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Monday, March 23, 2009

SOB A ÉGIDE DA LEI E DA ORDEM!










































Este país caminha inexoravelmente para a ingovernabilidade, a resultante será o caos, que certamente nos conduzirá a uma guerra civil. Somente com o estabelecimento das premissas "LEI e ORDEM", poderemos ter alguma chance de futuro como nação. Não há necessidade de apontar culpados, todos os brasileiros que não se enquadrem nas categorias de inúteis, autocomplacentes, semi-analfabetos e miseráveis por opção, sabem quem são os verdadeiros traidores da Pátria. Porém a hora é de ação, não podemos mais perder tempo com debates estéreis, depois de salvar-mos o Brasil, "executaremos" o acerto de contas com os "devedores".



GENERAL CESÁRIO E A MÍSTICA DA SACRALIDADE MILITAR
por André F. Falleiro Garcia

A vida humana compõe-se de incontáveis atos rotineiros, nos quais o dia-a-dia profissional ou familiar contribui para o progresso de uma cidade, região ou país. Mas não há apenas essa rotina, quase sempre estafante nos dias atuais. Há momentos especiais, que marcam fases da vida individual ou social, proporcionam um clímax de emoção, revestem de gala pessoas e ambientes.

É o cerimonial que torna sensível a diferença entre uma coisa e outra. As cerimônias emolduram circunstâncias que ficariam banais e se confundiriam com a rotina se não fossem vividas segundo certo ritual.

Celebra-se de forma cerimoniosa o batizado, a colação de grau, o casamento, o enterro. Ou a tomada de posse de um prefeito, governador ou presidente. Nas monarquias a coroação de um rei é coisa estupenda. As cerimônias militares estão entre as mais belas jóias que reluzem na sociedade temporal.

Os adornos, formas, cores e movimentos têm grande importância para valorizar esses atos. Quando as pessoas são vazias de valores, nessas horas ficam cheias apenas de faceirice. Esta, como é inconsistente, proporciona contentamento fugaz que logo desce de clave e busca a hilaridade e a trivialidade, chegando muitas vezes até o vulgar.

Mas se os participantes do cerimonial se voltam para o significado intrínseco daquilo que se passa, então percebem a sacralidade do momento. O acontecimento passa a ter uma dimensão superior. O teto se abre e a ligação com o infinito se estabelece. É o momento da aliança entre o homem que sobe até Deus, e Deus que desce até o homem. Este é o significado da sacralidade. Há uma espécie de superação do presente, que então se acresce do passado e do futuro.

Não compareci à Passagem de Comando realizada no dia 11 de março de 2009 no Salão Nobre do Palácio Duque de Caxias, quando o General-de-Exército Luiz Cesário da Silveira Filho transmitiu o Comando Militar do Leste para o General-de-Exército Rui Alves Catão.

Mas posso avaliar o alto significado do ato e a grandeza de espírito de seus participantes através das palavras pronunciadas pelo general Cesário: "As solenidades militares não se esgotam nos seus aspectos visíveis e formais, senão no seu significado profundo de ritual e símbolo, que deve ser interpretado e explicitado, para que se cumpra o seu verdadeiro papel de síntese do que se quer preservar do passado, de testemunho das aspirações do presente e de arauto do que se deseja anunciar do futuro."

Constato, em suas palavras, a presença de um bem inapreciável: a mística da sacralidade militar. Ela não morreu. Sobreviveu às medalhadas, às caricaturas e ao postiço.

Mas é preciso interpretar e explicitar o significado intrínseco do que se passou naquele momento. Sem esse esforço, esvazia-se o conteúdo sacral e resta o mero profissionalismo, hoje quase sinônimo de venalidade.

Eis como o general Cesário apresentou seu testemunho dessa ligação com o sacral militar que o nimbou ainda no berço: "Meu pai, também orgulhoso oficial de cavalaria, vaticinara no meu nascimento 'se fores militar, sejas oficial do Exército, ele é o cerne da nacionalidade brasileira e dentre as armas escolhe a imortal Cavalaria, ela é a doce brisa dos campos de batalha e sobre ela Deus, Deus somente'. Cumpri os seus desígnios."

Essas palavras inspiradas reduzem à unidade os três elementos da cosmologia militar: a terra, o homem, Deus. Conectam-se o amor à pátria, a carreira militar e o serviço divino. Daí decorre uma mística: de um ato de enlevo à brasilidade, nascido em peito varonil que empunha uma arma, e que sobe como um rojão ao mais alto. Esse enlevo não produz arrogância nem mesmo afetação: gera a abnegação, da qual decorrem o serviço, a obediência e o holocausto.

O noviciado na arte militar foi realizado pelo general Cesário nesse mesmo espírito, seguindo essa mesma mística: "Ainda na Academia Militar, berço esplêndido de brasilidade e origem de todos nós, aprendi a grandeza e a servidão da vida militar. A par de exaustivos conhecimentos que nos eram transmitidos, absorvi o Espírito Militar que, oxigenado pela camaradagem, é formado por coragem, lealdade, ética, dignidade, espírito público e amor incondicional ao Brasil, virtudes tão escassas nos dias atuais, mas que, naquele templo de amor ao Brasil, jamais deixaremos de ensinar."

Nas palavras do general Cesário que citamos, podemos identificar o núcleo ideológico que compõem a mística militar: o serviço, a obediência e o holocausto. Pois o conteúdo desse espírito é o serviço à pátria, a obediência à hierarquia de comando e o primado do senso de holocausto sobre o instinto de conservação.

É justamente o senso de holocausto que ele ressalta, ao se referir ao seu batismo de fogo: "Ainda como cadete do último ano, participei ativamente da Revolução Democrática de 31 de março de 1964, ocupando posição de combate no Vale do Paraíba, oportunidade na qual aprendi que, se necessário for, o soldado deve dispor da própria vida para que os interesses maiores da Pátria se sobreponham às ambições pessoais."

Mais uma vez, em sua fala, o general retorna ao momento crucial de 1964 – vivido sob as ordens do general Médici que na época comandava a Academia Militar das Agulhas Negras – para exaltar o serviço, a obediência e o senso de holocausto: "Rendo a minha homenagem àqueles que junto comigo, magnetizados pela liderança de nosso Comandante e dos nossos Instrutores, não titubearam diante da possibilidade de derramar o seu próprio sangue, se necessário fosse, sem se importar em sacrificar a sua juventude e as suas esperanças em prol do interesse maior da Pátria".

A obediência militar, para ser sacral, deve ser governada pela prudência. É preciso uma ordem, vindo de um superior legítimo, que ordene dentro do campo onde pode exerce sua autoridade. Se aquele que manda ultrapassa o âmbito de seu direito de mandar, não há ordem, mas abuso de poder. A um abuso de poder corresponde ao subalterno não o dever da obediência, mas o dever da resistência. São noções que orientaram – e ainda orientam – o procedimento sempre modelar do general Cesário.

Quem ler o Testamento de Caxias (v. AQUI ) encontrará também nele traços dessa mística sacral militar. O reducionismo que tentam impor ao militarismo brasileiro não se limita a transformar seu corpo em cavalgadura de um civil. Mais que isso: querem roubar-lhe a alma.

Está gizado de modo sucinto o perfil de alma do soldado brasileiro, do único exército de Caxias, que ontem, hoje e amanhã serve como sentinela dos nossos campos, dos nossos mares, dos nossos ares. Para ele, "a farda não é uma vestimenta que se despe, mas uma segunda pele que adere definitivamente à alma...". A farda veste seu corpo, a mística da sacralidade militar reveste sua alma.


Publicado pelo site "SACRALIDADE".



O TESTAMENTO DE CAXIAS

Foto: O Duque de Caxias.









































Assim começa o testamento: "Em nome de Deus, Amém. Eu, LUIZ ALVES DE LIMA E SILVA, Duque de Caxias, achando-me com saúde e em meu perfeito juízo, ordeno o meu testamento, da maneira seguinte:"...

