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Aproveitando o "ensejo": Uma pequena "homenagem" à Saramago.
A dança de Lula com os déspotas
por Mary O'Grady
"O presidente do Brasil está preservando a lamentável imagem do seu país como a de um país ressentido, um "cãozinho pentelho" (ankle-biter) do Terceiro Mundo.
É muito provável que não leve muito tempo para todos nós sermos expulsos do Jardim do Éden que o Brasil vem sonhando depois que se tornou um país sério e um "global player" no cenário mundial. Agora, justo quando parecia que o eterno sonho brasileiro estava prestes a se tornar realidade, o presidente Lula consegue transformar uma vitória em uma derrota.
O Brasil pode estar ganhando algum respeito na frente econômica e monetária, mas quando se trata de liderança geopolítica, o Sr. da Silva está fazendo um trabalho extraordinário para preservar a imagem de um país ressentido, um "cãozinho pentelho" (ankle-biter) do Terceiro Mundo.
O mais recente exemplo de como o Brasil ainda não está preparado para o horário nobre dos círculos internacionais aconteceu na semana passada, quando o país votou contra sanções ao Irã no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Turquia foi o parceiro solitário do Brasil neste episódio constrangedor. Mas a Turquia, pelo menos pode culpar a complexidade de suas raízes muçulmanas. Lula está jogando a reputação do Brasil na lama para sua própria satisfação política.
O Brasil defendeu seu voto nas Nações Unidas, fundamentado no motivo que as sanções "muito provavelmente levarão ao sofrimento o povo do Irã e jogará nas mãos daqueles que, de ambos os lados, não querem que o diálogo prevaleça". Desenrole essa afirmação e não há nenhum conteúdo. As sanções são dirigidas, não contra os civis, mas às ambições iranianas de proliferação nuclear e de mísseis. Quanto ao "diálogo", deveria ser óbvio, que agora, o que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad precisa é de um pouco menos de conversa-fiada.
Embora o Brasil tenha considerado que o seu voto foi uma posição de princípios em defesa do que seria considerado justo, sem dúvida mudou rapidamente. Depois de lançar suspeitas sobre as sanções, rapidamente anunciou que iria honrá-las. Isso sugere que ainda pode estar avaliando o diminuto retorno causado pela sua lunática política externa.
O Partido dos Trabalhadores de Lula é da esquerda inflexível, mas ninguém deve confundi-lo com um comitista bolchevique. Ele é apenas um político esperto que veio das ruas (do povão) e ama o poder e as limusines ("pobre gosta de luxo" – Joãozinho Trinta). Como primeiro presidente do Brasil pelo Partido dos Trabalhadores, ele teve que equilibrar-se entre as coisas úteis que aprendeu sobre mercados e restrições monetárias, em oposição à ideologia de sua base partidária.
Foto: O presidente do Brasil Lula da Silva, com o cruel iraniano Mahmud Ahmadinejad (Teerã 16 de maio).
Sua resposta a este dilema tem sido a de utilizar o seu Ministério das Relações Exteriores — onde a burocracia do serviço de assuntos estrangeiros é geneticamente propensa à esquerda e é chefiada pelo notoriamente antiamericano, o intelectual e anticapitalista Celso Amorim — que desse modo pode desenvolver suas credenciais esquerdistas. Com sua amizade com os "não alinhados" fazendo um papel de escudo, ele tem sido capaz de manter os ideólogos coletivistas de fora da economia.
Mas a reputação do Brasil como um líder entre as economias emergentes têm sofrido grandemente. Para satisfazer a esquerda, foi necessário que Lula defendesse e glorificasse os seus (da esquerda) heróis, que são alguns dos mais notórios violadores dos direitos humanos do planeta.
Uma revisão de seus dois mandatos na presidência revelam uma tendência para defender déspotas e denegrir democratas. O repressivo governo iraniano é apenas o exemplo mais recente. Há também o apoio incondicional de Lula para a ditadura de Cuba e da Venezuela de Hugo Chávez. Em fevereiro, Cuba permitiu que o dissidente político Orlando Zapata morresse de fome, na mesma semana em que Lula chegou à ilha-colônia de escravos para comemorar com os irmãos Castro. Quando perguntado pela imprensa sobre Zapata, Lula desqualificou a sua morte, como mais uma das muitas greves de fome na história que são ignoradas pelo mundo. Ele obviamente nunca ouviu falar do militante irlandês Bobby Sands.
Lula também sustentou o Sr. Chávez quando ele tem destruiu as instituições democráticas em seu país e colaborou com o tráfico de drogas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Um Brasil maduro teria usado sua influência para liderar uma resistência contra o terrorismo patrocinado pelo Estado. Mas, sob a analise de custo-benefício da política de Lula, vítimas da violência das FARC não contam.
