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Thursday, January 06, 2011

AVISO AOS "NAVEGANTES": EU NÃO TEMO "MAL" ALGUM !




A QUESTÃO DO MAL
por José Nivaldo Cordeiro

Passei as últimas semanas lendo o livro FAUSTO, de Goethe, e vasta literatura em torno do tema. Essas leituras são destinadas a fundamentar o curso que vou dar sobre o livro neste semestre. Não é uma obra simples, porque está carregada de simbolismos cujo sentido deixou de ser percepção corrente há muito tempo, provavelmente desde que foi escrito. É, por esse aspecto, uma obra muito difícil para os leitores de hoje. No centro do poema está a questão do Mal, da sua personificação. A sociedade laica e atéia que se tornou majoritária em nosso meio sequer dá-se conta da dimensão prática dessa discussão, que só teve algum interesse no período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial e, ainda assim, sob a perspectiva atéia. Um exemplo conspícuo é a obra de Hanna Arendt, tentando entender o que se abateu sobre a Europa e, em especial, sobre o povo judeu. Creio que ela fracassou por tentar responder à questão escapando ao desafio teológico colocado pelos eventos.

[Hanna Arendt deu grande impulso à linha teórica que reforça a tese dos direitos humanos como fundamento da filosofia política e jurídica enquanto instrumento para combater o totalitarismo, sem perceber que esta tese já havia sido empolgada pelos cultuadores do mesmo totalitarismo então vencido. Vemos agora no Brasil o exemplo de como essa linha teórica desaguou na justificação da dissolução dos valores ocidentais, fundamentando todas as mazelas que precederam a eclosão do totalitarismo. Como herdeira dos valores iluministas e ateus, Arendt deixou-se cair na armadilha e certamente ficaria espantada sobre o que se fala em seu nome para justificar as novas gerações de "direitos", que na prática levam ao oposto de uma sociedade juridicamente organizada de forma sã, abrindo o flanco para que novos totalitarismos emerjam.]

Definitivamente, o problema do Mal se manifesta sobretudo na dimensão política, por causa da escala cataclísmica. Ele, todavia, é também uma experiência pessoal e ouso meditar que a vida humana, ao fim e ao cabo, é uma coleção de experimentos e confrontos com o Mal, mesmo que a pessoa individualmente não tenha consciência do que se passa consigo mesma. Os filósofos e cientistas políticos que viveram no pós-guerra não esconderam seu pasmo e seu terror diante dos acontecimentos do totalitarismo que se abateu sobre o mundo na primeira metade do século XX. O Estado tornou-se o grande e mais poderoso instrumento pelo qual as personalidades demoníacas puderam praticar as maldades no limite do paroxismo. Creio ser impossível discutir seriamente filosofia política sem enfrentar a questão teórica do Mal. Daí a atualidade perene da obra de Goethe, que colocou o problema de forma integral no seu poema. O objeto deste comentário, todavia, não é o FAUSTO, mas dois textos papais acerca do tema. Dois papas e duas visões do Mal, que, sob uma ótica estrita, são visões opostas, mas que se completam em algum grau.

O primeiro texto é de autoria de João Paulo II (MEMÓRIA E IDENTIDADE, Editora Objetiva, 2005), sendo o que mais nos interessa os seus dez primeiros capítulos. O essencial do livro está no relato da experiência do papa na sua Polônia natal e o confronto que ele pessoalmente fez com as duas formas de totalitarismo mais letais que a Europa viveu: o nazismo e comunismo. João Paulo II adotou a linha de pensamento que, de certa forma, é a oficial e preponderante na Igreja Católica, que vê o Mal como mera privação do Bem, na linha inaugurada por Santo Agostinho. É uma abordagem intelectual do Mal e creio ser ela insuficiente e inadequada para dar conta da sua realidade nefanda.