Rio de Janeiro, sete de maio de 1880. Fechava os olhos, para sempre, o mais bravo dos militares que vivera no seio do Exército Brasileiro para a glória deste próprio Exército.

LUIZ ALVES DE LIMA E SILVA nasceu em 25 de agosto de 1803, na fazenda São Paulo, Capitania do Rio de Janeiro. Assentou praça como cadete, em 1808, com apenas cinco anos de idade, como era costume, à época, para os filhos de militares.

"... quero que meu enterro seja feito sem pompa alguma, e só como irmão da Cruz dos Militares, no grau que ali tenho ...".

Em 1818, matriculou-se na Academia Real Militar e, como alferes, foi destacado para o 1o Batalhão de Fuzileiros da Guarnição da Corte. Promovido a Tenente, em 1821, foi integrar, no ano seguinte, o recém-formado Batalhão do Imperador, Unidade de Elite do Exército. Em 1823, teve seu batismo de fogo, quando o Batalhão do Imperador foi deslocado para a Bahia, nas Guerras de Independência contra as tropas portuguesas estacionadas em Salvador. Em 1825, participou, como capitão, ainda no Batalhão do Imperador, da campanha da Cisplatina, de onde retornou no posto de major. Em janeiro de 1833, no Rio de Janeiro, casou-se com Anna Luiza de Loreto Carneiro Viana. Nesse mesmo ano, nasceu sua primeira filha, Luiza, e em 1836, nasceu Ana, sua segunda filha.

"...Não desejo, mesmo, que façam convites para o meu enterro, porque os meus amigos, que me quiserem fazer este favor, não precisam desta formalidade e muito menos consintam os meus filhos que seja embalsamado."

Em 1837, já promovido a Tenente-Coronel, foi escolhido para pacificar a Província do Maranhão, onde havia iniciado o movimento da Balaiada. Como coronel recém-promovido, em 1839, foi investido nas funções de Comandante das Armas e Presidente da Província do Maranhão, visando centralizar em uma única autoridade todas as ações. Em julho de 1841, pelos serviços prestados na pacificação do Maranhão, o governo imperial o promoveu a Brigadeiro e lhe conferiu o título de Barão de Caxias, nome da vila maranhense onde a insurreição começou e foi, por ele, pacificada. Os estudiosos apontam que CAXIAS ingressou na sublime ordem maçônica, entre 1841 e 1842, na Augusta e Respeitável Loja Simbólica São Pedro de Alcântara, influenciado pelo tio JOSÉ JOAQUIM DE LIMA E SILVA e desempenhou como já foi citado, diversos cargos na Maçonaria Brasileira, dentre os quais destacam-se o de Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito e Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil.

Fraternidade, bondade, firmeza, compreensão, respeito, integridade de caráter, coerência, disciplina, lealdade e amor à Pátria e à família, entre outras, são algumas virtudes que se deseja de um homem maçom e CAXIAS, ao longo de sua vida, demonstrou possuí-las todas. Em 1842, pacificou a Província de São Paulo e a de Minas Gerais. Pelos relevantes serviços prestados, foi promovido ao posto de Marechal-de-Campo graduado, quando não contava sequer com quarenta anos de idade.

"Declaro que deixo ao meu criado Luiz Alves quatrocentos mil réis e toda a roupa de meu uso. Deixo ao meu amigo e companheiro de trabalho, João de Souza da Fonseca Costa, como sinal de lembrança, todas as minhas armas, inclusive a espada com que comandei seis vezes, em campanha, e o cavalo de minha montaria, arreado com os arreios melhores que tiver na ocasião de minha morte."

Ainda grassava, no Sul, a revolta dos Farrapos. Mais de dez Presidentes de Província e Generais se haviam sucedido, desde o início da luta, sempre sem êxito. O Governo Imperial nomeou-o Comandante-Chefe do Exército em operações e Presidente da Província do Rio Grande do Sul. Logo ao chegar em Porto Alegre, fez apelo aos sentimentos patrióticos dos insurretos, por intermédio de um manifesto cívico, onde dizia:

- "Lembrai-vos que a poucos passos de vós está o inimigo de todos nós - o inimigo de nossa raça e de tradição. Não pode tardar que nos meçamos com os soldados de Oribe e Rosas; guardemos para então as nossas espadas e o nosso sangue. Abracemo-nos para marcharmos, não peito a peito, mas ombro a ombro, em defesa da Pátria, que é a nossa mãe comum".

Se no honroso campo de batalha, a firmeza de seus lances lhe granjeou o rosário de triunfos que viria despertar nos rebeldes a idéia de pacificação, paralelamente, seu descortino administrativo, seus atos de bravura, de magnanimidade e de respeito à vida humana, conquistaram a estima e o reconhecimento dos adversários. A Paz de Ponche Verde, assinada em 1845, marcou sua proclamação como Conselheiro da Paz e como o Pacificador do Brasil. Marechal-de-Campo e Conde, em 1845. Senador do Império e pai de Luis Alves, em 1847. Presidente da Província do Rio Grande do Sul e Comandante-Chefe do Exército do Sul, adentrou ao Uruguai e bateu as tropas de Manoel Oribe, em 1851. Tenente-General e Marquês de Caxias, em 1852. Ministro da Guerra, em 1855 e 1861. Em 1862, promovido a Marechal-de-Exército, viu seu único filho falecer, com 14 anos. Em 1863, assumiu novamente a função de Senador.

"...Logo que eu falecer, deve o meu testamenteiro fazer saber ao Quartel-General, e ao Ministro da Guerra, que dispenso as honras fúnebres que me pertencem como marechal do Exército...".

Em 1865, tinha início a Guerra da Tríplice Aliança, contra as forças paraguaias. Nessa campanha, CAXIAS imortalizou seu nome na literatura militar, com o uso do balão de observação e pela construção da estrada do Grão-Chaco, que permitiu a realização da marcha de flanco, no chaco paraguaio, entre outras ações.

"Sigam-me os que forem brasileiros!".

Com este brado, CAXIAS demonstrou toda a sua liderança, quando da travessia da ponte sobre o arroio Itororó, arrastando seus homens pelo exemplo. Só deu por finda sua gloriosa jornada, em 01 de janeiro de 1869, ao tomar ASSUNÇÃO. Nesse ano, recebeu o título de Duque, o único brasileiro nato a ter o título de Duque. Ao receber os cumprimentos pela ação, na Guerra do Paraguai, declarou:

- "O Exército Brasileiro que eu tanto me orgulho de haver comandado, muito merece da Pátria, por seu valor, por sua intrepidez e abnegação e eu me regozijo ao ver tão bem apreciado seu heróico comportamento, tanto mais que eu fui testemunha de seus valorosos feitos e compartilhei de seus extraordinários sofrimentos."

E disse mais:

"Como militar eu cumpri o meu dever, servindo ao meu soberano e minha Pátria. E apesar de minha idade avançada e de alquebrado pelas fadigas de rude campanha, estarei sempre pronto para obedecer ao chamado do Governo Imperial, quando o País carecer de meus serviços militares e civis, até onde chegarem minhas forças."

Contava aí com 66 anos. Em 1875, pela terceira vez, foi nomeado Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros. Participou, ainda, da chamada Questão Religiosa, do afastamento de D. Pedro II e da Regência da Princesa Isabel.

"... e que só desejo que me mandem seis soldados, escolhidos dos mais antigos, e de melhor conduta, dos corpos da guarnição, para pegar nas argolas do meu caixão, a cada um dos quais o meu testamenteiro, no fim do enterro, dará trinta mil réis de gratificação."

