Como confiar?
por Mauro Chaves
Segundo pesquisa do Instituto Vox Populi, apenas 3% dos brasileiros acham que é possível confiar nos outros. A muitos isso parece estarrecedor, porque nas democracias civilizadas esse porcentual de confiança chega a 65%. Mas encontrar no Brasil três pessoas (em cem) que confiem em algo já seria um portento, dado o volume descomunal de desconfiança que inspiram instituições, Poderes, governos, leis, pessoas públicas, entidades de classe, organizações não-governamentais, veículos de comunicação, campanhas de publicidade, gestões de universidades e tantas coisas mais.
O brasileiro é profundamente desconfiado porque sabe o que lhe acontece quando confia. Como confiar nas leis que permitem a um assassino condenado ser libertado depois de cumprir apenas 1/6 de sua pena - punição que reduz a vida humana a menos de 17% de seu valor? Aliás, por que 1/6 - e não um 1/5, um 1/7 ou 1/10? Será uma homenagem ao número da Besta, já que dividindo 100 por 6 dá 16,666...?
Como confiar no poder público, se altos funcionários, mesmo flagrados, filmados - e exibidos na televisão - no momento em que estão recebendo propinas ou roubando dinheiro público, impetram habeas-corpus e se livram da cadeia, a ela jamais retornando, por "falta de provas"? Como confiar na Justiça, se um sujeito mata premeditada e covardemente a colega ex-namorada pelas costas, dando-lhe outro tiro quando ela já está no chão, confessa o crime, é condenado e fica mais de oito anos livre leve e solto - como está Pimenta Neves?
Como confiar em "medidas socioeducativas" em benefício de facínoras - do tipo Champinha - só "recuperáveis" pela hipocrisia legal que, ao contrário das leis de todos os países do mundo (menos Guiné, Venezuela e Colômbia), estabelece maioridade penal apenas aos 18 anos, como se a capacidade de recebimento de informações e de desenvolvimento de consciência nos jovens de hoje fosse igual à de 70 anos atrás?
Como confiar nas mensagens publicitárias que afirmam que as pessoas podem ser persistentes, batalhadoras, guerreiras, capazes de vencer os obstáculos da vida e permanecer fiéis às suas origens só porque tomam cerveja Brahma - como os "brameiros" Zeca Pagodinho e Carlinhos Brown?
Como confiar nas religiões, se tantas e tantas delas se tornaram gigantescas caixas registradoras de "dízimos", vendendo escandalosamente indulgências pelo rádio e pela televisão, explorando com a máxima falta de escrúpulos a credulidade e a ignorância do povo?
Como confiar na Segurança Pública, se há polícias que matam (até crianças) antes de pedir documentos, enquanto outras fazem vista grossa aos que praticam todo tipo de violência, nas invasões, nos esbulhos, depredações, cárceres privados, saques de pedágios e de caminhões, matança de animais, vandalismos contra sedes de propriedades rurais e laboratórios de experimentação agrícola, como fazem os ditos "movimentos sociais", do tipo MST e assemelhados?
Como confiar numa medicina que chegou ao cúmulo da venalidade, a ponto de médicos falsificarem exames, venderem lugares na fila de transplantes de órgãos, condenando à morte os que não têm condições de satisfazer sua abjeta ganância financeira - como acontece com a fila de transplantes de fígado do Rio de Janeiro?
Como confiar em produtores de alimentos, cujo falta absoluta de escrúpulos os fez adulterar o alimento básico das crianças - o leite -, pondo em risco a saúde dos próprios filhos e netos, misturando ao leite substâncias nocivas ou capazes de reduzir o seu valor nutricional (do tipo soda cáustica, ácido cítrico, citrato de sódio, água, sal, etc.), para aumentar seu volume e o prazo de validade, como é o caso das cooperativas de produtores de leite denunciadas pelo Ministério Público de Uberaba, em Minas Gerais?
Como confiar em intelectuais "idealistas", que lutaram contra a ditadura militar, mas se locupletaram com indenizações inacreditavelmente milionárias, como jamais se viu em país redemocratizado algum do mundo, nem em benefício de vítimas de genocídio?