Os hondurenhos também não se saíram nada bem durante a jornada de Lula no poder. O Brasil consumiu uma boa parte do ano passado, tentando forçar o país a restabelecer o presidente deposto Manuel Zelaya, apesar de ele ter sido removido do governo por civis, por ter violado a Constituição. As ações do Brasil, inclusive acolhendo o Sr. Zelaya na embaixada do Brasil por meses, criou imensas dificuldades econômicas para os hondurenhos.
Na semana passada, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, solicitou o retorno de Honduras à Organização dos Estados Americanos (OEA), observando que o país realizou uma eleição e voltou à normalidade. O Brasil se opôs. "O retorno Honduras à OEA deve estar ligado a meios específicos para garantir a redemocratização e o restabelecimento de direitos fundamentais", disse o atual Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Antonio de Aguiar Patriota. Uma reparação ao Brasil: Não quiseram dizer Cuba?
O Brasil vai realizar eleições presidenciais em outubro e, apesar da popularidade com que Lula vai deixar o cargo, não há garantias que a candidata do Partido dos Trabalhadores venha a ser eleita. Então, ele agora está alimentando a sua base partidária com carne crua (sanguinariamente), agarrando-se às mãos do Sr. Ahmadinejad e votando contra o Tio Sam.
Será que vai funcionar? Muita coisa vai depender se aqueles brasileiros que o vêem como quem desperdiçou as chances de uma nação emergente, ser mais numerosa do que aqueles que apóiam a sua dança com os déspotas. Como advertiu o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, a política de Lula tem levado o Brasil "de lado a lado", mas não está muito claro se os brasileiros estão de acordo com tudo isso.
O Brasil pode estar ganhando algum respeito na frente econômica e monetária, mas quando se trata de liderança geopolítica, o Sr. da Silva está fazendo um trabalho extraordinário para preservar a imagem de um país ressentido, um "cãozinho pentelho" (ankle-biter) do Terceiro Mundo.
O mais recente exemplo de como o Brasil ainda não está preparado para o horário nobre dos círculos internacionais aconteceu na semana passada, quando o país votou contra sanções ao Irã no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Turquia foi o parceiro solitário do Brasil neste episódio constrangedor. Mas a Turquia, pelo menos pode culpar a complexidade de suas raízes muçulmanas. Lula está jogando a reputação do Brasil na lama para sua própria satisfação política.
O Brasil defendeu seu voto nas Nações Unidas, fundamentado no motivo que as sanções "muito provavelmente levarão ao sofrimento o povo do Irã e jogará nas mãos daqueles que, de ambos os lados, não querem que o diálogo prevaleça". Desenrole essa afirmação e não há nenhum conteúdo. As sanções são dirigidas, não contra os civis, mas às ambições iranianas de proliferação nuclear e de mísseis. Quanto ao "diálogo", deveria ser óbvio, que agora, o que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad precisa é de um pouco menos de conversa-fiada.
Embora o Brasil tenha considerado que o seu voto foi uma posição de princípios em defesa do que seria considerado justo, sem dúvida mudou rapidamente. Depois de lançar suspeitas sobre as sanções, rapidamente anunciou que iria honrá-las. Isso sugere que ainda pode estar avaliando o diminuto retorno causado pela sua lunática política externa.
O Partido dos Trabalhadores de Lula é da esquerda inflexível, mas ninguém deve confundi-lo com um comitista bolchevique. Ele é apenas um político esperto que veio das ruas (do povão) e ama o poder e as limusines ("pobre gosta de luxo" – Joãozinho Trinta). Como primeiro presidente do Brasil pelo Partido dos Trabalhadores, ele teve que equilibrar-se entre as coisas úteis que aprendeu sobre mercados e restrições monetárias, em oposição à ideologia de sua base partidária.
Foto: O presidente do Brasil Lula da Silva, com o cruel iraniano Mahmud Ahmadinejad (Teerã 16 de maio).
Sua resposta a este dilema tem sido a de utilizar o seu Ministério das Relações Exteriores — onde a burocracia do serviço de assuntos estrangeiros é geneticamente propensa à esquerda e é chefiada pelo notoriamente antiamericano, o intelectual e anticapitalista Celso Amorim — que desse modo pode desenvolver suas credenciais esquerdistas. Com sua amizade com os "não alinhados" fazendo um papel de escudo, ele tem sido capaz de manter os ideólogos coletivistas de fora da economia.
Mas a reputação do Brasil como um líder entre as economias emergentes têm sofrido grandemente. Para satisfazer a esquerda, foi necessário que Lula defendesse e glorificasse os seus (da esquerda) heróis, que são alguns dos mais notórios violadores dos direitos humanos do planeta.