Já com idade avançada, CAXIAS resolveu retirar-se para sua terra natal, na Província do Rio de Janeiro. No dia 07 de maio de 1880, às vinte horas e trinta minutos, fechava os olhos para sempre o Duque de Caxias. No dia seguinte, chegava, em trem especial, na estação do Campo de Sant'Ana, o seu corpo, vestido com o seu mais modesto uniforme de Marechal-de-Exército, trazendo ao peito apenas duas condecorações, as únicas de bronze: a do Mérito Militar e a Geral da Campanha do Paraguai. No ato do sepultamento, o literato Visconde de Taunay, então Major do Exército, concluiu assim sua alocução:

"Carregaram o seu féretro seis soldados rasos; mas, senhores, esses soldados que circundam a gloriosa cova e a voz que se levanta para falar em nome deles, são o corpo e o espírito de todo o Exército Brasileiro. Representam o preito derradeiro de um reconhecimento inextingüível que nós, militares, de Norte a Sul deste vasto império, vimos render ao nosso velho Marechal, que nos guiou como general, como protetor, quase como pai, durante quarenta anos; soldados e orador, humildes todos em sua esfera, muito pequenos pela valia própria, mas grandes pela elevada homenagem e pela sinceridade da dor".

"...Deixo à minha irmã, a Baronesa de Suruhy, as minhas condecorações de brilhantes da Ordem de Pedro I, como sinal de lembrança e a meu irmão, o visconde de Tocantins, um candeeiro de prata, que herdei de meu pai. Deixo o meu relógio de ouro com a competente corrente ao capitão Salustiano de Barros Albuquerque, também como lembrança pela lealdade com que tem me servido... .Deixo à minha afilhada Anna Eulália de Noronha, casada com o Capitão Noronha, doze contos de réis. ... . Tudo o que mais possuo será repartido com as minhas duas filhas Anna e Luiza... ."

Rio de Janeiro, 23 Abr 1874
Luís Alves de Lima e Silva
Duque de Caxias

"Em nome de Deus, Amém."




Carta a um Jobim fora do tom – Gen Luiz Cesário da Silveira Filho





Wednesday, March 18, 2009

Por favor, respondam a pergunta do Jobim na foto abaixo:

Foto: O falsário de Constituição, também almirante, general
e brigadeiro Nelson "ximango" Jobim.













































Carta a um Jobim fora do tom
Luiz Cesário da Silveira Filho

Ministro Jobim,

Tomei conhecimento de sua entrevista, publicada no Jornal do Brasil em 15 de março de 2009, (v. AQUI ) na qual o Senhor responde à pergunta de como pretende administrar a insatisfação de alguns generais em relação a algumas diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa.

Por considerar no mínimo deselegante para comigo e para com os integrantes da Reserva das Forças Armadas a sua resposta de que "o general que declarou a insatisfação não tem nada a administrar porque é absolutamente indiferente, foi para a reserva, se liberou", é que resolvi considerar a possibilidade de consignar esta resposta.

Sei que o Senhor não leu as minhas palavras de despedida do Comando Militar do Leste. O Sr. estava fora do Brasil, em reunião do conselho da UNASUL, o pacto de Varsóvia de "sandálias de dedo", que o Sr. conseguiu criar, em peregrinação política, utilizando o prestígio do Exército Brasileiro como fonte estimuladora. Nesta criação, já começa a despertar a falta de percepção estratégica, agora confirmada na insidiosa Estratégia Nacional de Defesa (END), à qual me oponho, por convicção e conhecimento.

Indago-me: como pode alguém, que se considera estrategista, pensar em criar um Conselho Militar no continente americano, ignorando a maior potência mundial nele situado, nosso aliado histórico, os Estados Unidos da América, que conosco combateu na Segunda Grande Guerra?

Há que se salientar que o continente americano já possui fórum, historicamente eficaz, a OEA, semelhante ao que o Sr. criou e que pretende tenha relevância. A UNASUL, integrada, em sua maioria, por países de ínfimo poder nacional, fatalmente, será desviada de sua atividade original e transformada em palco para declarações tronituantes, emitidas por personalidades histriônicas, que, sem dúvida, agravarão as dificuldades que já impuseram ao processo da liberdade e da democracia na América do Sul. Mas este é um outro assunto...

Volto ao meu pronunciamento na Solenidade da Passagem do cargo de Comandante Militar do Leste. Nele, relembro as palavras do saudoso Ministro do Exército, General Orlando Geisel, que afirmou: "Os velhos soldados se despedem, mas não se vão".

Sou um general com 47 anos de serviço totalmente dedicados ao meu Exército e ao meu país. Conquistei todas as promoções por merecimento. Fiz jus à farda que vesti. Não andei fantasiado de General. Fui e continuarei a ser, pelo resto de minha vida, um respeitado chefe militar. Vivi intensamente todos os anos de minha vida militar. Fui, sempre, um profissional do meu tempo.

Amadurecido e alçado ao mais alto posto da hierarquia terrestre, acompanhei, por dever, atentamente, a evolução do pensamento político-estratégico brasileiro, reagindo com as perspectivas de futuro para a minha Instituição, na certeza de que a história do Brasil se confunde com a história do Exército.

Vivemos, atualmente, dias de inquietude e incerteza. Sei que só nós, os militares, por força da continuidade do nosso dever constitucional, temos por obrigação manter a memória viva e a trajetória imutável da liberdade no Brasil. É, por este motivo, que serei sempre uma voz a se levantar contra os objetivos inconfessáveis que se pode aduzir da leitura de sua Estratégia Nacional de Defesa.

Ela está eivada de medidas, algumas utópicas e outras inexeqüíveis, que ferem princípios, contrariam a Constituição Federal e tendem a afastar os chefes militares das decisões de alto nível. Tal fato trará consequências negativas para o futuro das Instituições Militares, comprometendo, assim, o cumprimento do prescrito no artigo 142, da Constituição Federal, que trata da competência das Forças Armadas.

"Competência para defender a Nação do estrangeiro e de si mesma".

Em época de grave crise econômica, como a que atinge o país, apesar das tentativas de acobertá-la por parte do governo ao qual o Sr. serve, os melhoramentos materiais sugeridos serão, obviamente, postergados. Mas, o cerne da estratégia e suas motivações políticas poderão ser facilmente implementados.

É clara, nela, a intenção de se atribuir maiores poderes ao seu cargo de Ministro da Defesa, dando-lhe total capacidade de interferir em todas as áreas das Forças Armadas, desde a indicação de seus Comandantes, até a reestruturação do Ensino e do preparo e emprego das Forças.

O Exército Brasileiro sempre foi um ator importante na vida brasileira, e, ao longo da história, teve o papel de interlocutor, indutor e protagonista.

Desconheço a importância dos Gabinetes Civis (Sinimbu, Ouro Preto e outros), apresentada pelo Sr., em um discurso sem fundamentação histórica, que muitas vezes ouvi, bem como a sua relevância para o Império e o Brasil. Talvez, o discurso tente justificar, por similitude, a importância que o Sr. quer atribuir a um civil para gerir os interesses das Forças Armadas.

Pela confiança que inspiramos, a sociedade brasileira nos concede, como o Sr. mesmo reconhece em sua entrevista, 84% de prestígio. Tal índice é atribuído a nós, integrantes das Forças Armadas, que estamos sempre junto ao povo, nos quatro cantos do país, nos momentos de alegria e de tristeza. É um índice só nosso, instituições integrantes do aparelho do Estado Brasileiro. Não pertence ao Ministério da Defesa, órgão administrativo do Governo Brasileiro. Confiança não se impõe, se adquire.

A Nação inteira sabe que nunca fomos um intruso na história do Brasil. Nunca quisemos o poder pelo poder. As nossas intervenções na vida institucional do país, sempre por solicitação da sociedade, foram para a correção dos desvios que a trajetória da liberdade democrática do Brasil tomava.

Vejo, atualmente, com preocupação, a subvalorização do Poder Militar. Desde a Independência do Brasil, sempre tivemos a presença de um cidadão fardado integrando a mesa onde se tomam as mais importantes decisões do país.