O segundo texto é um discurso do Papa Paulo VI proferido em 1971 e que pode ser acessado na página do Professor Felipe Aquino. Nesse discurso famoso, o Mal assume a forma personificada que está no poema de Goethe, deixando de ser uma abstração filosófica para ser uma figura atuante. Suas primeiras palavras foram cortantes: "Atualmente, quais são as maiores necessidades da Igreja? Não deveis considerar a nossa resposta simplista, ou até supersticiosa e irreal: uma das maiores necessidades é a defesa daquele mal, a que chamamos Demônio". E, mais à frente: "O mal já não é apenas uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, espiritual, pervertido e perversor". Creio ser esta a mesma percepção de Goethe e que se encontra amplamente amparada nos textos bíblicos, desde o Gênesis até as Escrituras do Novo Testamento. Basta notar que uma das qualidades de Jesus em suas ações era o poder com que expulsava os demônios, tendo sido ele próprio tentado por Satã.

A visão intelectualista de Santo Agostinho e de João Paulo II deixa escapar o fato essencial de que o Mal é um sujeito que opera, tem vontade própria e capacidade de desencaminhar os homens individualmente, mas ele tem sobretudo a capacidade de influir sobre os homens de poder e de conhecimento. Ele sempre age por meio de homens e mulheres que se dispõem a fazer o pacto mefistofélico, como bem descrito na obra de Goethe. O enorme poder que os Estados atuais são detentores acaba por se tornar armas mortíferas contra a humanidade. Nesse sentido, os perigos dos tempos de hoje são maiores do que aqueles que antecederam as duas grandes guerras. Entender o Mal passou a ser elemento essencial para compreender como o mundo hoje está se movendo.

É no Livro de Jó que Goethe buscará inspiração para seu poema. Jó é um personagem típico do Antigo Testamento, homem temente a Deus e capaz de resistir de forma santificada às investidas do Demônio. Sua vitória sobre o Mal é completa por força dessa santidade. Em Goethe, todavia, vemos um tipo diferente de homem: o moderno intelectual que se cansou da própria ciência e está mergulhado no tédio da razão. É a criatura que desdenha do criador e que busca no trinômio sexo, poder e dinheiro os meios para escapar de sua infelicidade de ser criado. Diferentemente de Jó, Fausto se entrega voluntariamente ao Demônio, pratica toda sorte de maldades e morre para, ao final, ser resgatado, ainda assim, do fogo dos infernos. Um final cristão.

Os preferidos de Deus no Antigo Testamento eram grandes homens santos, capazes de resistir ao Mal, como Jó, José e Daniel. Mas nem sempre. Devemos nos lembrar de Davi, aquele que praticou iniqüidades, mas manteve-se como um preferido de Deus. O mesmo pode ser dito de seu filho Salomão.

João Paulo II lembrou, no seu magnífico texto, que o limite imposto ao Mal é a Redenção, exemplificada na própria encarnação do Deus Vivo. Mas essa é uma conclusão ex post facto e está mais vinculada à trajetória do indivíduo isolado. Sua finalidade é escatológica, não serve para a ação prática cotidiana dos viventes. Outra questão é como o Estado se torna o instrumento para se fazer no flagelo e no verdugo das massas, experiência não conhecida antes do século XX. Voltamos então ao problema da política e do Estado como interfaces e instrumentos da ação do Mal. Se os homens podem fazer alguma coisa para deter a eficácia do Mal em larga escala é por meio da política, agindo organizadamente sobre os centros de poder. Penso ser impossível dissociar a discussão teológica da práxis em sociedade. Mas como discutir o assunto quando ninguém nem mais acredita em Deus? Quem haverá de acreditar na ação do Demônio? Essa será talvez a maior vitória do Negador e o desamparo absoluto das gerações atuais diante do Nefando.


José Nivaldo Cordeiro: "Quem sou eu? Sou cristão, liberal e democrata. Abomino todas as formas de tiranias e de coletivismos. Acredito que a Verdade veio com a Revelação e que a vida é uma totalidade, não podendo ser cindida em departamentos estanques. Abomino qualquer intervenção do Estado na vida das pessoas e na economia, além do imprescindível para manter a ordem pública. Acredito que a liberdade é um bem que se conquista cotidianamente, pelo esforço individual, e que os seus inimigos estão sempre a postos para destruí-la. Preservá-la é manter-se vigilante e sempre disposto a lutar, a combater o bom combate. Acredito que riqueza e prosperidade só podem vir mediante o esforço individual de trabalhar. Fora disso, é sair do bom caminho, é mergulhar na escuridão da mentira e das falsas promessas".