Uma revisão de seus dois mandatos na presidência revelam uma tendência para defender déspotas e denegrir democratas. O repressivo governo iraniano é apenas o exemplo mais recente. Há também o apoio incondicional de Lula para a ditadura de Cuba e da Venezuela de Hugo Chávez. Em fevereiro, Cuba permitiu que o dissidente político Orlando Zapata morresse de fome, na mesma semana em que Lula chegou à ilha-colônia de escravos para comemorar com os irmãos Castro. Quando perguntado pela imprensa sobre Zapata, Lula desqualificou a sua morte, como mais uma das muitas greves de fome na história que são ignoradas pelo mundo. Ele obviamente nunca ouviu falar do militante irlandês Bobby Sands.
Lula também sustentou o Sr. Chávez quando ele tem destruiu as instituições democráticas em seu país e colaborou com o tráfico de drogas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Um Brasil maduro teria usado sua influência para liderar uma resistência contra o terrorismo patrocinado pelo Estado. Mas, sob a analise de custo-benefício da política de Lula, vítimas da violência das FARC não contam.
Os hondurenhos também não se saíram nada bem durante a jornada de Lula no poder. O Brasil consumiu uma boa parte do ano passado, tentando forçar o país a restabelecer o presidente deposto Manuel Zelaya, apesar de ele ter sido removido do governo por civis, por ter violado a Constituição. As ações do Brasil, inclusive acolhendo o Sr. Zelaya na embaixada do Brasil por meses, criou imensas dificuldades econômicas para os hondurenhos.
Na semana passada, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, solicitou o retorno de Honduras à Organização dos Estados Americanos (OEA), observando que o país realizou uma eleição e voltou à normalidade. O Brasil se opôs. "O retorno Honduras à OEA deve estar ligado a meios específicos para garantir a redemocratização e o restabelecimento de direitos fundamentais", disse o atual Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Antonio de Aguiar Patriota. Uma reparação ao Brasil: Não quiseram dizer Cuba?
O Brasil vai realizar eleições presidenciais em outubro e, apesar da popularidade com que Lula vai deixar o cargo, não há garantias que a candidata do Partido dos Trabalhadores venha a ser eleita. Então, ele agora está alimentando a sua base partidária com carne crua (sanguinariamente), agarrando-se às mãos do Sr. Ahmadinejad e votando contra o Tio Sam.
Será que vai funcionar? Muita coisa vai depender se aqueles brasileiros que o vêem como quem desperdiçou as chances de uma nação emergente, ser mais numerosa do que aqueles que apóiam a sua dança com os déspotas. Como advertiu o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, a política de Lula tem levado o Brasil "de lado a lado", mas não está muito claro se os brasileiros estão de acordo com tudo isso.
Tradução: Bootlead
Mary Anastasia O'Grady é membro do conselho editorial do The Wall Street Journal e escreve colunas e editoriais sobre a América Latina, comércio e economia internacional. Ela também é editora de "As Américas", uma coluna semanal que é exibida toda segunda-feira e trata de política, economia e negócios na América Latina e Canadá. Mary O'Grady ligou-se ao jornal em agosto de 1995 e tornou-se uma redatora sênior da editoria em dezembro de 1999. Em 2009, Mary O'Grady recebeu o "Prêmio Thomas Jefferson" da Associação de Empresas Privadas de Educação, em 2005, Mary ganhou o "Prêmio Bastiat de Jornalismo" concedido pela International Policy Network por seus artigos sobre o Banco Mundial, a economia subterrânea no Brasil e sobre os maus conselhos económicos que os E.U.A. muitas vezes propõe aos países da América Latina, em 1997 foi a vencedora do "Prêmio Inter American Press Association's Daily Gleaner" por seus editoriais e em 1999 recebeu uma menção honrosa do "Prêmio Excelência em Jornalismo" na categoria "Opinião" da Sociedade Interamericana de Opinião (SIP-IAPA). Mary O'Grady, nasceu em Bryn Mawr-PA, é bacharela em Inglês pelo Assumption College e possui MBA em gestão financeira pela Pace University. E-mail: O'Grady@wsj.com
Publicado no "The Wall Street Journal" – (Opinião: As Américas).
Segunda-feira, 14 de junho de 2010.
WSJ.com Network – Jornal Opinião: O Brasil é antiamericano?
Mary O'Grady conversa com o apresentador Dan Henninger sobre o crescimento dos laços de Lula com o Irã e o que isso pode significar para as relações do Brasil com os Estados Unidos. Edição de 11 de junho de 2010.
(em inglês)
(em inglês)
ENFIM JUNTOS… NO INFERNO! DE ONDE NUNCA DEVERIAM TER SAÍDO.
O judeu de Bethesda – Claudio de Moura Castro
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