A concepção ressentida da esquerda, que se consolidou no poder político a partir de 1995, absorvendo as ideias exógenas do Estado Mínimo e da submissão total do Poder Militar, mantendo "a chave do cofre e a caneta" em mãos civis, a fim de conseguir a sua subserviência ao poder político civil, impôs a criação de um Ministério destinado a coordenar as três Forças Armadas. Isto não se fazia necessário, no estágio evolutivo em que se encontrava o processo político brasileiro. Em um governo, à época da criação do Ministério da Defesa, constituído por 18 ministérios, nos quais pelo menos cinco eram militares, foram substituídos, estes últimos, por um ministério que, por desconhecimento de seus ocupantes (até hoje, nenhum Ministro da Defesa prestou sequer o Serviço Militar Obrigatório, como soldado), tem apenas deslizado no campo da política. Quando resolve incursionar no campo da estratégia, desconhecendo a opinião dos profissionais militares, consegue, além das preocupantes motivações políticas embutidas em seu texto, estranhas concepções que podemos classificar, ao menos, como excêntricas. Listo algumas das conceituações contidas na END para sua apreciação:

- Parceria estratégica nas áreas cibernética, espacial e nuclear, particularmente com os países de Língua Portuguesa e outros do entorno estratégico nacional, ou seja, com países de grande carência tecnológica (como Bolívia, Paraguai, São Tomé e Príncipe, Angola...), o que se torna inviável devido à escassez de recursos humanos e financeiros desses países;

- Desenvolvimento de um sistema de satélites espaciais semelhante ao sistema GPS, coisa ainda não conseguida, nem suportada economicamente, em conjunto, pela Comunidade Europeia;

- Utilização de conceitos esdrúxulos de "operação unificada" e "todo o exército como vanguarda";

- Preconização de necessidade de acesso das classes trabalhadoras às escolas de formação militares, mostrando que os formuladores da END desconhecem a origem e o perfil dos jovens sargentos e oficiais que, em concurso público, sempre aberto a todos os brasileiros, sem cláusulas excludentes de classes sociais, ascendem por seus méritos individuais.

Para não ser enfadonho, limito a listagem exótica por aqui.

Estou convencido que afastar-nos da mais alta mesa de decisão do país foi uma estratégia política proposital, o que tem possibilitado, mais facilmente, o aparelhamento do Estado Brasileiro rumo à socialização, com a pulverização da alta administração do país, atualmente, em 37 ministérios e, apenas um, pretensamente, militar.

A expressão militar deve ser gerida com conhecimento profissional, pois ela é um componente indissolúvel do Poder Nacional. Sem a presença de militares no círculo das altas decisões nacionais, temos assistido a movimentos perturbadores da moral, da ética e da ordem pública intentarem contra a segurança do direito, aspecto basilar em um regime que se diz democrático. Tal fato traz, em seu bojo, condições potenciais de levar o país rapidamente a uma situação de anomia constitucional, o que poderá se configurar em risco de ruptura institucional.

Até onde chegaremos?

A sua END aprofunda o contexto de restrições à autonomia militar e sugere medidas que, se adotadas, trarão de volta antigos costumes de politização dos negócios internos das Forças Armadas. Talvez isso favoreça o modelo de democracia que querem nos impingir. Será isto o que o Sr. quer dizer quando fala em sua entrevista "que é o processo de consolidação da transição democrática"?

Finalizando, quero salientar que a desprezível conceituação de que "o general que declarou insatisfação não tem nada a administrar porque é absolutamente indiferente, foi para a reserva, se liberou", bem demonstra a consideração que o Sr. empresta aos integrantes da Reserva das Forças Armadas, segmento que o seu Ministério pretende representar. Isto mostra, também, o seu total desconhecimento da grandeza e da servidão da profissão militar, pois, como bem disse o Gen Otávio Costa, "a farda não é uma vestimenta que se despe, mas uma segunda pele que adere definitivamente à alma...".

Lembre-se que os militares da ativa sempre conferem prestígio, não somente aos chefes de hoje, como, também, aos de ontem. Não existem dois Exércitos. Há apenas um: o de Caxias, que congrega, irmanados, os militares da ativa e da reserva.

A certeza de que o espírito militar, que sempre me acompanhou nos meus 47 anos de vida dedicados totalmente ao Exército, o qual, oxigenado pela camaradagem, é formado por coragem, lealdade, ética, dignidade, espírito público e amor incondicional ao Brasil, é o que me faz voltar-me, permanentemente, contra a concepção contida na sua END.

Subscrevo-me.
Gen Ex Reserva Luiz Cesário da Silveira Filho


Luiz Cesário da Silveira Filho é General-de-Exército, nascido em 17 de janeiro de 1943, na Cidade de Jaguarão-RS, Incorporou as fileiras do Exército em 1º de março de 1962, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Foi declarado Aspirante-a-Oficial da arma de Cavalaria em 19 de dezembro de1964. Cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), o curso de Comunicação Social, no Centro de Estudos de Pessoal (CEP), a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), o curso de altos Estudos-Política e Estratégia Marítima, na Escola de Guerra Naval (EGN) e realizou o estágio de blindados, no Exército Argentino. Como Oficial General comandou a 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (1ª Bda C Mec), chefiou o Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX), Comandou a 1ª Região Militar (1ª RM), além de Comandante Militar do Oeste (CMO). O General-de-Exército Luiz Cesário da Silveira Filho esteve à frente do Comando Militar do Leste (CML), de dezembro de 2006 até 11 de março de 2009, data esta, em que também despediu-se do serviço ativo após 47 anos. Sua liderança militar foi pautada no respeito, na hierarquia, na disciplina, na honradez e nas leis castrenses, que fazem do Exército Brasileiro a instituição com os maiores índices de credibilidade nacional.


Fonte: Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX)








Ministro, e o Projeto FX-2? "FALA COM A MINHA MULHER SOBRE ISSO..." ?????


Foto: O "general" Jobim e a "generala", também Jobim, distribuindo "badulaques" para a curuminzada.


































Entrevista - Nelson Jobim
por Luiz Orlando Carneiro, Marcelo Ambrosio e Raphael Bruno.

BRASÍLIA - De volta ao Brasil após viagem ao Chile, onde defendeu, em reunião do Conselho Sul-Americano de Defesa, uma aproximação das posições dos países membros, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, revelou, nesta entrevista exclusiva concedida ao JB, detalhes da polêmica que envolveu o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e a liberação de voos adicionas no Aeroporto Santos Dumont. Jobim conta que tentou, em vão, convencer Cabral de que o aeroporto era subutilizado e que a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil de ampliar o uso do Santos Dumont era “autônoma” e baseada na legislação. O ministro também adiantou que, até agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva toma uma decisão final sobre a concessão do Aeroporto do Galeão. Jobim deixa claro que, após a superação da crise aérea, resta resolver a questão da infraestrutura dos aeroportos brasileiros e a iniciativa privada tem papel importante a desempenhar na tarefa. O ministro rebateu críticas à nova Estratégia Nacional de Defesa, a classificando como “consolidação da transição democrática” e interpretando possíveis retaliações internacionais às aspirações nucleares brasileiras como “parte do jogo”, além de reiterar a posição do ministério contra a revisão da lei de anistia. “O que a gente tem que fazer é tentar aproximar o futuro do presente e não trazer o passado para o presente”, diz.

Como foi a reunião do Conselho-Sul Americano de Defesa?

Nós tínhamos faixas de interesse comum em relação à questão de defesa. Em relação às áreas marítima, tínhamos um problema comum, que é a linha externa da orla continental marítima. Os países podem ter, a partir da costa, as famosas 200 milhas. No entanto, a Convenção do Mar da ONU fixa a possibilidade de estender essas 200 milhas até o máximo de 350 milhas. Temos que ter uma linguagem comum sobre esse assunto. O Uruguai estava fazendo uma extensão menor do que a nossa na parte final da sua divisa. Não era possível que nós continuássemos nessa linha, ou seja, de irmos para um encontro internacional, o argentino conversar comigo na porta e depois não tem entendimento nenhum. Nós não seremos fortes desta forma.