José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP e editor do site "NIVALDO CORDEIRO: um espectador engajado". E-mail: nivaldocordeiro@yahoo.com.br


Publicado no site "NIVALDO CORDEIRO: um espectador engajado".
Sábado, 01 de janeiro de 2011.





Cueca blindada para quem precisa – Jorge Serrão








Monday, April 13, 2009

SOMENTE SERES MORALMENTE DEFORMADOS COMO HITLER, AVOCAM A SI
AS CONDIÇÕES DE APERFEIÇOAR A HUMANIDADE POR MEIO DO ESTADO.
















































TOTALITARISMO IMPERFEITO
por José Nivaldo Cordeiro

Resolvi voltar ao tema do artigo anterior (v. AQUI ) depois de ler os comentários da jornalista Barbara Gancia na Folha de São Paulo (v. AQUI ), em sua edição de hoje (10/04/09). Rememoremos. O governador José Serra apresentou projeto de lei praticamente vedando o uso de tabaco em locais públicos no Estado de São Paulo. A Assembléia Legislativa o aprovou por ampla maioria e o monstrengo legal deverá ser sancionado proximamente. Mais um entulho legal totalitário a infernizar a vida das pessoas. Devo lembrar ao caro leitor que não advogo em causa própria, pois não faço uso do cigarro. Peguei o tema como exemplo do movimento geral que percebo das esquerdas revolucionárias ora governantes. Suas inovações jurídico-legais formam um movimento em pinça que objetiva duas metas importantes: impor a qualquer custo a homogeneização da distribuição de renda, roubando os contribuintes que trabalham e cevando vastas multidões de desocupados com remunerações ilegítimas pagas por impostos; e a regulação da vida pessoal ao ponto de se suprimir a espontaneidade da existência cotidiana.

Em artigo mais antigo (v. AQUI ) demonstrei que o filósofo Ortega y Gasset percebeu o mesmo fenômeno na Europa do seu tempo, fato que registrou no livro monumental A REBELIÃO DAS MASSAS, publicado em 1930. Nas suas palavras: "O estatismo é a forma superior que tomam a violência e a ação direta constituídas em normas. Através e por meio do Estado, máquina anônima, as massas atuam por si mesmas". Estamos em plena rebelião das massas novamente.

Essa lei do governador José Serra é nada mais nada menos que isso, uma forma superior de violência direta contra os homens e mulheres livres. A burocratização da vida cotidiana ao ponto da asfixia está em grau avançado e outro nome não existe para esse processo que não ditadura. Caberia ao governante lúcido avocar para si a proteção das liberdades e das minorias; José Serra faz o seu contrário, no anseio de se credenciar junto às multidões cretinas para receber seus votos.

Mas voltemos ao texto de Barbara Gancia. Lamenta a autora que a lei não tenha sido mais abrangente: "Aos termocéfalos que ainda insistem em se matar a baforadas, ficou reservado o olho da rua e a intimidade (por quanto tempo, ninguém sabe) do próprio lar". A articulista propõe implicitamente que tal lei deveria impedir o cigarro até mesmo no ambiente do.lar, na inviolabilidade da intimidade da pessoa. A estúpida senhora completa: "Nenhum ser provido de massa encefálica pode ser contrário a uma lei que visa proteger os fumantes passivos, evita doenças graves e promove uma melhora generalizada na saúde da população".

