Wednesday, July 25, 2007

Ou o Brasil acaba com o PT, ou o PT acaba com o Brasil.










































Síndrome da incompetência generalizada
por Arnaldo Jabor

A sordidez do que acontece no Brasil é tal, que até criticar o governo só serve para legitimá-lo. Este governo não merece nem uma crítica à 'luz da razão'. Tem de ser analisado como um exame de patologia clínica. Estamos sendo infectados por uma doença histórica. Chama-se a 'síndrome da incompetência generalizada'. Ou então, 'falência múltipla dos órgãos públicos'.

Essa doença se espalha a partir do centro do Executivo, do topo da pirâmide de poder. Lula foi a bandeira de bolchevistas e intelectuais durante décadas. Era a esperança do velho populismo e dava um rosto operário concreto aos ideólogos. Controlado pelos comandados de Dirceu, acabou eleito pela habilidade realista de um publicitário. Com a intervenção salvadora de Jefferson, Lula criou sua própria doutrina, que hoje se derrama sobre todos os aparelhos do Estado e se infiltra, pelas alianças, nos outros poderes. As características dessa doença que infecta o País são oriundas de uma vasta cepa de germes históricos e ideológicos. Há uma cepa herdada (resistente a antibióticos) de um autoritarismo com ecos stalinistas, que se cruzou com o germe do sindicalismo oportunista, com o stafilococus do populismo pós-getulista, formando um novo tipo de micróbio que, com a baixa imunidade da democracia representativa, se espalha de forma profusa e letal. Essa doença grave fica muitas vezes dissimulada pela figura de Lula, com seu carisma de símbolo, assim como certas febres podem levar a alucinações enganadoras.

Lula não ama o povo. Ao contrário, quer ser amado por ele. A recente vaia que o 'magoou', feriu-o por ele se sentir uma espécie de pioneiro da ascensão social, que ele diz desejar para todos. Aliás, a crença de que o homem 'de esquerda' pensa no 'bem' real do povo é mais uma falácia herdada da tradição. Stalin amava o povo? O povo é visto pelos totalitários como uma 'massa' (nome usado por eles) a ser moldada como uma máquina humana se reproduzindo sempre, obediente a líderes. O 'povo' não é visto como seres para brilharem ou florescerem, mas para serem controlados. O recente 'top top' do velho Marco Aurélio é a metáfora simétrica da vaia: 'Vão ter de nos engolir!' - a opinião pública e a imprensa, o inimigo maior...

Outra característica dessa anomalia é sua espantosa incapacidade administrativa. A idéia de 'competência' é vista com desconfiança, inclusive teoricamente, como já foi relatado por intelectuais como Marilena Chauí, porque a competência técnica pode 'encobrir um desvio neoliberal, de direita'. 'Administrar' é visto como ato menor, até meio reacionário, pois administrar é manter, preservar, coisa de capitalistas. A incompetência paralítica deste governo é uma mistura esquisita de restolhos de slogans socialistas com uma adesão custosa e desconfiada ao nosso subcapitalismo, a não ser nas regras 'macro' que FHC deixou, em que Lula, por instinto, não mexe.

Essa ambigüidade paralisa processos e projetos. Nosso Estado quebrado não pode fazer 'desenvolvimentismo' e a desconfiança congênita na iniciativa privada impede o crescimento. Só respeitam os bancos e os grotões eleitorais. Isso, misturado a uma vaga idéia de 'futuro' que habita a tosca cabeça dos sindicalistas oportunistas e velhos 'bolchevos', cria uma desvalorização do 'aqui e agora', como se o 'presente' fosse algo desprezível. Assim, tudo fica parado no ar, nada sai do papel. As promessas e os anúncios bastam; a realização é supérflua.

Sem falar na infecção do baixo aliancismo - o que faz a roubalheira ser vista quase como um mal necessário e inevitável ('ôba!'), o que permite a predação da República com a consciência limpa.