A questão da definição da extensão da plataforma continental tem uma relação direta com as descobertas do Pré-Sal...

Pode ter tornado interessante. Mas a decisão de fazer o trabalho começou na época do governo Fernando Henrique. A Marinha e a Petrobras levaram oito anos fazendo pesquisas em todo o litoral. E aí apresentamos à ONU, a ONU respondeu, fez algumas observações, que nós temos agora que responder. E eu chamei a atenção para os outros países que existe esse problema e que nós tínhamos que fazer um entendimento comum. Você chega lá com bancada, não chega isolado.

O senhor assumiu o Ministério da Defesa tendo como meta prioritária, urgente, resolver o caos aéreo. Passada essa fase, quais são as prioridades?

O caos era decorrente da falta de coordenação. A Infraero tinha uma agenda, a agenda da Anac era outra, e cada diretor tinha a sua agenda, com conflitos. O que encontrei? Em determinados aeroportos tinha pistas, mas não tinha estacionamento. Em outros tinha pista, mas não tinha terminal. Outro tinha terminal mas não tinha estacionamento. Um horror. Então as coisas chegaram a tal forma que deu problema no Aeroporto de Congonhas. Por que? As pessoas começaram a viajar, começou a aparecer dinheiro na mão de pessoas que não usavam avião. Quando eu assumi, Congonhas estava muito acima da sua capacidade de pista e do conjunto do aeroporto. Nós reduzimos e começamos a reformar todo o sistema e demos um tempo para reformar a malha aérea. As empresas ofereciam a sua proposta de malha aérea para ser analisada num momento em que elas já tinham vendido passagens. A malha não estava aprovada e as passagens estavam vendidas. O sistema se normalizou porque você começou a fazer uma malha compatível à infraestrutura aeroportuária e com a própria capacidade das empresas. O trabalho que a gente desenvolveu com a Anac foi, primeiro, criar a SAC – Secretaria de Aviação Civil – para tentar trazer para dentro do ministério a organização do sistema. Agora, em relação à aviação civil, o que resta é o problema da melhoria da infraestrutura. Então abrimos a discussão da concessão dos aeroportos.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, esteve reunido com o senhor tentando evitar a liberação de mais voos no Aeroporto Santos Dumont. Como foi essa conversa? E qual a posição do ministério em relação às privatizações de aeroportos?

A Infraero é uma empresa que não tem patrimônio. A Infraero é uma gestora de aeroportos, só isso. Ou os aeroportos são da União – o Galeão, o Santos Dumont – ou são do Estado – Congonhas – ou em alguns casos são dos municípios. A Solange (Vieria, presidente da Anac) começou a insistir muito no problema de fazermos concessões de aeroportos para viabilizar concorrência dentro do setor. Houve uma reunião, e o presidente concordou que fossem feitos estudos para concessão do Galeão. Não se justifica que a gente pegue o dinheiro de investimento público, e invista num setor cujo número de pessoas que usufrui é muito reduzido em relação à população total do país. Porque não colocar o setor privado nisso? O setor privado faz aeroporto. Então, com isso, a Anac está fazendo a formatação dos editais de concessão dos aeroportos. Nós temos aí pressões futuras, Copa do Mundo, Olimpíadas. Com essa discussão quem trabalhou muito foi o Sérgio Cabral. Mas o Sérgio Cabral falava na entrega do aeroporto do Galeão para o estado do Rio de Janeiro administrar e eles fariam a concessão. E a decisão que o presidente tomou foi de que quem iria fazer a concessão é a União. E a União é quem tem que fazer porque ela é a dona do aeroporto. Num determinado momento, vetaram o uso do Santos Dumont e o mantiveram apenas para a ponte aérea, com a perspectiva de fazer com que as empresas usassem o Galeão. Só que tem um problema. No nosso sistema legal temos o sistema da liberdade de rota. Quem escolhe o aeroporto é a empresa. Agora, se nós vamos dar a ela ou não aquele lote depende da capacidade do aeroporto, do espaço aéreo, aquelas coisas todas. Então, nessa reunião, no Palácio, eu fui fazer uma exposição e mostrar ao Sérgio Cabral que era inevitável que nós abríssemos o Santos Dumont porque estava subutilizado e havia pretensões de utilizá-lo, porque é no centro do Rio de Janeiro. No mundo todo o voo executivo, o voo doméstico, busca o centro da cidade. Quem busca o fora do centro da cidade é o voo internacional. Mostrei a ele os números, mas ele e o secretário Júlio Lopes acham que isso vai destruir o Galeão, que não sei o que mais. Na nossa análise não tem sentido. Eu disse a eles: eu não posso fazer nada porque a Anac é uma agência autônoma. Eu só vim aqui tentar mostrar para vocês que isso ia acabar com uma decisão judicial. E acabou havendo uma decisão judicial em favor da Azul, que tinha ajuizado ação para voar no Santos Dumont. Não se justifica ter um ativo perdido daquele jeito. De outra parte, política de gestão de aeroporto é política da lei. A Anac tem a obrigação de cumprir a lei e não a política do governo. Nem do governo estadual.

E a concessão do Galeão?

A ideia é que possamos, até o fim de julho, concluir a formatação da concessão do aeroporto. Em agosto o presidente toma a decisão. Não é bem privatizar, é fazer a concessão dos aeroportos, que estabelece uma forma de avaliação dos serviços prestados pela Infraero.

E como anda a implantação da Estratégia Nacional de Defesa? Como o ministério pretende administrar a insatisfação que alguns generais demonstraram em relação a algumas diretrizes?

O general que declarou insatisfação não tem nada a administrar porque é absolutamente indiferente, foi para a reserva, se liberou. O negócio da estratégia foi o seguinte: Eu disse ao presidente que nós tínhamos um problema político, sério, e eu queria saber se ele queria enfrentar ou não. Quando houve a transição do governo militar para o governo civil, leia-se governo Sarney, nós começamos o processo de transição do regime militar. E o processo de transição do regime militar tem características como o afastamento progressivo de militares das decisões políticas, redução da participação dos militares na administração pública, desaparecer do poder de veto dos militares às decisões políticas. Em 1988, quando fizemos a Constituição, quem quisesse falar em Defesa era mal visto, porque estava no nosso imaginário, inclusive no meu, de que mexer com Defesa era mexer em perseguição política, repressão. O que aconteceu? Durante esse período, tudo que dizia respeito à questão de defesa ficou absolvido pelos militares, porque o espaço estava lá. E havia a necessidade de fazermos com que a defesa fosse tema civil e que nós, do governo democrático, assumíssemos a tarefa. É o processo de consolidação da transição democrática. O que significava uma redução da autonomia militar. Comecei fazendo alguns gestos para deixar claro que os civis começavam a ocupar os espaços que eles não tinham ocupado, que são espaços de civis, que é a formulação da política de defesa. A execução da política de defesa, e as probabilidades estratégicas das decisões do governo democrático, era função militar. Mas eles estavam fazendo a outra coisa também.

Jobim garante que Ministério não tem arquivos da repressão

No plano externo, existe uma preocupação com outro tema polêmico da estratégia, que é a questão de vetar qualquer acordo novo de não-proliferação nuclear? Existe algum receio de retaliação da comunidade internacional?