Foto: Por quanto tempo?
"Aos termocéfalos que ainda insistem em se matar a baforadas, ficou reservado o olho da rua
e a intimidade (por quanto tempo, ninguém sabe) do próprio lar."
(Barbara Gancia)


























Eu nunca me esqueço de que Hitler subiu ao poder usando da sua obsessão com o tema da saúde como plataforma, como faz agora José Serra. Ficaram famosas suas "guerras" contra o câncer e outras doenças. Ninguém podia fumar perto dele, que também não consumia carne por supostamente fazer mal à saúde. Veja, caro leitor, que só seres moralmente deformados como Hitler avocam a si as condições de aperfeiçoar a humanidade por meio do Estado e onde isso aconteceu a ditadura virou instituição. Mesmo nos EUA vive-se a ditadura do politicamente correto e a indústria mais próspera de lá, que não sofreu com a atual crise econômica, é a ampliação da oferta de novas vagas no sistema prisional. Tudo para a sua segurança e sua saúde.

Tentando ser espirituosa, Barbara Gancia concluiu assim o seu artigo: "Na quarta-feira, jantei na companhia de amigos em um restaurante fantástico dos Jardins. Éramos 16 à mesa, a maioria advogados. Perguntei sobre a lei antifumo e ouvi que ela pode fracassar por conta da enxurrada de contestações que chegarão aos tribunais. Olhei ao meu redor e percebi uma penca de fumantes exercitando o seu vício como se não houvesse amanhã". Veja, caro leitor, que ela deixa no ar que exercitar o direito constitucional de entrar com mandatos de segurança é nocivo (como contestar uma lei supostamente tão boa e preocupada com a saúde de todos?). E observa seus amigos fumantes exercitando um suposto vício, algo contestável, esquecendo-se que a humanidade fuma desde que descobriu-se o tabaco. Ela não enxerga o óbvio: que seus amigos apenas exerciam a sua liberdade, que pessoas adultas, capazes e bem formadas, juristas ou não, são donas de suas próprias vidas. Mas liberdade é algo que essas almas deformadas pelo totalitarismo não suportam.

Nos próximos dias veremos muitos artigos de formadores de opinião assalariados ao poder fazerem a defesa dessa lei estúpida. Atente, caro leitor: são todos eles mentirosos e mal intencionados. São cabos eleitorais de ditadores por vocação. São companheiros de viagem da revolução em marcha. São lacaios dos coletivistas totalitários. Querem destruir o bem mais precioso: a liberdade individual. Precisamos resistir. Existir é resistir. Nenhuma Bárbara Gancia escreverá essas alucinações mentirosas sem ser objeto de minhas contestações. Pode me aguardar.

Aproveito para desejar a você, caro leitor, uma Feliz Páscoa, na paz de Nosso Senhor Jesus Cristo.


José Nivaldo Cordeiro: "Quem sou eu? Sou cristão, liberal e democrata. Abomino todas as formas de tiranias e de coletivismos. Acredito que a Verdade veio com a Revelação e que a vida é uma totalidade, não podendo ser cindida em departamentos estanques. Abomino qualquer intervenção do Estado na vida das pessoas e na economia, além do imprescindível para manter a ordem pública. Acredito que a liberdade é um bem que se conquista cotidianamente, pelo esforço individual, e que os seus inimigos estão sempre a postos para destruí-la. Preservá-la é manter-se vigilante e sempre disposto a lutar, a combater o bom combate. Acredito que riqueza e prosperidade só podem vir mediante o esforço individual de trabalhar. Fora disso, é sair do bom caminho, é mergulhar na escuridão da mentira e das falsas promessas".



José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP e editor do site "NIVALDO CORDEIRO: um espectador engajado". E-mail: nivaldocordeiro@yahoo.com.br


Publicado no site "NIVALDO CORDEIRO: um espectador engajado".
Sexta-feira, 10 de abril de 2009.




TOTALITARISMO EM MARCHA – José Nivaldo Cordeiro





Thursday, April 09, 2009

Um tiro que sairá pela culatra.
Comunista babaca, nunca será… Nunca será!



























