PSDB, CPMF E TRAIÇÃO
por Maria Lucia Victor Barbosa
Não faz muito tempo lia-se na imprensa que o PSDB era o verdadeiro e mais forte opositor do PT, o único partido capaz de fazer frente a candidaturas petistas. Afinal, Fernando Henrique Cardoso havia derrotado Luiz Inácio duas vezes, o Plano Real fora um êxito entre tantas tentativas frustradas de outros governantes para acabar com o malefício da inflação, a política econômica trouxera a estabilidade desejada, os projetos sociais funcionaram e no exterior FHC foi considerado um estadista, ajudando a melhorar a imagem do Brasil. E não se pode negar que nos mandatos presidenciais do PSDB houve elevação do nível de vida dos brasileiros, uma vez que a contenção da inflação possibilitou o acesso a bens antes impossíveis de serem adquiridos. Com isso diminui a distância entre ricos e pobres, e a sociedade pode fazer planos para o futuro, pois a inflação já nos corroia os salários.
Naturalmente todo governo comete erros e FHC, por exemplo, errou ao dar início ao sucateamento das Forças Armadas. Como Luiz Inácio seguiu no mesmo rumo estamos vulneráveis militarmente enquanto o coronel Hugo Chávez tem o maior e mais forte exército latino-americano. Agora, já em segundo mandato, LILS promete reaparelhar as FFAA com investimentos feitos em suaves prestações diluídas em muitos anos, mas nada garante que mais uma de suas promessas será cumprida.
Em resumo, com suas atitudes, incluindo a de colocar no Ministério da Defesa não mais um militar, mas um civil, Fernando Henrique atraiu para si o ódio das Forças Armadas. Estas se voltaram para Luiz Inácio e ajudaram com seus votos a elegê-lo. No atual governo, com exceção de grupos militares da reserva, as FFAA parecem cooptadas não obstante as humilhações sofridas (entre outras, Luiz Inácio chamou os militares de bando de sem-pólvora), as promessas não cumpridas, os baixos soldos.
FHC errou também quando manobrou para instituir o segundo mandato, quando investiu em gás na Bolívia e não no Brasil. E errou feio ao sempre ajudar LILS em vez de fazer de seu partido o baluarte de uma verdadeira e enérgica oposição.
Durante oito anos de mandato Fernando Henrique sofreu oposição implacável, estridente e stalinista dos petistas que não se cansavam de gritar de forma histérica: “fora, FHC”. Mesmo assim, na quarta campanha de Luiz Inácio, quando este disputou com José Serra, disse que se seu candidato não chegasse ao segundo turno votaria no postulante do PT.
Uma vez consumada a vitória petista, FHC promoveu a chamada transição, ou seja: colocou à disposição da futura equipe de Luiz Inácio sua própria equipe que tentou ensinar aos despreparados petistas como se governa. Não contente, colocou no ministério da Fazenda seus técnicos mais preparados, os quais fizeram a fama de Antonio Palocci que parece não entender nem de medicina. A ajuda substancial foi chamada de “herança maldita” pelo PT, mas copiada de modo mais ortodoxo, e isso, mais condições favoráveis externas, manteve o Brasil no rumo certo e fez as glórias de Luiz Inácio que costuma apresentar as conquistas alheias como suas, e seus erros apenas como conseqüência dos desacertos dos outros.
Antes de ser empossado Luiz Inácio pediu a FHC que enviasse um navio com combustível para a Venezuela. O objetivo era o de torpedear a greve dos petroleiros daquele país que se insurgiam contra Hugo Chávez. Pedido atendido, o navio partiu.
Note-se, também, que os parlamentares do PSDB, autodenominando-se de “oposição responsável”, votaram tudo que o Executivo enviou ao Congresso, especialmente no primeiro ano do primeiro mandato de LILS. E quando as CPIs desencadeadas pelo deputado Roberto Jefferson mostraram que o rei estava nu, FHC não deixou que se pedisse o impeachment do presidente, alegando que era preciso deixá-lo sangrando para enfraquecê-lo e depois vencê-lo. Com isso salvou o amigo e lhe proporcionou o segundo mandato.