O Brasil assinou o tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, mas nós temos toda a tecnologia. E aí surgiu o seguinte problema: nós precisamos da energia nuclear para a Marinha, porque nós temos 4,5 milhões de quilômetros quadrados para tratar. O submarino convencional é um submarino que tem autonomia e velocidade muito menor, ao passo que a turbina do submarino nuclear é muito mais silenciosa e muito mais rápida. Então se decidiu a linha do submarino. Paralelamente, vem a nós o protocolo adicional. Aí já foi uma decisão presidencial. Houve uma discussão com o presidente no Palácio sobre isso. O Ministério das Relações Exteriores foi resistente em relação a isso e o Ministério da Defesa afirmando a necessidade de nós não admitirmos o protocolo adicional, porque inviabilizava o Brasil na pesquisa da tecnologia nuclear. E nós precisávamos da tecnologia nuclear. Para a defesa, que é o submarino, e para a produção de energia elétrica. Vamos ter, evidentemente, problemas. Mas isso faz parte do jogo. Agora quero lembrar o seguinte: a Índia não participou do Tratado de Não-Proliferação e teve tratamento diferenciado. E se desenvolveu. Israel também... Todos. Então, por isso, houve uma decisão política do presidente: não vamos assinar.

E como fica a questão financeira em meio à crise?

Aí que está o ponto, que era a grande distorção ou a forma de impedir que você acessasse o tema. Não adianta fazer nada porque não teremos dinheiro. Logo, não faz nada. Ou é uma ideia equivocada ou é uma forma de linguagem para evitar que se enfrente o assunto. Outra coisa: os equipamentos não são os equipamentos que antigamente se dizia que os militares queriam ter. São equipamentos que decorrem da necessidade do poder civil, das tarefas a serem desenvolvidas. Aí surgem os dois pontos da manifestação desses militares que estão indo embora, felizmente, que são a questão da Secretaria de Compras. O que encontrei aqui? Encontrei cada força com estruturas de compras muito competentes, mas a decisão da compra era deles. Isso não é decisão para militar, é decisão para civil.

A estratégia prevê um aumento razoável nos gastos de Defesa. Como fazer para convencer os governantes e a própria sociedade da importância destes custos?

Tornando a defesa alvo da agenda nacional. Se você observar a última pesquisa que foi feita, as Forças Armadas tem 84% de prestígio com a sociedade.

Existe uma pressão de alguns setores do governo, principalmente da Secretaria Especial de Direitos Humanos, e de organismos internacionais como a Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, para que o Brasil siga o exemplo recente de outros países, como a Argentina e o Uruguai, no sentido de liberar os arquivos relacionados ao período da ditadura militar e parar de utilizar a lei de anistia como mecanismo que impeça a responsabilização legal de agentes da repressão que praticaram tortura. Por quê o Brasil não pode seguir o mesmo caminho?

Nós estamos abrindo o que temos. Os militares me informam que os registros desapareceram. O que estou tentando é recuperar alguns que foram entregues por algumas pessoas para o Ministério da Justiça. Estou trazendo o que o Ministério da Justiça recebeu, para dar autenticidade. Na parte de anistia, o que nós temos é uma lei que foi discutida à época. Que foi a negociação da transição militar sem conflitos. Houve uma decisão histórica em 1979, essa decisão teve a bilateralidade da anistia. Portanto não cabe o revisionismo pela via da interpretação, como se nós estivéssemos nos substituindo ao acordo político de 1979. Tem que sair dessa tentativa polarizante entre defensores de torturadores e não-defensores de torturadores. Não é o caso, não é isso que estamos discutindo. E o fato de você ter decisões internacionais é irrelevante, porque as decisões internacionais só podem ser internalizadas quando compatíveis com o direito interno. E no Brasil você tem uma característica diferente. Os tratados têm o mesmo poder da lei ordinária. Se tem que ser feito um tratado internacional e ele conflita com a Constituição e com o sistema legal, ele não vale no Brasil. Por que? Porque o tratado sempre foi um ajuste do Executivo, sem a participação do Legislativo. E aí começa o Poder Executivo a resolver os problemas via tratados.

O ministério não teria objeções, então, por exemplo, a novas expedições com o intuito de encontrar ossadas de guerrilheiros no Araguaia...

Problema nenhum. Aliás, já fizemos 18. Aqueles que ficaram na mata desaparecem, você não tem mais como localizar, pela mudança de características dos locais. Agora, uma coisa é certa: em relação à anistia, esse assunto está na mão do Supremo. O Supremo vai decidir se é possível ou não o revisionismo do acordo político de 1979, via uma reinterpretação da Constituição, mas nossa posição é de que não compete a nós fazer isso. Uma das tradições equivocadas nossa é achar que a gente vai construir o futuro retaliando o passado. A gente queima uma energia brutal na retaliação do passado e não constrói nada para o futuro. O que a gente tem que fazer é tentar aproximar o futuro do presente e não trazer o passado para o presente.

Existe a pretensão do ministério de ampliar a participação dos batalhões de engenharia do Exército em obras do PAC?

Quem está querendo é o presidente. Os batalhões de engenharia estão servindo como referência de mercado.

E em 2010? O senhor pensa em concorrer a algum cargo?

Fala com a minha mulher sobre isso...


Publicado no jornal "Jornal do Brasil".
Domingo, 15 de março de 2009.





"OS VELHOS SOLDADOS SE DESPEDEM, MAS NÃO SE VÃO"


O EXEMPLO DE HOMBRIDADE QUE FALTOU AO GEN HELENO





Saturday, March 14, 2009

"OS VELHOS SOLDADOS SE DESPEDEM, MAS NÃO SE VÃO"
(General Orlando Geisel)

Foto: General-de-Exército Luiz Cesário da Silveira Filho.










































Íntegra do discurso proferido pelo General-de-Exército Luiz Cesário da Silveira Filho, por ocasião da Passagem de Comando do Comando Militar do Leste, realizada no dia 11 de março de 2009 no Salão Nobre do Palácio Duque de Caxias, quando assumiu o cargo de Comandante do CML, o General-de-Exército Rui Alves Catão.




PASSAGEM DE COMANDO


Meus Senhores!

Alcançado por necessário dispositivo da Lei de Promoções de Oficiais, afasto-me, nesta data, do serviço ativo do Exército e, consequentemente, deixo o cargo de Comandante Militar do Leste.

Dentro do espírito de tão importante cerimônia, admite-se, neste momento, que acima dos aspectos formais dos atos de serviço, a nossa condição intrínseca de seres humanos tomados, pela emoção, e, por igual, do sentimento de gratidão, transcenda as formalidades rotineiras da vida profissional e o estilo das cerimônias regulamentares.

As solenidades militares não se esgotam nos seus aspectos visíveis e formais, senão no seu significado profundo de ritual e símbolo, que deve ser interpretado e explicitado, para que se cumpra o seu verdadeiro papel de síntese do que se quer preservar do passado, de testemunho das aspirações do presente e de arauto do que se deseja anunciar do futuro.

Esta é, para mim, uma formatura diferente na essência de outras formaturas que neste histórico Salão de Honra fiz realizar.

Nela posso identificar um fremir de emoção que é bem familiar e penoso aos homens de farda: o sentimento da despedida.

Não quero esconder a emoção nesta hora. Quero, sim, que ela me dê sonoridade à voz e eloquência à palavra e que me ajude a dizer o que vai na mente e no coração deste velho soldado.

Carregada de emotividade, esta é, para mim, uma manhã memorável. Ao olhar para trás no tempo, observo, rapidamente, que já são decorridos 47 anos e 10 dias, quando, em tocante cerimônia, transpus o Portão dos novos Cadetes da nossa querida Academia Militar das Agulhas Negras para realizar o meu sonho profissional de tornar-me um oficial do Exército Brasileiro, carreira que tanto me dignificou. Egresso do Colégio Militar do Rio de Janeiro, sabia que pelo cabedal de ensino que auferira deste modelar estabelecimento de ensino do nosso Exército, estava em condições de abraçar qualquer carreira com sucesso, mas nenhuma me seduzia mais do que a militar.

Confirmava uma previsão que meu pai, também orgulhoso oficial de cavalaria, vaticinara no meu nascimento "se fores militar, sejas oficial do Exército, ele é o cerne da nacionalidade brasileira e dentre as armas escolhe a imortal Cavalaria, ela é a doce heresia dos campos de batalha e sobre ela Deus, Deus somente". Cumpri os seus desígnios.

