, via ação estatal, suprimir a lei da escassez. Quero aqui sublinhar outras crenças, não menos perigosas e falsas. (O discurso sóbrio de Obama em Chicago foi apoteótico em face da platéia prostrada a seus pés. As imagens foram assustadoras, até gente como Colin Powell chorando. Fez-me lembrar de Hitler no seu auge, desprovido da fúria vingativa que portava o alemão. Hitler também invocou o efeito raça a seu favor. As manifestações populares por todo o mundo foram algo assombroso também, visto que o eleito nada tem a ver diretamente com africanos, europeus e asiáticos. As massas mundiais, de fato, identificam-se com a pessoa carismática do presidente eleito. Sóter, um salvador, é o que todos enxergam, em delírio alucinado. Mas ele não pode ser isso, é na verdade o oposto disso. Sua única e irredutível proposta é pôr o Estado a serviço dos apetites das massas, satisfazendo os dois vícios mais comuns, a preguiça e ócio. E prometendo o que não pode prometer: a eliminação do risco existencial. A decepção das massas será tão rápida quanto foi a sua adesão. O principio de realidade não tolera os sonhos. A crise está aí para ser enfrentada.)

Uma das questões práticas relevantes que Obama terá pela frente é a guerra no Iraque. Não consigo imaginar uma saída rápida e unilateral das forças expedicionárias que lá estão. Se assim for feito a guerra civil se instala de imediato e um confronto entre os xiitas iranianos e os sunitas sauditas será questão de dias. A presença norte-americana ali garante que esses brigões não briguem. A saída das forças dos EUA e o conseqüente conflito elevariam o preço do petróleo a números imprevisível, desestabilizando ainda mais a economia mundial. O preço em vidas também seria brutal. Isso obrigaria um retorno, mais caro e mais custoso, das forças que ora estão lá. E um retorno seria pior também porque o Irã teria que ser enfrentado e, com ele, talvez Rússia e China. Em resumo, uma saída rápida e unilateral seria algo tão estúpido como foi a política unilateral de desarmamento feita pela Inglaterra e EUA na década de Trinta do século passado.

Da mesma forma, não enfrentar a ameaça nuclear do Irã, em termos categóricos, é convite para que as forças israelenses o façam. Nesse cenário teríamos também um desastre do qual poderia se esperar qualquer coisa, até uma guerra mundial. Não é possível querer a paz omitindo-se das responsabilidades militares. Os clérigos que controlam o Irã só conhecem o argumento da força.

A necessidade de enfrentamento dos déficits públicos dos EUA, tanto o orçamentário como o da balança comercial, impõe o contrário de uma política expansionista: é preciso reduzir gastos e aumentar impostos. Obama foi eleito prometendo justamente o oposto. Na melhor das hipóteses ele se curvará ao princípio de realidade e fará o que precisa ser feito, mesmo ao preço de perder sua popularidade. Ainda não perdi as esperanças de que, por detrás do discurso populista, esconda-se alguém com vocação de estadista. Na pior hipótese tentará o salto para a frente, gastos alucinados bancados por emissão de moeda. O desastre viria em breve tempo.

Obama tem a simpatia de toda a gente, mas essa simpatia deveu-se a circunstâncias únicas, pela sua origem, sua cor e seu discurso. Sua promessa de paz e distensão mundial exigirá o oposto do que as multidões gostariam que viesse. Os governos europeus querem ter mais influência política, assim como Rússia, China e Japão. A equação não fecha. Poder anda de mãos dadas com responsabilidade. Não é possível tê-lo sem exercê-lo. Será interessante observar quais serão as opções tomadas por ele. Quaisquer que venham a ser desagradará muita gente. Só torço para que ele não dê as costas à realidade como ela é. Seria sua pior opção.

Publicado no site "NIVALDO CORDEIRO: um espectador engajado".
Quinta-feira, 06 de novembro de 2008.



José Nivaldo Cordeiro: "Quem sou eu? Sou cristão, liberal e democrata. Abomino todas as formas de tiranias e de coletivismos. Acredito que a Verdade veio com a Revelação e que a vida é uma totalidade, não podendo ser cindida em departamentos estanques. Abomino qualquer intervenção do Estado na vida das pessoas e na economia, além do imprescindível para manter a ordem pública. Acredito que a liberdade é um bem que se conquista cotidianamente, pelo esforço individual, e que os seus inimigos estão sempre a postos para destruí-la. Preservá-la é manter-se vigilante e sempre disposto a lutar, a combater o bom combate. Acredito que riqueza e prosperidade só podem vir mediante o esforço individual de trabalhar. Fora disso, é sair do bom caminho, é mergulhar na escuridão da mentira e das falsas promessas".



José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP e editor do site "NIVALDO CORDEIRO: um espectador engajado". E-mail: nivaldocordeiro@yahoo.com.br


"Good" morning Earth! Started the countdown! The "END" is black, but this was your choice.


GO McCAIN! YOU ARE AN AMERICAN SAILOR!



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