Recorde-se ainda, que na última campanha presidencial o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, foi cristianizado, ou seja, traído por seu próprio partido, o que possibilitou a vitória de Luiz Inácio.
Agora se trama o apoio que pode ser o derradeiro, pois se afigura como um suicídio político: Tucanos de alta plumagem, notadamente os governadores Aécio Neves (MG), José Serra (SP) e o trio Arthur Virgílio, Tasso Gereissati e Sérgio Guerra querem impor aos parlamentares de um PSDB dividido o voto pela continuidade da famigerada CPMF.
Se prevalecer o apoio tucano se configurará a mais alta traição aos eleitores que confiaram em candidatos do PSDB. Nesse caso, melhor será o partido se dissolver e engrossar as fileiras do PT. Que pensem nisso os parlamentares que deveriam ser oposição e que muito têm deixado a desejar nesse sentido.
Maria Lucia Victor Barbosa é formada em sociologia e administração pública e tem especialização em ciência política pela Universidade de Brasília. Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais. Começou a escrever em jornais aos 18 anos. Tem artigos publicados no Jornal da Tarde, O Globo, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Gazeta do Povo, O Estado do Paraná e Valor Econômico, entre outros. É autora de cinco livros, incluindo “O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – A Ética da Malandragem” e “América Latina – Em busca do Paraíso Perdido”.
E-mail: mlucia@sercomtel.com.br
por Maria Lucia Victor Barbosa
Não faz muito tempo lia-se na imprensa que o PSDB era o verdadeiro e mais forte opositor do PT, o único partido capaz de fazer frente a candidaturas petistas. Afinal, Fernando Henrique Cardoso havia derrotado Luiz Inácio duas vezes, o Plano Real fora um êxito entre tantas tentativas frustradas de outros governantes para acabar com o malefício da inflação, a política econômica trouxera a estabilidade desejada, os projetos sociais funcionaram e no exterior FHC foi considerado um estadista, ajudando a melhorar a imagem do Brasil. E não se pode negar que nos mandatos presidenciais do PSDB houve elevação do nível de vida dos brasileiros, uma vez que a contenção da inflação possibilitou o acesso a bens antes impossíveis de serem adquiridos. Com isso diminui a distância entre ricos e pobres, e a sociedade pode fazer planos para o futuro, pois a inflação já nos corroia os salários.
Naturalmente todo governo comete erros e FHC, por exemplo, errou ao dar início ao sucateamento das Forças Armadas. Como Luiz Inácio seguiu no mesmo rumo estamos vulneráveis militarmente enquanto o coronel Hugo Chávez tem o maior e mais forte exército latino-americano. Agora, já em segundo mandato, LILS promete reaparelhar as FFAA com investimentos feitos em suaves prestações diluídas em muitos anos, mas nada garante que mais uma de suas promessas será cumprida.
Em resumo, com suas atitudes, incluindo a de colocar no Ministério da Defesa não mais um militar, mas um civil, Fernando Henrique atraiu para si o ódio das Forças Armadas. Estas se voltaram para Luiz Inácio e ajudaram com seus votos a elegê-lo. No atual governo, com exceção de grupos militares da reserva, as FFAA parecem cooptadas não obstante as humilhações sofridas (entre outras, Luiz Inácio chamou os militares de bando de sem-pólvora), as promessas não cumpridas, os baixos soldos.
FHC errou também quando manobrou para instituir o segundo mandato, quando investiu em gás na Bolívia e não no Brasil. E errou feio ao sempre ajudar LILS em vez de fazer de seu partido o baluarte de uma verdadeira e enérgica oposição.
