Friday, June 05, 2009

Buscas ao Airbus: Agora vai… No comando o "almirante", "general" e
"brigadeiro" Jobim das Selvas. SERIA CÔMICO, SE NÃO FOSSE TRÁGICO!

Foto: Interpretando o personagem de piloto de C-130 Hercules, o multíloquo Nelson "ximango" Jobim.






























Jobim das Selvas ressurge no papel de especialista em desastres aéreos
por Augusto Nunes

Com uma farda de guerreiro da floresta no lugar do terno cinza-Brasília, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, invadiu Manaus no fim de 2007. Se tivesse um punhado de anos e algumas arrobas a menos, provavelmente teria aparecido fantasiado de Tarzan. Como o calendário e a balança o aconselharam a contentar-se com a imitação de Johnny Weissmuller já no crepúsculo da carreira, infiltrou duas letras no prenome do herói de cinema, transformou-se em Jobim das Selvas, proclamou que "a Amazônia tem dono", colocou em fuga uma tropa de saguis, reduziu uma sucuri de quartel a prisioneira de guerra, declarou-se vitorioso e voltou a Brasília. Mais um que não perde chance de ser ridículo, sorriu o país atormentado pelo apagão aéreo a caminho do 1° aniversário.

Oito meses antes, no discurso de posse, o combativo gaúcho decolou no quinto parágrafo com a excitação de um piloto de caça na metade da pista do porta-aviões. Até então, tratara de justificar a fama de doutor muito sabido com a evocação de episódios protagonizados por nomes de rodovias, ruas, praças e avenidas. A aula foi encerrada com a frase atribuída a Benjamin Disraeli, duas vezes primeiro-ministro do império britânico no fim do século 19. "Never complain, never explain, never apologise", caprichou. Caridoso com os muitos monoglotas presentes, cuidou de traduzir: "Nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe".

Então, já no papel de brigadeiro encarregado de livrar do colapso a aviação civil, arremeteu espetacularmente: "Aja ou saia, faça ou vá embora". Formulada pela figura com mais de 100 quilos esparramados por quase 2 metros, a ameaça soou como um ultimato tremendo, quem tivesse culpa no cartório que se cuidasse, começaria naquele momento a contra-ofensiva reclamada pelo país desde outubro de 2006. Andorinhas voaram de costas, urubus ficaram brancos de medo, flagelados dos aeroportos correram para os portões de embarque, nuvens fugiram do céu ─ até ficar claro que Jobim não prestara atenção no próprio berreiro. Não agiu nem saiu. Não fez mas ficou. Só foi para a Amazônia brincar de encantador de sucuris.

Seis meses depois dos combates na mata, cada vez mais aflito com os sucessivos fiascos na guerra contra o apagão, foi embora de novo, agora para a França. No verão europeu de 2008, escoltado pelo ordenança Roberto Mangabeira Unger, ministro de problemas futuros, Jobim baixou em Paris fantasiado de almirante, submergiu num submarino, voltou à terra firme para deslocar-se até Moscou, fez cara de freguês exigente ao passar em revista a frota de submarinos russos, disse aos anfitriões ansiosos que precisava pensar melhor no negócio e retornou ao Brasil.

Sempre condescendentes, os compatriotas incluíram Jobim na categoria dos inimputáveis, ao lado dos loucos mansos, dos doidos de pedra e dos napoleões de hospício. Livre de vigilância, enfim resolveu agir e fazer. Negociou a venda de 300 mísseis ao Paquistão, divorciado desde a infância da vizinha Índia e em permanente noivado com terroristas, reiterou que o Brasil não assinaria o tratado que proíbe a fabricação de bombas de fragmentação e desapareceu nas coxias. Voltou repentinamente ao palco a bordo do acidente com a avião da Air France, desta vez no papel de especialista em desastres aéreos.

"A FAB detectou no mar uma faixa de cinco quilômetros com destroços de um avião. Não há dúvidas: são destroços do avião da Air France", decretou durante uma espantosa entrevista coletiva. "O que estamos fazendo aqui é a localização de sobreviventes, ou melhor, de restos", começou a procissão de atentados à inteligência, ao bom-senso e à compaixão. "Além dos corpos afundarem, a costa de Pernambuco tem o problema que vocês sabem", jogou a isca. Um jornalista mordeu: era alguma referência a tubarões? "Sim", respondeu Jobim, para produzir em seguida uma inverossímil dissertação sobre ruptura de abdomes. Há dois anos, Jobim sabia apenas que as poltronas dos aviões deveriam ser bem mais largas. "Um homem com o meu tamanho não cabe nelas", queixou-se. Já aprendeu um pouco mais, comprovou a entrevista. Mas não aprendeu a ter juízo.

Nem precisa aprender. No Brasil imerso na Era da Mediocridade, sensatez virou coisa de tempos remotos. Tanto assim que um Nelson Jobim foi deputado federal, chefiou o Supremo Tribunal Federal, hoje é ministro da Defesa e continua sonhando com a presidência da República. Por que não?


Augusto Nunes da Silva é jornalista, nascido em Taquaritinga, interior de S. Paulo, foi redator-chefe da revista Veja, diretor de redação das revistas Época e Forbes, dos jornais O Estado de S. Paulo, Gazeta Mercantil e Zero Hora, além de diretor-executivo do Jornal do Brasil. Foi também apresentador do programa Roda Vida da TV Cultura e do programa "Verso & Reverso" da TVJB. Augusto Nunes escreveu diversos livros, entre os quais: "Minha Razão de Viver - Memórias de um Repórter" (livro de memórias de Samuel Wainer), "Tancredo" (biografia de Tancredo Neves), "O Reformador: um Perfil do Deputado Luís Eduardo Magalhães" e "A Esperança Estilhaçada", sobre a atual crise política, entre outros. É um dos personagens do livro "Eles Mudaram a Imprensa", da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que selecionou os seis jornalistas mais inovadores dos últimos 30 anos, além de ter ganho por quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo. Atualmente, Nunes escreve uma coluna na edição eletrônica da Revista VEJA.




Publicado na seção Direto ao Ponto da "Coluna do Augusto Nunes".
Quinta-feira, 04 de junho de 2009.




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1 comment:

DEFENSORES DE PONTEZINHA said...

Colocando esse tipo de fotos na rede estaremos popularizando este escroque.
Chamando-o memso de brincadeira de general,almirante, brigadeiro ou mesmo mamador de manjuba o jubinha das selvas estaremos dando muito valor a quem não presta.
Veja se a partir de hoje quando se referirem a este resto de gente assim o denominem:
O marginal ex ministro do supremo falsificador da constituição se fantasia mais uma vez, mais uma prova que toga hoje no Brasil é apenas um avental para encobrir a sujeira da especie.

 
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