Ainda na Academia Militar, berço esplêndido de brasilidade e origem de todos nós, aprendi a grandeza e a servidão da vida militar. A par de exaustivos conhecimentos que nos eram transmitidos, absorvi o Espírito Militar que, oxigenado pela camaradagem, é formado por coragem, lealdade, ética, dignidade, espírito público e amor incondicional ao Brasil, virtudes tão escassas nos dias atuais, mas que, naquele templo de amor ao Brasil, jamais deixaremos de ensinar.

Ainda como cadete do último ano, participei ativamente da Revolução Democrática de 31 de março de 1964, ocupando posição de combate no Vale do Paraíba, oportunidade na qual aprendi que, se necessário for, o soldado deve dispor da própria vida para que os interesses maiores da Pátria se sobreponham às ambições pessoais.

Nesse memorável acontecimento, constatei, pela primeira vez, o quanto de coragem, de responsabilidade e de grandeza é exigido do Chefe Militar, quando na solidão do Comando este chefe tem que tomar importantes decisões. Naquela oportunidade, atuamos sob a liderança incontestável do meu Comandante da Academia, o então Gen Bda Emílio Garrastazu Médici, de patriótica atuação posteriormente na Presidência da República, que assim se expressou na Ordem do Dia lida na formatura que nos recepcionou ao retorno daquela histórica operação cívico-militar:

"Cadetes

Ao decidir empregar a Academia e, em especial, o Corpo de Cadetes, eu e meus assessores diretos fomos tomados de viva emoção. Lançávamos, assim, o sangue jovem do Exército na liça e corríamos o perigo de vê-lo umedecer as velhas terras do Vale do Paraíba. Mais forte que ela, porém, foi o sentimento de nossas responsabilidades e o conteúdo energético de nosso ideal .

Após 29 anos de alheamento, a Academia Militar voltou a empenhar-se ostensivamente na luta pelo aprimoramento de nossas instituições e pela tranquilidade de nosso país. Vós o fizestes com pleno sucesso e com admirável galhardia.

Que, por isso, a história pátria lhes reserve uma página consagradora, fazendo-os ingressar no rol daqueles que, despidos de qualquer ambição ou interesse subalterno, um dia se dispuseram a lutar pelo país que nossos descendentes hão de receber engrandecido e respeitado.

Cadetes: pela história, atingis os umbrais da glória"


Por ser o último integrante da Turma de Aspirantes egressos da AMAN em 1964 a deixar o serviço ativo do Exército, rendo a minha homenagem àqueles que junto comigo, magnetizados pela liderança de nosso Comandante e dos nossos Instrutores, não titubearam diante da possibilidade de derramar o seu próprio sangue, se necessário fosse, sem se importar em sacrificar a sua juventude e as suas esperanças em prol do interesse maior da Pátria, mesmo sem ter ainda, naquela ocasião, concretizado os seus sonhos de serem oficiais do Exército. Alguns já não se encontram entre nós, tal como o meu saudoso irmão, mas sei que Deus e a pátria conhecem os seus nomes e que os seus exemplos serão sempre lembrados enquanto no Brasil existirem soldados que entendem que a liberdade da Pátria é o bem maior a ser protegido.

Os postulados que absorvi do movimento de 31 Mar 1964, que hoje denomino "correção democrática de 1964" por ter evitado o golpe preparado pelo governo de então contra as instituições e a liberdade democrática do Brasil, impregnaram a minha alma de soldado. Seus postulados sempre foram o meu rumo ético: moralidade, honradez, dignidade, amor a ordem, amor ao território, manutenção da identidade cultural, culto ao passado histórico e o dever de lutar por essas coisas.

Vivi intensamente todos os postos da carreira.

Nomeado, para a minha última comissão, assumi o cargo de Comandante Militar do Leste, em 20 Dez 2006, coroando a minha carreira na função que hoje deixo e que muito me honrou e dignificou. Foram 2 anos e 2 meses de intenso trabalho. Ao chegar para comandar, acreditava ter incorporado toda a experiência necessária ao seu exercício. Hoje, reconheço que comandá-lo foi um aprendizado contínuo. Muito aprendi nas inúmeras atividades partilhadas com meus comandados, carregadas de momentos de contagiante otimismo e outros, de intensas preocupações.

Bastaria recordar a proposta de uma nova organização para os Comandos subordinados que já vem resultando na criação da Base de Apoio Logístico do Exército, a execução das Operações Mercosul, a realização dos Jogos Pan-americanos em área militar, a Operação Cimento Social, a Operação Atlântico Sul, a Operação Guanabara e a Operação Moscou, dentre as inúmeras realizações que juntos conquistamos, para nos enchermos de orgulho profissional e nos sentirmos amplamente realizados.

A força que permitiu alcançarmos tão satisfatórios padrões de desempenho foi, sem dúvida, o espírito de disciplina, de trabalho e de camaradagem com que vivemos durante o grato período de meu Comando.

Tenho a certeza de que esse espírito persistirá durante a condução experiente do meu sucessor, Gen Catão, oficial de sobejas qualidades e grande brilho profissional, a quem desejo pleno êxito na nobre missão que hoje é investido.

Sei que nesta hora nenhum dever me seria mais imperativo do que expressar os meus agradecimentos:

- a Deus que, em sua infinita bondade, permitiu que eu chegasse a este momento tão significativo da minha vida com a consciência tranquila dos que cumpriram o seu dever.

- Aos meus pais, Coronel de Cavalaria Luiz Cesário da Silveira, já falecido, e minha mãe Nilza Silveira, que em um lar povoado por 7 filhos, me transmitiram o amor e a necessária educação que formaram o meu caráter de cidadão.

- À minha querida esposa Aladir, minha eterna namorada desde que eu cursava o 1º ano científico do Colégio Militar do Rio de Janeiro, pela compreensão e incentivo e por ter me dado duas queridas filhas Daniele e Adriane, que multiplicaram a família cada uma com um casal de lindos netos o que me dá a garantia que, mesmo quando Deus me chamar, neles a minha herança genética será perpetuada.

- Aos chefes de todos os tempos e de todos os lugares, dos quais sempre busquei os exemplos que inspiraram a minha vida.

- Aos amigos, camaradas de armas e da vida civil, que sempre ombrearam comigo e me estimularam com seu carinho e compreensão ao longo da vida.

- Aos meus subordinados que, durante toda a minha carreira, sempre viram em mim não o Chefe exigente e, sim, o amigo orientador, dispensando-me os maiores tributos de confiança e lealdade.

Vivi intensamente e feliz os 47 anos da minha vida militar. Jamais foram obstáculo, para mim, a deficiência material ou a insuficiência de recursos. Jamais me alcançou a descrença, a rotina que conduz ao imobilismo e o desânimo. Procurei sempre resolver todos os desafios com criatividade, espírito profissional e devotamento.

Fui um profissional do meu tempo, sempre em consonância com a realidade nacional. Amadurecido e alçado ao mais alto posto da hierarquia terrestre venho acompanhando, por dever, atentamente a evolução do pensamento político-estratégico brasileiro, reagindo com as perspectivas de futuro para a Instituição. Tenho levado as minhas apreensões ao Alto- Comando do Exército, colegiado que durante 3 anos e 8 meses tive a honra e o privilégio de integrar e que se constitui no mais alto nível do assessoramento para as decisões do Comandante do Exército.

Vivemos, atualmente, dias de inquietudes e incertezas.

Sei que só nós, os militares, por força da continuidade do nosso dever constitucional, temos por obrigação manter a memória viva e a trajetória imutável da liberdade na construção nacional.

Nossa Instituição sempre foi um ator importante na vida brasileira, e, ao longo da história, teve o papel de interlocutor, indutor e protagonista.

A história do Brasil se confunde com a história do Exército. Ele é o "cerne da nacionalidade brasileira." – como escreveu meu saudoso pai.