Como confiar em valores da família, se as famílias são sempre apresentadas, nas "melhores" novelas de televisão, como verdadeiras aberrações antropológicas, sem traços de conexão afetiva, mas apenas como amontoados grupais de golpistas e portadores de ambições criminosas?
Como confiar em relações amorosas consistentes, se a comunicação eletrônica de massas massifica ao máximo o sexo barato, sem qualquer dignidade, banalizando ao extremo as ligações pessoais, a ponto de a sociedade poder ver-se pelo cretino buraco de fechadura dos BBBs da vida?
Como confiar numa internet infestada de grandes falsários, que adulteram textos alheios, violentam conceitos, opiniões e pesquisas, sob a camuflagem covarde do anonimato?
Como confiar na universidade, se importantes docentes permitem - e defendem até quanto podem - um reitor que desviou verbas destinadas à pesquisa científica para um esbanjamento decorativo doméstico, bem sintetizado na compra, com dinheiro público, de latas de lixo de quase R$ 1 mil e saca-rolhas de R$ 849?
Como confiar em organizações não-governamentais, com tanta pilantropia à solta e abnegados de causas "sociais" com bolsos cada vez mais cheios de subsídios governamentais?
Como confiar numa classe política que produz, impunemente, mensaleiros, sanguessugas, vampiros, aloprados, portadores de dólares na cueca e pornográficos cartões corporativos?
Quem souber como confiar em tudo isso é favor melhorar nossas estatísticas - e retirar-se do grupo dos gatos escaldados, formado por 97% da população brasileira.
O brasileiro é profundamente desconfiado porque sabe o que lhe acontece quando confia. Como confiar nas leis que permitem a um assassino condenado ser libertado depois de cumprir apenas 1/6 de sua pena - punição que reduz a vida humana a menos de 17% de seu valor? Aliás, por que 1/6 - e não um 1/5, um 1/7 ou 1/10? Será uma homenagem ao número da Besta, já que dividindo 100 por 6 dá 16,666...?
Como confiar no poder público, se altos funcionários, mesmo flagrados, filmados - e exibidos na televisão - no momento em que estão recebendo propinas ou roubando dinheiro público, impetram habeas-corpus e se livram da cadeia, a ela jamais retornando, por "falta de provas"? Como confiar na Justiça, se um sujeito mata premeditada e covardemente a colega ex-namorada pelas costas, dando-lhe outro tiro quando ela já está no chão, confessa o crime, é condenado e fica mais de oito anos livre leve e solto - como está Pimenta Neves?
Como confiar em "medidas socioeducativas" em benefício de facínoras - do tipo Champinha - só "recuperáveis" pela hipocrisia legal que, ao contrário das leis de todos os países do mundo (menos Guiné, Venezuela e Colômbia), estabelece maioridade penal apenas aos 18 anos, como se a capacidade de recebimento de informações e de desenvolvimento de consciência nos jovens de hoje fosse igual à de 70 anos atrás?
Como confiar nas mensagens publicitárias que afirmam que as pessoas podem ser persistentes, batalhadoras, guerreiras, capazes de vencer os obstáculos da vida e permanecer fiéis às suas origens só porque tomam cerveja Brahma - como os "brameiros" Zeca Pagodinho e Carlinhos Brown?
Como confiar nas religiões, se tantas e tantas delas se tornaram gigantescas caixas registradoras de "dízimos", vendendo escandalosamente indulgências pelo rádio e pela televisão, explorando com a máxima falta de escrúpulos a credulidade e a ignorância do povo?
Como confiar na Segurança Pública, se há polícias que matam (até crianças) antes de pedir documentos, enquanto outras fazem vista grossa aos que praticam todo tipo de violência, nas invasões, nos esbulhos, depredações, cárceres privados, saques de pedágios e de caminhões, matança de animais, vandalismos contra sedes de propriedades rurais e laboratórios de experimentação agrícola, como fazem os ditos "movimentos sociais", do tipo MST e assemelhados?
Como confiar numa medicina que chegou ao cúmulo da venalidade, a ponto de médicos falsificarem exames, venderem lugares na fila de transplantes de órgãos, condenando à morte os que não têm condições de satisfazer sua abjeta ganância financeira - como acontece com a fila de transplantes de fígado do Rio de Janeiro?
