A PROPÓSITO DE SERVIR
por Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Li, recentemente, que é significativo o número de profissionais militares, em particular os jovens, que estão desistindo da carreira militar.
Capitães, Tenentes e mesmo Sargentos, pelo muito que fazem nas lides castrenses, julgam-se mal remunerados em relação a outros profissionais. Não recebem horas extras, a dedicação é exclusiva, sofrem transferências, e se impõem a uma série de outros ônus, tipificados na carreira, e por demais conhecidos, que nem vale a pena cita-los.
De um modo geral, os atrativos para o ingresso e a permanência na carreira militar permanecem os mesmos. Hoje, como no passado, atraem aos jovens as perspectivas de aventura, de ordem, de ambiente salutar, de disciplina, de segurança e de outros benefícios, como salário digno ou pelo menos adequado, tratamento sanitário, uniforme e alimentação. Além do fato de terem, pretensamente, ingressado numa Instituição apta, preparada e equipada para cumprir suas missões.
Mas, o que estaria faltando?
Basicamente, o problema mais visível é a baixa remuneração. Mas o que dizer da perda do orgulho, de sentir arrefecer a vibração, de ostentar sem motivação sua farda verde oliva, da perda de respeito pelos mais comezinhos princípios da hierarquia, de menosprezar a disciplina ou encará-la como um sacrifício, esquecendo-se da grandeza de obedecer, convictos quanto à justeza, o discernimento e a honorabilidade de seus chefes.
Ah! Os Chefes. Ah! Os nossos Chefes! O quão responsável serão eles pelo desânimo, pelo marasmo, pela lassidão e pela inércia que, implacáveis, se debruçam sobre o nosso Exército, e levam de roldão tantas vocações.
Ah, o exemplo! Ah, a vibração! Ah, o orgulho. Como fazem falta!
É provavel que a desilusão ou falta de profissionalismo militar daqueles que se foram, tenha uma plêiade de motivações. Contudo, que eles sejam felizes, afinal, um bom brasileiro, um correto cidadão, não precisa usar farda.
Por derradeiro, dirijo-me aos que, teimosamente, permanecem na caserna, recordando-lhes um breve trecho de autoria do saudoso General José Moretzsohn, denominado, "A Propósito de Servir":
- "... Ao longo de meus muitos anos de serviço, várias vezes ouvi perguntas assim": "Por que você permanece no Exército?" Com os conhecimentos que possui a vida civil lhe ofereceria, certamente, muitas oportunidades de melhor remuneração. Por que se submete às vicissitudes da vida militar? Por que prefere uma carreira que exige constantes mudanças e readaptações para a sua esposa e seus filhos, que o expõe a crítica, sempre cáustica, dirigida aos militares, que lhe proporciona vencimentos insuficientes para juntar um pecúlio e que, ao fim de 30 ou 40 anos, com um agradecimento formal, lhe oferece o anonimato na reserva, onde seu prestígio e seu posto serão esquecidos?"
"Costumo responder a tais perguntas com três palavras que não poderão ser refutadas – "Gosto desta vida". Assim, ponho fim ao interrogatório, pois gosto não se discute"
"... Sou militar porque, como tal, posso servir melhor a minha Pátria, à minha família e a mim próprio. Não sou movido pela ambição de acumular riquezas."
... "Não vivo sem razão, pois estudo, construo, educo, instruo, assisto, socorro, aproximo, ligo, uno, integro gentes, regiões, Brasis. Não vivo sem razão, pois...
... Se, porém, ao final da jornada, nenhum feito excepcional estiver registrado em meus assentamentos, com não menor amargura embainharei a espada, convicto de haver servido com honra. E de não ter vivido sem razão.
Continuarei a afirmar "Gosto desta vida", aos que me interrogarem, mas a mim próprio, darei resposta que signifique mais do que estas simples palavras".
Afinal: "... alguém precisa ir à frente, porque milhares não vão. Alguém precisa ter raça, porque milhares não têm!"
Àqueles que, galhardamente, permanecem servindo ao nosso Exército e ao nosso Brasil, apesar de tudo – Parabéns pelo heroísmo, dias melhores virão.
por Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Li, recentemente, que é significativo o número de profissionais militares, em particular os jovens, que estão desistindo da carreira militar.