Tenho a convicção que o nosso Exército saberá, como sempre, contornar tão graves limitações e continuará, a despeito de qualquer restrição que se lhe anteponha, "protegendo a nação do estrangeiro e de si mesma".

Hora da despedida! Conforme escreveu o General Orlando Geisel, "os velhos soldados se despedem, mas não se vão. No Exército permanecem os meus velhos sonhos, a evocação dos meus melhores dias, a mocidade há muito tempo perdida e a confiança nos chefes que virão depois de mim"

Tenham a certeza de que o que vivi nestes mais de 47 anos de minha vida militar, ficará guardado eternamente em meu coração. Tão vivas lembranças tocaram e tocarão, para sempre, a minha alma de soldado. E hão de servir-me como alento no prosseguimento do resto de minha vida que, hoje, se inicia, na certeza que jamais ficará esquecido como coisa do passado.

Não sou eu que pertenço ao passado.
O passado é que me pertence!

Muito obrigado!

Fonte: SEÇÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO COMANDO MILITAR DO LESTE.














































"ORDEM DO DIA DO GEN CMT DA AMAN"
Em 02 de abril de 1964
Gen Bda EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI – Cmt da AMAN


Como é imperativo nas situações de emergência que, por dever de ofício, vez por outra têm de enfrentar as Forças Armadas, a atitude histórica tomada pela Academia Militar das Agulhas Negras foi fruto de acendrado espírito patriótico, de profunda reflexão e do reconhecimento de suas grande responsabilidades no panorama nacional.

O senso de patriotismo, que temos cultivado diuturnamente, nos vem da apreciação das páginas gloriosas de nossa História e da devoção, sincera e continuada, que nos empenhamos em manter e fortalecer para com os elementos fundamentais da nacionalidade brasileira.

A meditação, dedicada à evolução da situação nacional e, muito particularmente, à sua fase aguda, nos foi propiciada pelo interesse em bem servir às legítimas aspirações de nosso povo, pela formação que nos foi proporcionada no ambiente militar brasileiro e pelo equilíbrio que, de regra, soe advir da convicção nos ideais formulados e perseguidos pelos que amam o seu berço natal, a sua família e a sua Pátria.

As responsabilidades da Academia no panorama nacional sempre se nos afiguraram patentes, em face dos anseios que nos norteiam, do trabalho que habitualmente executamos e do muito que, num Exército eminentemente democráticos, produzimos dia-a-dia em prol da segurança nacional e do progresso geral do país.

Estes três pontos básicos, meus camaradas, materializam a orientação que, conscientemente e inundados de fervor cívico, seguimos nos últimos dias. Tenho a certeza absoluta de que, ao seguí-la, adotei a única direção de atuação que despontava, clara e insofismável, do nosso passado, de nossa presente preocupação com o restabelecimento da Hierarquia e da Disciplina, e de nossos anseios relativos ao futuro. Diante das notícias desencontradas que inundavam o país, na noite de 31 Mar p. passado, constituí um E M operacional. Coloquei em estado de alerta o CC e dei ordem de prontidão ao BCS.

Com o evoluir dos acontecimentos, ligados a fatos concretos ocorridos em vários Estados da Federação, os planos e as medidas de controle foram sendo aprofundadas e, na madrugada de 1° Abril, por seu Cmt, a Academia declarou-se a favor daqueles que pugnavam pelo restabelecimento, no país, do clima coerente com suas tradições cristãs e com os sentimentos patrióticos da maioria esmagadora do povo brasileiro. Quando o panorama pareceu claro, a mim e a meus colaboradores diretos, não hesitei um instante em declarar a grave decisão que tomara, pois a sabia inteiramente legítima, dada a consciência cívica e o fervor patriótico de meus comandados.

Em decorrência da decisão formulada, empregamos a Cia Gda do BCS na vigilância dos pontos críticos em torno de RESENDE, estabelecemos as premissas do controle da localidade e a efetivação das primeiras medidas correlatas, e passamos a planejar o emprego do CC.

Na manhã do dia 1°, foram desencadeadas as operações de controle da cidade e as medidas de segurança convenientes. Enquanto isso ocorria, a situação militar se complicava no Vale do Paraíba e, diante da possibilidade efetivamente existente, de tropas do I Exército virem a dominá-lo em todo o território fluminense, só me restou uma atitude a tomar, dentro do quadro geral já traçado: ordenar o emprego imediato do CC na região a E de Resende, em conexão com o 1° BIB (Barra Mansa) e em ligação com o 5° RI, que avançava de Lorena.

A sorte estava lançada: duas proclamações foram preparadas e divulgadas, ao tempo em que sentia, a cada minuto, crescer o ardor combativo de meus comandados, em todos os postos da hierarquia.

O empenho desassombrado da Academia, na ocupação efetiva do terreno e nos preliminares da luta armada que se desenhava, alcançou repercussão magnífica para a causa que abraçáramos, seja na população civil, seja no seio das próprias tropas com que, provavelmente, nos defrontaríamos. Posso, mesmo, asseverar que nossa atitude se constituiu em fator dos mais decisivos para o rumo que, afinal, vieram a tomar os acontecimentos, no Vale do Paraíba e quiçá no BRASIL, cujo ponto, culminante foi a reunião na Academia, às 1800 horas de ontem, dos dois eminentes chefes militares que detinham os s comandos das forças federais em SÃO PAULO e na GUANABARA.

Oficiais, Cadetes Sargentos, Cabos, Soldados e Funcionários Civis da Academia: nosso dever formal e de consciência foi cumprido com elevação e dignidade. O Exército Brasileiro, democrático e cristão, mais um vez interveio nas lutas nacionais para restabelecer o rumo adequado a nossos sentimentos e dos postulados de nossa crença cívica.

Todos podem estar tranqüilos: o que a Pátria de nós poderia esperar lhe foi dado no momento oportuno e com a abnegação que nos caracteriza, no quadro geral de uma colaboração irrestrita e corajosa, que tocou vivamente minha consciência de homem, de cidadão e do soldado. A todos, pois, o agradecimento enternecido da Pátria Brasileira.

Cadetes!

Ao decidir empregar a Academia e, em especial, o Corpo de Cadetes, eu e meus assessores diretos fomos tomados de viva emoção. Lançávamos, assim, o sangue jovem do Exército na liça e corríamos o perigo de vê-lo umedecer as velhas terras do Vale do Paraíba. Mais forte que ela, porém, foram o sentimento de nossas responsabilidades e o conteúdo energético de nosso ideal de, no mais curto espaço de tempo, restaurar os princípios basilares de nossa instituição. Vosso entusiasmo, vosso idealismo imaculado, vossa fé nos destinos do país e vossa dedicação aos misteres militares foram os elementos fiadores da decisão então tomada, que acabou por contribuir de modo ponderável para a solução da crise, em nossa área de operações.

Após 29 anos de alheamento, a Academia Militar voltou a empenhar-se ostensivamente na luta pelo aprimoramento de nossas instituições e pela tranqüilidade de nosso país. Vós o fizestes, com pleno sucesso e com admirável galhardia. Que, por isso, a História Pátria lhes reserve uma página consagradora, fazendo-os ingressar no rol daqueles que, despidos de qualquer ambição ou interesse subalterno, um dia se dispuseram a lutar pelo país que nossos descendentes hão de receber engrandecido e respeitado.

Cadetes: pela História, atingis os umbrais da glória.



CANÇÃO DA CAVALARIA - Composição (Letra): Teófilo Ottoni da Fonseca.
Fanfarra do 3º Regimento de Cavalaria de Guarda
(3º RCG – "Regimento Osorio") CMS – EB (Porto Alegre – RS)





Click AQUI para ver a letra da Canção da Cavalaria.







Fora MST! – João Mellão neto






"OS VELHOS SOLDADOS SE DESPEDEM, MAS NÃO SE VÃO" – (General Orlando Geisel)
 
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