Como confiar em produtores de alimentos, cujo falta absoluta de escrúpulos os fez adulterar o alimento básico das crianças - o leite -, pondo em risco a saúde dos próprios filhos e netos, misturando ao leite substâncias nocivas ou capazes de reduzir o seu valor nutricional (do tipo soda cáustica, ácido cítrico, citrato de sódio, água, sal, etc.), para aumentar seu volume e o prazo de validade, como é o caso das cooperativas de produtores de leite denunciadas pelo Ministério Público de Uberaba, em Minas Gerais?
Como confiar em intelectuais "idealistas", que lutaram contra a ditadura militar, mas se locupletaram com indenizações inacreditavelmente milionárias, como jamais se viu em país redemocratizado algum do mundo, nem em benefício de vítimas de genocídio?
Como confiar em valores da família, se as famílias são sempre apresentadas, nas "melhores" novelas de televisão, como verdadeiras aberrações antropológicas, sem traços de conexão afetiva, mas apenas como amontoados grupais de golpistas e portadores de ambições criminosas?
Como confiar em relações amorosas consistentes, se a comunicação eletrônica de massas massifica ao máximo o sexo barato, sem qualquer dignidade, banalizando ao extremo as ligações pessoais, a ponto de a sociedade poder ver-se pelo cretino buraco de fechadura dos BBBs da vida?
Como confiar numa internet infestada de grandes falsários, que adulteram textos alheios, violentam conceitos, opiniões e pesquisas, sob a camuflagem covarde do anonimato?
Como confiar na universidade, se importantes docentes permitem - e defendem até quanto podem - um reitor que desviou verbas destinadas à pesquisa científica para um esbanjamento decorativo doméstico, bem sintetizado na compra, com dinheiro público, de latas de lixo de quase R$ 1 mil e saca-rolhas de R$ 849?
Como confiar em organizações não-governamentais, com tanta pilantropia à solta e abnegados de causas "sociais" com bolsos cada vez mais cheios de subsídios governamentais?
Como confiar numa classe política que produz, impunemente, mensaleiros, sanguessugas, vampiros, aloprados, portadores de dólares na cueca e pornográficos cartões corporativos?
Quem souber como confiar em tudo isso é favor melhorar nossas estatísticas - e retirar-se do grupo dos gatos escaldados, formado por 97% da população brasileira.
Mauro Chaves é formado em Direito, Administração de Empresas, Filosofia, Cinema e Línguas, é jornalista, escritor, autor teatral, compositor e artista plástico. Mauro também é Editorialista e articulista do jornal "O Estado de S. Paulo", desde 1981 e comentarista político da Rede Gazeta de Televisão. Entre seus vários livros publicados, destacam-se "Três Contos Artificiais", "O Dólar Azul" e "Eu não disse?".
E-Mail: mauro.chaves@attglobal.net
E-Mail: mauro.chaves@attglobal.net
Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo".
Sábado, 16 de Agosto de 2008.
QUEM AGÜENTAR VERÁ - O Dia do Juízo Final – Gen Valmir Fonseca Azevedo Pereira
1 comment:
Atenção: Magistrado.
Senhores dos magistrados principalmente os do tribunal superior da justiça.
Prezados senhores: A decisão que foi tomada pelas vossas excelências do S.T.F sobre o uso o não da algema pelos policiais na questão do constrangimento ao cidadão no território nacional, peço que possam refletir profundamente nesta questão, pois os Srs. Estão colocando a vida dos policiais em perigo e transformando a possibilidade do trabalho desses homens a serem desqualificados pelos que estão fora da lei, pois os mesmos se acharão no dever de estarem acima de qualquer suspeita e se tornaram mais audaciosos podendo levar a desgraça daqueles que colocam a própria vida no trabalho duro e agressivo que é a vida do policial, levanto também a questão desse procedimento da algema como desqualificado, pois ira trazer a insatisfação de toda a sociedade como um todo no sentido da descriminação das classes sociais que infelizmente ainda impera no Brasil a pobreza, hoje o povo brasileiro colhe frutos amargos que foram plantado e desenvolvido por pessoas irracionais deixado com influencia na vida brasileira que é a diferença do poder financeiro de falar mais alto, rogo aos senhores do magistrados que lutem e extirpem diferença que ainda existe covardemente do nosso convívio cultural....
(Ricardo ª Filgueiras)
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