A INVISÍVEL METADE
por Percival Puggina
No momento em que escrevo este artigo, a valerem as pesquisas de opinião que vêm sendo divulgadas, metade dos eleitores brasileiros vota em Lula. Não sou exatamente um ermitão morador do alto da montanha, nutrindo-me ali de ervas e ovos tomados aos ninhos das águias. Ao contrário, vivo no meio social, viajo, converso, falo, escrevo e recebo mensagens. Chacrinha dizia que quem não se comunica se trumbica. No meu caso, se me trumbico não é por falta de comunicação. E mesmo sendo e vivendo assim, raramente encontro eleitores de Lula, exceção feita àqueles que se sentem partidariamente obrigados a votar nele.
Surge, por isso, a sensação de que essa metade do Brasil se tornou invisível. Age nas sombras. Leva vida de vampiro. Desaparece aos primeiros sinais da aurora. E de que só os institutos de opinião pública são capazes de encontrá-la e de fazer com que arraste a tampa do túmulo da consciência para confissão de suas intenções. Não estou dizendo que descreio de pesquisa nem que julgo haver alguma escabrosa conspiração para promover a vitória de Lula, inflando seus índices de aceitação. Desculpem-me os que pensam assim, mas parece faltar realismo a tal análise.
O que estou dizendo é que essa metade do Brasil, esses 60 milhões de patrícios existem. Mas se não os vemos, onde estão? Quem são? Se tivermos respostas para essas indagações, descobriremos sua identidade e talvez possamos ficar sabendo, inclusive, por que estão dispostas a cometer tal desatino.
Ironias à parte, a identificação está feita e refeita. Esse eleitorado está distante dos seus e dos meus olhos. Está tão longe do seu e do meu convívio quanto afastado das fontes de conhecimento e informação. Os que têm aparelho de rádio só escutam música caipira. Os que têm TV só assistem a Globo. Jamais lêem bons jornais. Constituem, portanto, nos currais eleitorais onde vivem, presas fáceis (talvez devesse dizer "ainda mais fáceis") dos compradores de votos. São eternos suplicantes no balcão dos favores. São deserdados irmãos nossos que a cada pleito renovam os mandatos dos seus padrinhos, patrões e senhores, elegendo e reelegendo os políticos regionais que os abastecem com restos do banquete do poder. Não é coincidência que a pior metade do Congresso Nacional obtenha deles o seu mandato.
De fato, os congressistas corruptos, os trezentos picaretas que foram atraídos como moscas para a base do governo ao sentirem os odores provenientes do Palácio são representantes dessa metade invisível. Ela, a metade invisível, vai reeleger os piores congressistas da história nacional. E Lula voltará com eles. Como se vê, nada que um bom milagre não resolva.
Surge, por isso, a sensação de que essa metade do Brasil se tornou invisível. Age nas sombras. Leva vida de vampiro. Desaparece aos primeiros sinais da aurora. E de que só os institutos de opinião pública são capazes de encontrá-la e de fazer com que arraste a tampa do túmulo da consciência para confissão de suas intenções. Não estou dizendo que descreio de pesquisa nem que julgo haver alguma escabrosa conspiração para promover a vitória de Lula, inflando seus índices de aceitação. Desculpem-me os que pensam assim, mas parece faltar realismo a tal análise.
O que estou dizendo é que essa metade do Brasil, esses 60 milhões de patrícios existem. Mas se não os vemos, onde estão? Quem são? Se tivermos respostas para essas indagações, descobriremos sua identidade e talvez possamos ficar sabendo, inclusive, por que estão dispostas a cometer tal desatino.
Ironias à parte, a identificação está feita e refeita. Esse eleitorado está distante dos seus e dos meus olhos. Está tão longe do seu e do meu convívio quanto afastado das fontes de conhecimento e informação. Os que têm aparelho de rádio só escutam música caipira. Os que têm TV só assistem a Globo. Jamais lêem bons jornais. Constituem, portanto, nos currais eleitorais onde vivem, presas fáceis (talvez devesse dizer "ainda mais fáceis") dos compradores de votos. São eternos suplicantes no balcão dos favores. São deserdados irmãos nossos que a cada pleito renovam os mandatos dos seus padrinhos, patrões e senhores, elegendo e reelegendo os políticos regionais que os abastecem com restos do banquete do poder. Não é coincidência que a pior metade do Congresso Nacional obtenha deles o seu mandato.
De fato, os congressistas corruptos, os trezentos picaretas que foram atraídos como moscas para a base do governo ao sentirem os odores provenientes do Palácio são representantes dessa metade invisível. Ela, a metade invisível, vai reeleger os piores congressistas da história nacional. E Lula voltará com eles. Como se vê, nada que um bom milagre não resolva.
Percival Puggina é escritor, nascido em Santana do Livramento, RS, em 1944, formou-se em arquitetura pela UFRGS em 1968 e atuou durante 17 anos como técnico e coordenador de projetos do grupo Montreal Engenharia e da Internacional de Engenharia AS. Criou e preside, desde 1996, a Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.
Publicado no site "Percival Puggina".
Segunda-Feira, 28 de agosto de 2006.
http://bootlead.blogspot.com
Milagre - Percival Puggina
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