Capitães, Tenentes e mesmo Sargentos, pelo muito que fazem nas lides castrenses, julgam-se mal remunerados em relação a outros profissionais. Não recebem horas extras, a dedicação é exclusiva, sofrem transferências, e se impõem a uma série de outros ônus, tipificados na carreira, e por demais conhecidos, que nem vale a pena cita-los.
De um modo geral, os atrativos para o ingresso e a permanência na carreira militar permanecem os mesmos. Hoje, como no passado, atraem aos jovens as perspectivas de aventura, de ordem, de ambiente salutar, de disciplina, de segurança e de outros benefícios, como salário digno ou pelo menos adequado, tratamento sanitário, uniforme e alimentação. Além do fato de terem, pretensamente, ingressado numa Instituição apta, preparada e equipada para cumprir suas missões.
Mas, o que estaria faltando?
Basicamente, o problema mais visível é a baixa remuneração. Mas o que dizer da perda do orgulho, de sentir arrefecer a vibração, de ostentar sem motivação sua farda verde oliva, da perda de respeito pelos mais comezinhos princípios da hierarquia, de menosprezar a disciplina ou encará-la como um sacrifício, esquecendo-se da grandeza de obedecer, convictos quanto à justeza, o discernimento e a honorabilidade de seus chefes.
Ah! Os Chefes. Ah! Os nossos Chefes! O quão responsável serão eles pelo desânimo, pelo marasmo, pela lassidão e pela inércia que, implacáveis, se debruçam sobre o nosso Exército, e levam de roldão tantas vocações.
Ah, o exemplo! Ah, a vibração! Ah, o orgulho. Como fazem falta!
É provavel que a desilusão ou falta de profissionalismo militar daqueles que se foram, tenha uma plêiade de motivações. Contudo, que eles sejam felizes, afinal, um bom brasileiro, um correto cidadão, não precisa usar farda.
Por derradeiro, dirijo-me aos que, teimosamente, permanecem na caserna, recordando-lhes um breve trecho de autoria do saudoso General José Moretzsohn, denominado, "A Propósito de Servir":
- "... Ao longo de meus muitos anos de serviço, várias vezes ouvi perguntas assim": "Por que você permanece no Exército?" Com os conhecimentos que possui a vida civil lhe ofereceria, certamente, muitas oportunidades de melhor remuneração. Por que se submete às vicissitudes da vida militar? Por que prefere uma carreira que exige constantes mudanças e readaptações para a sua esposa e seus filhos, que o expõe a crítica, sempre cáustica, dirigida aos militares, que lhe proporciona vencimentos insuficientes para juntar um pecúlio e que, ao fim de 30 ou 40 anos, com um agradecimento formal, lhe oferece o anonimato na reserva, onde seu prestígio e seu posto serão esquecidos?"
"Costumo responder a tais perguntas com três palavras que não poderão ser refutadas – "Gosto desta vida". Assim, ponho fim ao interrogatório, pois gosto não se discute"
"... Sou militar porque, como tal, posso servir melhor a minha Pátria, à minha família e a mim próprio. Não sou movido pela ambição de acumular riquezas."
... "Não vivo sem razão, pois estudo, construo, educo, instruo, assisto, socorro, aproximo, ligo, uno, integro gentes, regiões, Brasis. Não vivo sem razão, pois...
... Se, porém, ao final da jornada, nenhum feito excepcional estiver registrado em meus assentamentos, com não menor amargura embainharei a espada, convicto de haver servido com honra. E de não ter vivido sem razão.
Continuarei a afirmar "Gosto desta vida", aos que me interrogarem, mas a mim próprio, darei resposta que signifique mais do que estas simples palavras".
Afinal: "... alguém precisa ir à frente, porque milhares não vão. Alguém precisa ter raça, porque milhares não têm!"
Àqueles que, galhardamente, permanecem servindo ao nosso Exército e ao nosso Brasil, apesar de tudo – Parabéns pelo heroísmo, dias melhores virão.
Valmir Fonseca Azevedo Pereira é General-de-Brigada do Exército Brasileiro.
Publicado no site "Ternuma – Terrorismo Nunca Mais".
Terça-feira, 04 de dezembro de 2007.
http://bootlead.blogspot.com
Gosto desta vida - Gal Valmir Fonseca Azevedo Pereira
O PREÇO DA HONRA – Cel Erildo Lemos
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