Também a invasão de cargos técnicos por hordas de sindicalistas sem preparo, ignorantes, gera a infecção da burocracia labiríntica. A confusão mental e a obsessão paranóica da 'conspiração' cria mecanismos de defesa que impedem qualquer eficiência, em nome de uma vigilância contra os inimigos (nós). Assim, nada anda com o passo eficaz do capitalismo. Em dez meses de caos aéreo, com 354 mortos, só agora se tocaram para o óbvio de medidas anunciadas e que, talvez, nem sejam cumpridas. A isso, claro, some-se o caráter preguiçoso e deslumbrado do Lula, que se declina por todos os escalões do Estado, como uma degeneração de qualquer fé ou iniciativa. Se o comandante berra 'dane-se!', todos depõem suas armas. Além de não saber o que fazer, Lula não tem saco para nada. Sua atitude de se colocar acima da política cotidiana desqualifica a própria política, como sendo coisa menor, o que é uma sopa no mel para corruptos e vagabundos.

Por outro lado, como a economia mundial é favorável, temos a impressão de saúde e os danos ficam ocultos, e só ficarão claros com a próxima crise. Em vez de ser usada, a economia mundial está sendo abusada, como uma droga entorpecente. Pela ausência de projetos, resta aos donos atuais do poder manter comprado o apoio das 'massas', com bolsas-família, e aumentar gastos públicos em contratações e falsas iniciativas. Tudo que tinha de ser reformado não o será, pois 'reforma' repugna revolucionários.

É isso aí. Tudo que o governo anterior introduziu e que poderia nos fazer avançar foi paralisado. Estamos diante de um grave retrocesso histórico. A tragédia de Congonhas é uma metáfora sinistra de nosso momento: o avião estava muito veloz para frear e muito lento para arremeter. Como o Brasil. Não só nada avança, como o que antes funcionava está quebrando. Além disso, os germes cruzados com muitas cepas, fortalecidos por décadas de superstições populistas, são muito resistentes. Não há antibiótico conhecido contra esses micróbios. Nenhum, muito menos o PSDB, que morreu, contaminado por si mesmo.



Arnaldo Jabor, carioca nascido em 1940, é cineasta e jornalista, também já foi técnico de som, crítico de teatro, roteirista e diretor de curtas e longas metragens. Na década de 90, por força das circunstâncias ditadas pelo governo Fernando Collor de Mello, que sucateou a produção cinematográfica nacional, Jabor foi obrigado a procurar novos rumos e encontrou no jornalismo o seu ganha-pão. Estreou como colunista de O Globo no final de 1995 e mais tarde levou para a TV Globo, no Jornal Nacional, no Bom Dia Brasil e na Rádio CBN. O estilo irônico e mordaz com que comenta os fatos da atualidade brasileira foi decisivo para o seu grande sucesso junto ao público. Arnaldo Jabor também é colunista do jornal “O Estado de S. Paulo”, além de escrever regularmente para diversos outros jornais do Brasil.



Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo".
Terça-feira, 24 julho de 2007.


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3 comments:

Anonymous said...

Mundo da vaidade. !

Mundo da vaidade que evade a alma humana em todos os sentidos da vida esquecendo que ELE é uma parte deste cosmo sendo representado por um simples grão de areia numa simples molécula da galáctica em expansão da matéria do espírito de DEUS pai.
O homem pode tudo ate que ele seja parado pela força do cosmo onde abita e assim deixara de ser o que ele pensava ser realmente (um simples mortal) não carregando nada a não ser o seu CAR MA que construiu no decorrer do seu tempo em que passou pela terra..

"A vaidade não esta no homem cheio ela não é representada pelo que você possui e sim no vazio da simplicidade de DEUS."

http://ricardoricofil.blogspot.com/

Anonymous said...

Descarga em cima do teflon hoje em Sergipe


já somos 90.300 voltz

viva o povo Sergipano

Anonymous said...

Desordem gerencial compromete infra-estrutura

Governo deixa de executar investimentos que considerou prioritários em energia, transportes e segurança pública

José Casado

Dez meses de uma crise anunciada na aviação civil, com duas tragédias e três centenas e meia de mortos, estão expondo o tamanho da confusão administrativa em que mergulhou o governo Lula.

Essa desordem gerencial, segundo o Tribunal de Contas da União, tornou-se perceptível nas ações em outras áreas vitais da infra-estrutura do país, como transportes, energia, ciência e tecnologia, urbanismo e segurança pública.

O governo começou 2007 sem ter conseguido executar 66% dos projetos de investimentos do setor de transportes, que classificara como prioritários no Orçamento de 2006, de acordo com o TCU.


SAI FORA LUL@!!!

 
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