Monday, April 06, 2009

Vaidade: homenagem de um palerma ao primeiro imbecil que aparece
(Ambrose Bierce em "Dicionário do Diabo")





































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Lula, o Vira-Lata
por Rodrigo Constantino

"A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose; os admiradores corrompem." Nelson Rodrigues

Era uma vez um vira-lata chamado Lula. Ele vivia catando resto de comida nos lixos, sempre alimentando um forte rancor dos cachorros que levavam uma vida mais confortável. Seu sonho era estar lá, vivendo como aqueles cães esnobes. "Um dia esses cachorros metidos ainda terão que se curvar diante de mim!", ele sonhava. De bobo Lula não tinha nada, e logo ele percebeu que poderia atingir sua meta usando a quantidade de vira-latas a seu favor. Alguns cães ricos e conhecidos como "intelectuais", sob um estranho sentimento de culpa apenas por terem nascidos mais favorecidos, encontraram em Lula a chance de se redimir de todos os "pecados". Foi uma simbiose perfeita!

Enquanto os cães "intelectuais" pregavam que somente o "cão peão" Lula poderia fazer a tão esperada "justiça social", o próprio Lula ia disseminando o ódio aos mais ricos entre seus colegas vira-latas. Todos os males do mundo eram culpa desses "ricos". Se os vira-latas tinham que procurar resto de comida nos lixos, era porque os ricos tinham comida boa todo dia. O ressentimento, somado à ignorância, era o grande aliado de Lula. Por outro lado, sua retórica conquistou tantos adeptos que os cães mais ricos se viram na necessidade de contemporizar. Eles tentaram atrair Lula para seu lado, o que não foi muito difícil. Afinal, Lula sempre gostara da dolce vita dos mais ricos. Bastava oferecer algumas regalias, que Lula seria seduzido facilmente. Ele não teria remorso algum de usar seus seguidores como massa de manobra. As bravatas eram apenas um meio para chegar ao poder.

Mas os cachorros mais ricos subestimaram a sede de poder do vira-lata Lula. Ele queria mais que migalhas! Agora que tinha a mão, queria o braço todo. E sabia do poder que tinha com o domínio de todos os vira-latas. Restava apenas conquistar os cachorros da classe média, o que foi feito com a ajuda de um "marqueteiro", que mudou a embalagem de Lula. Corte no pêlo, unhas aparadas, latido mais manso, e o poder estava em suas patas. Uma vez no cargo máximo da política dos cães, todo o ressentimento de antes veio à tona, e o vira-lata quis viver como os reis que invejava. Tecidos importados do Egito, carros oficiais para bichos de estimação, tudo que um rei tem direito e mais um pouco. A República do Vira-Lata custaria mais caro para os pagadores de impostos do que muita monarquia de país rico. Era preciso recuperar o tempo perdido na miséria. E tinham muitos camaradas vira-latas para alimentar.

Só que isso não foi suficiente. A vaidade de Lula parecia mesmo infinita. Restava uma conquista especial: a adulação dos realmente poderosos, os cães que dominavam o baralho mundial. Esses sempre foram usados por Lula como bodes expiatórios para tudo. Um dramaturgo chegou a cunhar o termo "complexo de vira-lata", justamente porque esses cachorros sempre estavam desmerecendo tudo que era proveniente de sua terra, enquanto mantinham uma secreta admiração pelo que vinha de fora. Era uma mistura freudiana de amor e ódio, onde o Tio Sam assume a figura do pai que deve ser morto para libertar seus filhos. Os vira-latas sempre babaram de raiva dos cães "estadunidenses", mas no fundo desejavam ser como eles, ter tudo que eles tinham. Bastava um elogio do líder desses cães para que os vira-latas se derretessem em vaidade.

E foi nessa hora que surgiu em cena um tal de Obama, poderoso líder dos cães mais ricos do planeta. Em um evento global, reunindo os poderosos governantes do mundo, Obama fez um elogio público ao vira-lata Lula, que ficou mais feliz que pinto no lixo. O rabo não parava de abanar, e a euforia era nítida demais para ser contida. Um simples elogio, e seu efeito era mais poderoso que qualquer entorpecente. "Nunca antes na história desse país", repetiam os seguidores de Lula, ignorando que um ex-líder americano fizera um grande elogio por escrito, em sua autobiografia, ao ex-líder dos vira-latas. Mas quem vai estragar o prazer dos vira-latas? Trata-se de um momento único para eles. O regozijo é total.

Nota-se que muito pouco é suficiente, de fato, para agradar um cão muito vaidoso. Basta que o mais poderoso cão do mundo, cujo cargo antes fora alvo de infindáveis ataques por parte dos vira-latas, faça um único elogio, diga "esse é meu cãozinho!". Depois disso, qualquer comando será obedecido. Obama pode jogar um osso e gritar: "Lula, pega!", e o complexo de vira-lata garantirá um resultado extraordinário. Afinal, como disse Norman Vincent, "o mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica". Isso é verdade em dobro quando se trata de um vira-lata extremamente vaidoso.

PS: O filósofo Adam Smith, em Teoria dos Sentimentos Morais, tinha algo importante a dizer sobre isso tudo: "Nas cortes de príncipes, nos salões dos grandes, onde sucesso e privilégios dependem, não da estima de inteligentes e bem informados iguais, mas do favor fantasioso e tolo de presunçosos e arrogantes superiores ignorantes; a adulação e falsidade muito freqüentemente prevalecem sobre mérito e habilidades. Em tais círculos sociais, as habilidades em agradar são mais consideradas do que as habilidades em servir".


Rodrigo Constantino nasceu no Rio de Janeiro em 1976. É formado em Economia pela PUC-RJ e tem MBA de Finanças pelo IBMEC. Trabalha desde 1997 no mercado financeiro, como analista de empresas e depois gestor de recursos. É autor de quatro livros: "Prisioneiros da Liberdade", "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT", "Egoísmo Racional: O Individualismo de Ayn Rand", e "Uma Luz na Escuridão". É membro-fundador do Instituto Millenium e diretor do Instituto Liberal no RJ. Escreve artigos para diversos sites, como Diego Casagrande e Parlata, e para as revistas Voto e Ponto de Vista, assim como para o caderno Eu&Investimentos do Jornal Valor, também é editor do blog "Rodrigo Constantino ".
E-mail: constantino.rodrigo@gmail.com



Publicado no blog "Rodrigo Constantino".
Sábado, 04 de abril de 2009, 09h06.




A vergonha pode nos trazer sabedoria – Arnaldo Jabor





3 comments:

Em Cena said...

Boot, sensacional.

Anonymous said...

Fora de série esse texto. A verdade dói e é feia.

flávia said...

Adorei o vídeo,e o texto é perfeito...Parabéns.Ele deve estar acreditando que realmente 'o cara'.Ele sabe do seu acentuado complexo de inferioridade,e nem liga do escrachado sarro tirado em cima de Lula pelo Obama. "This is my man right here",que significa algo como "este aqui é o meu camarada",pode ser até mesmo ser traduzido para os animais irracionais.

Abraço.
PS:Você escreve super bem.

 
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