TOTALITARISMO EM MARCHA
por José Nivaldo Cordeiro

Os jornais de hoje deram destaque para a aprovação, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, do projeto de lei de iniciativa do governador José Serra que veda o uso de cigarros e derivados do tabaco em locais públicos. Chama a atenção a esmagadora maioria obtida no plenário, 69 votos favoráveis contra apenas 18 contrários. Esta lei está em conformidade com a Lei Seca, a que criminaliza no âmbito federal o uso de álcool por motoristas, ainda que em quantidades mínimas.

Meu caro leitor, estamos vendo a construção paulatina da forma mais perversa de totalitarismo, aquela feita pelo "aperfeiçoamento" do sistema jurídico, ainda que mantidas as formalidades da democracia. A cada inovação legal vemos que o espaço de liberdade individual vai se estreitando. Quero aqui me perguntar porque isso está acontecendo, porque uma formidável maioria parlamentar se formou para aprovar um monstro jurídico dessa natureza. O que se esconde por detrás de iniciativas legislativa assim?

Por primeiro, tenho que sublinhar que o sentido da democracia representativa existe quando o respeito às minorias é garantido. Essa lei infringe diretamente esse princípio. Admito que hoje os fumantes são em menor número do que aqueles que não fumam, mas nem por isso são cidadãos de segunda classe. Essa gente precisa ter seu espaço de liberdade individual respeitado. Uma lei dessa natureza simplesmente revoga o direto de fumar. Por mais que médicos bem intencionados digam que o fumo não faz bem à saúde, algo que não tem comprovação científica inquestionável (meu pai morreu aos 77 anos e fumou desde os dez anos, vítima de um mal não associado ao uso do cigarro, por exemplo), não se pode permitir que o Estado use a força para curar preventivamente quem quer que seja, Da mesma forma, a Lei Seca trabalha no conceito de pré-crime, como se o usuário de álcool pudesse ser criminalizado por um suposto crime futuro que viesse a se materializar por dirigir alcoolizado, em qualquer grau.

O que vemos aqui é o mecanismo psíquico das multidões em funcionamento, as massas estúpidas que raciocinam como animais de rebanho ditando o suposto bem comum que gostariam de ver no homem. Querem a perfectibilidade humana produzida pelo sistema legal e patrocinada pelo Estado. Essa tentação desgraçada ganhou corpo no século XX e agora se expandiu de maneira incontrolável. As leis são como cânceres em metástase, uma tentativa de aperfeiçoar o homem leva sempre a uma seguinte. Por que não? Se é possível isso – a ilusão da perfeição humana produzida pelos meios jurídicos – então essa maioria estúpida leva a lógica às últimas conseqüências. E o que vemos é que as leis iníquas geram uma prisão invisível que faz dos brasileiros bois de curral.

O sofisma em que se apóia essa fúria legiferante tem dois lados. De um lado a suposição de que o homem pode ser aperfeiçoado pela engenharia jurídica estatal. Do outro, que a maioria pode ditar seus preconceitos às minorias, ao ponto de eliminá-las, como se tenta agora aos fumantes. Foi assim que começou a experiência nazista contra os judeus. Foi assim que Chicago gerou Al Capone.

Leis dessa natureza contrariam o próprio espírito da democracia, traduzindo-se no seu contrário. A criminalização das banalidades da vida não tolhe apenas as liberdades individuais, ela objetivamente sujeita o cidadão às masmorras do Estado (ou a prejuízos financeiros abusivos) ao menor descuido. Nos EUA 2% da população masculina adulta já estão atrás das grades cumprindo pena, pois naquele país a ânsia por aperfeiçoar os homens por força de lei é esforço mais antigo que aqui. O resultado dessa loucura é a multiplicação das polícias, dos fiscais e das prisões. Viver agora se tornou algo perigoso não por causas outras que não o próprio Estado, que avocou para si a condição divina de tornar os homens perfeitos.

Temos que meditar sobre a motivação dos homens que fazem essas leis iníquas. O que eles querem é uma coisa só: agradar às massas. Então fazem leis que tenham ressonância sobre a sua clientela eleitoral, para informar no horário eleitoral que tal lei é de sua iniciativa, exibindo-a como distintivo. Vivemos a ditadura das multidões estúpidas e os homens a quem cabia conduzi-las são eles mesmo conduzidos pela vontade das massas. Os verdadeiros governantes hoje não são aqueles que têm mandato, mas sim, seus marqueteiros políticos, que lhes dizem o que as massas desejam. É o rabo balançando a cabeça, não a cabeça balançando o rabo. Pesquisas de opinião valem mais do que o voto nas urnas.