Durante oito anos de mandato Fernando Henrique sofreu oposição implacável, estridente e stalinista dos petistas que não se cansavam de gritar de forma histérica: “fora, FHC”. Mesmo assim, na quarta campanha de Luiz Inácio, quando este disputou com José Serra, disse que se seu candidato não chegasse ao segundo turno votaria no postulante do PT.
Uma vez consumada a vitória petista, FHC promoveu a chamada transição, ou seja: colocou à disposição da futura equipe de Luiz Inácio sua própria equipe que tentou ensinar aos despreparados petistas como se governa. Não contente, colocou no ministério da Fazenda seus técnicos mais preparados, os quais fizeram a fama de Antonio Palocci que parece não entender nem de medicina. A ajuda substancial foi chamada de “herança maldita” pelo PT, mas copiada de modo mais ortodoxo, e isso, mais condições favoráveis externas, manteve o Brasil no rumo certo e fez as glórias de Luiz Inácio que costuma apresentar as conquistas alheias como suas, e seus erros apenas como conseqüência dos desacertos dos outros.
Antes de ser empossado Luiz Inácio pediu a FHC que enviasse um navio com combustível para a Venezuela. O objetivo era o de torpedear a greve dos petroleiros daquele país que se insurgiam contra Hugo Chávez. Pedido atendido, o navio partiu.
Note-se, também, que os parlamentares do PSDB, autodenominando-se de “oposição responsável”, votaram tudo que o Executivo enviou ao Congresso, especialmente no primeiro ano do primeiro mandato de LILS. E quando as CPIs desencadeadas pelo deputado Roberto Jefferson mostraram que o rei estava nu, FHC não deixou que se pedisse o impeachment do presidente, alegando que era preciso deixá-lo sangrando para enfraquecê-lo e depois vencê-lo. Com isso salvou o amigo e lhe proporcionou o segundo mandato.
Recorde-se ainda, que na última campanha presidencial o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, foi cristianizado, ou seja, traído por seu próprio partido, o que possibilitou a vitória de Luiz Inácio.
Agora se trama o apoio que pode ser o derradeiro, pois se afigura como um suicídio político: Tucanos de alta plumagem, notadamente os governadores Aécio Neves (MG), José Serra (SP) e o trio Arthur Virgílio, Tasso Gereissati e Sérgio Guerra querem impor aos parlamentares de um PSDB dividido o voto pela continuidade da famigerada CPMF.
Se prevalecer o apoio tucano se configurará a mais alta traição aos eleitores que confiaram em candidatos do PSDB. Nesse caso, melhor será o partido se dissolver e engrossar as fileiras do PT. Que pensem nisso os parlamentares que deveriam ser oposição e que muito têm deixado a desejar nesse sentido.
Maria Lucia Victor Barbosa é formada em sociologia e administração pública e tem especialização em ciência política pela Universidade de Brasília. Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais. Começou a escrever em jornais aos 18 anos. Tem artigos publicados no Jornal da Tarde, O Globo, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Gazeta do Povo, O Estado do Paraná e Valor Econômico, entre outros. É autora de cinco livros, incluindo “O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – A Ética da Malandragem” e “América Latina – Em busca do Paraíso Perdido”.
E-mail: mlucia@sercomtel.com.br
Publicado no site "Ternuma – Terrorismo Nunca Mais".
Segunda-feira, 05 de novembro de 2007.
FARINHA DO MESMO SACO
É tudo gente com o mesmo caráter. Geralmente mau.
Bootlead
http://bootlead.blogspot.com
Riso hoje, choro amanhã
1 comment:
Senhores não posso confirmar se sim ou se não, mas uma coisa eu tenho certeza: " Partido, não é capaz de mostrar como as pessoas realmente são."
Se for olhar para esse lado, pode-se dizer que todos os partidos são do mesmo saco, sempre há pessoas corrupitas olhando o dinheiro do povo.
-> A REPUTAÇÃO DO PARTIDO É FEITA POR PESSOAS, E COMO TODOS SABEM, AS PESSOAS NÃO SÃO IGUAIS.
Post a Comment