Otimismo na tempestade – Lula acha que doente em estado grave não deve ouvir más notícias
por Augusto Nunes
"Você é feliz?", perguntou o jornalista a Tonia Carrero. "Sou", fez uma ligeiríssima pausa a grande atriz. "Várias vezes ao dia". Bela, talentosa, vencedora, rica, bem-sucedida – o que estaria faltando a essa rainha dos palcos? Nada. Ocorre que Tonia pensa. Quem tem a cabeça em bom estado, e não concede férias ao cérebro, sabe que não existe a dor que nunca passa, mas não se pode ser feliz o tempo inteiro. É assim com as pessoas. É assim, por conseqüência, com os países.
Não no Brasil, ressalvam os resultados da pesquisa divulgada na quinta-feira pelo Datafolha. O governo Lula é considerado ótimo ou bom por 70% dos entrevistados – o maior índice obtido por um presidente desde o fim da ditadura. O levantamento também garante que 61% estão plenamente satisfeitos com a situação econômica e 78% acreditam que a vida vai ficar ainda melhor em 2009.
"Os brasileiros ainda não sentiram os efeitos da crise econômica", acha Mauro Paulino, diretor do Datafolha. Segundo a pesquisa, 72% sabem, bem ou mal, que problemas financeiros andam tirando o sono de muita gente. Longe daqui.
Já faz algum tempo, Lula deu por resolvidos problemas acumulados em cinco séculos de incompetência, avisou que logo cuidaria do pouco que restava, comunicou que nunca antes neste país houve um governante tão formidável e ordenou ao Brasil que fosse feliz todos os dias.
Quem tem motivos para viver em estado de graça no paraíso que Deus poupou de catástrofes naturais e Lula blindou contra desastres econômicos? Só os napoleões de hospício, os que babam na gravata e os que acordam e dormem torcendo pelo insucesso do ex-operário genial.
A seqüência de pesquisas avisa que a tribo hoje não passa de 7% e caminha para a extinção. Em contrapartida, a grande maioria acatou a decretação da felicidade permanente e resolveu ficar mais feliz sempre que se conjugam um claro sinal de perigo e uma maluquice do Grande Pastor.
A marca dos 70% foi alcançada ao fim dos três dias em que Lula jurou que haverá emprego para todos e a Vale demitiu 1.300. Lula explicou que a crise vai fortalecer o Brasil, embora a inflação tenha ficado mais musculosa. Deve-se presumir que, graças à medonha conjunção dos astros ocorrida na quinta-feira, a próxima pesquisa acusará outro salto no índice de popularidade. Excitado com a cavalgada do dólar, uma das muitas evidências de que a marolinha quer ser tsunami quando crescer, Lula fundiu a indigência intelectual com o apreço pela vulgaridade e foi à luta.
"Quando o mercado tem uma dor de barriga, e nesse caso foi uma diarréia braba, quem é chamado? O Estado", berrou no meio do improviso. Em seguida, incorporou um médico examinando o doente em estado grave para justificar o otimismo inabalável. "O que você fala? Dos avanços da medicina ou olha pra ele e diz: meu, sifu?". Sabe-se agora que o doutor Lula acha que o Brasil sifu. Só não conta para não apavorar o doente.
Se reincidir nessas metáforas numa semana ruim, os brasileiros passarão da felicidade à euforia. E Lula chegará aos 100%.
Não no Brasil, ressalvam os resultados da pesquisa divulgada na quinta-feira pelo Datafolha. O governo Lula é considerado ótimo ou bom por 70% dos entrevistados – o maior índice obtido por um presidente desde o fim da ditadura. O levantamento também garante que 61% estão plenamente satisfeitos com a situação econômica e 78% acreditam que a vida vai ficar ainda melhor em 2009.
"Os brasileiros ainda não sentiram os efeitos da crise econômica", acha Mauro Paulino, diretor do Datafolha. Segundo a pesquisa, 72% sabem, bem ou mal, que problemas financeiros andam tirando o sono de muita gente. Longe daqui.
Já faz algum tempo, Lula deu por resolvidos problemas acumulados em cinco séculos de incompetência, avisou que logo cuidaria do pouco que restava, comunicou que nunca antes neste país houve um governante tão formidável e ordenou ao Brasil que fosse feliz todos os dias.
Quem tem motivos para viver em estado de graça no paraíso que Deus poupou de catástrofes naturais e Lula blindou contra desastres econômicos? Só os napoleões de hospício, os que babam na gravata e os que acordam e dormem torcendo pelo insucesso do ex-operário genial.
A seqüência de pesquisas avisa que a tribo hoje não passa de 7% e caminha para a extinção. Em contrapartida, a grande maioria acatou a decretação da felicidade permanente e resolveu ficar mais feliz sempre que se conjugam um claro sinal de perigo e uma maluquice do Grande Pastor.
A marca dos 70% foi alcançada ao fim dos três dias em que Lula jurou que haverá emprego para todos e a Vale demitiu 1.300. Lula explicou que a crise vai fortalecer o Brasil, embora a inflação tenha ficado mais musculosa. Deve-se presumir que, graças à medonha conjunção dos astros ocorrida na quinta-feira, a próxima pesquisa acusará outro salto no índice de popularidade. Excitado com a cavalgada do dólar, uma das muitas evidências de que a marolinha quer ser tsunami quando crescer, Lula fundiu a indigência intelectual com o apreço pela vulgaridade e foi à luta.
"Quando o mercado tem uma dor de barriga, e nesse caso foi uma diarréia braba, quem é chamado? O Estado", berrou no meio do improviso. Em seguida, incorporou um médico examinando o doente em estado grave para justificar o otimismo inabalável. "O que você fala? Dos avanços da medicina ou olha pra ele e diz: meu, sifu?". Sabe-se agora que o doutor Lula acha que o Brasil sifu. Só não conta para não apavorar o doente.
Se reincidir nessas metáforas numa semana ruim, os brasileiros passarão da felicidade à euforia. E Lula chegará aos 100%.
Augusto Nunes da Silva é jornalista, nascido em Taquaritinga, interior de S. Paulo, foi redator-chefe da revista Veja, diretor de redação das revistas Época e Forbes e dos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e Zero Hora. Foi também apresentador do programa Roda Vida, da TV Cultura. Augusto Nunes escreveu diversos livros, entre os quais: "Minha Razão de Viver - Memórias de um Repórter" (livro de memórias de Samuel Wainer), "Tancredo" (biografia de Tancredo Neves), "O Reformador: um Perfil do Deputado Luís Eduardo Magalhães" e "A Esperança Estilhaçada", sobre a atual crise política, entre outros. É um dos personagens do livro "Eles Mudaram a Imprensa", da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que selecionou os seis jornalistas mais inovadores dos últimos 30 anos, além de ter ganho por quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo. Atualmente é colunista do Jornal do Brasil e do jornal Gazeta Mercantil, além de apresentador do programa "Verso & Reverso" da TVJB.
Publicado no jornal "Jornal do Brasil" (Sete Dias)
Domingo, 07 de dezembro de 2008, 02h00.
PRENÚNCIO DE UMA QUEDA ANUNCIADA?
SEM QUERER QUERENDO, CHÁVEZ ENTREGA O OURO – Bootlead
http://bootlead.blogspot.com
70%??? Está comprovado, esse "povo" come merda... E gosta!
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