A lei será sempre inexorável. Um monstrengo desses, uma vez aprovado, levará muito tempo para ser revogado. E supondo que nossos homens públicos cada vez mais procuram governar atendendo aos apelos das multidões estúpidas, tais dispositivos nunca serão revogados e serão multiplicados. Os homens e mulheres que continuam lúcidos e ciosos de sua liberdade individual correm agora o grande perigo de se tornarem a clientela preferencial do sistema prisional, serão os novos marginais, à margem da lei. Um mundo de horrores é o que nos aguarda.

Não deixa de ser cinicamente paradoxal que as mesmas pessoas que advogam pelas leis antitabagistas são aquelas que querem descriminalizar o uso de entorpecentes, como a maconha. O mundo está de cabeça para baixo. Os homens de bem precisam se unir para fazer frente à estupidez das massas, senão poderão ser destruídos. É a hora do bom combate (v. AQUI ).


José Nivaldo Cordeiro: "Quem sou eu? Sou cristão, liberal e democrata. Abomino todas as formas de tiranias e de coletivismos. Acredito que a Verdade veio com a Revelação e que a vida é uma totalidade, não podendo ser cindida em departamentos estanques. Abomino qualquer intervenção do Estado na vida das pessoas e na economia, além do imprescindível para manter a ordem pública. Acredito que a liberdade é um bem que se conquista cotidianamente, pelo esforço individual, e que os seus inimigos estão sempre a postos para destruí-la. Preservá-la é manter-se vigilante e sempre disposto a lutar, a combater o bom combate. Acredito que riqueza e prosperidade só podem vir mediante o esforço individual de trabalhar. Fora disso, é sair do bom caminho, é mergulhar na escuridão da mentira e das falsas promessas".



José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP e editor do site "NIVALDO CORDEIRO: um espectador engajado". E-mail: nivaldocordeiro@yahoo.com.br


Publicado no site "NIVALDO CORDEIRO: um espectador engajado".
Quarta-feira, 08 de abril de 2009.




Lula, o Vira-Lata – Rodrigo Constantino





Wednesday, August 22, 2007

Café com o ("merchandising") presidente.
















































Mais tentações totalitárias
por Reinaldo Azevedo

Leiam o que escreve Daniel Castro na Folha desta terça. Volto em seguida:

O Ministério Público Federal inicia hoje uma ofensiva contra o merchandising na TV, principalmente nas novelas. Grupo de procuradores da República que atua na área de comunicação social se reúne em Brasília para finalizar estratégia e concluir o texto de uma recomendação que será enviada às TVs.

De acordo com Fernando de Almeida Martins, procurador da República em Minas Gerais e integrante do grupo, o merchandising dissimulado na programação ou em cenas de novelas é uma prática ilegal. Ele se baseia no artigo 36 do Código de Defesa do Consumidor, que diz que "a publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal". "A lei não diz que o merchandising é proibido, mas tem de haver algum alerta de que se trata de publicidade", diz Martins.

A iniciativa surpreendeu as redes, que preferem não comentar o assunto até serem notificadas. O merchandising é uma poderosa forma de obter receitas. A Globo chega a faturar mais de R$ 40 milhões só de merchandising em novelas das oito, o que paga quase todo o custo de produção.

O Ministério Público Federal primeiro irá recomendar às emissoras que tomem medidas que deixem claro que determinada cena é merchandising. "Acredito que não vai haver acordo. Isso vai acabar numa ação legalizando e restringindo essa propaganda", diz Martins.

Voltei

Vocês já se deram conta de quantas pessoas querem cuidar de nós? O ministro da Saúde quer coibir a propaganda de cerveja. Vá lá, produto alcoólico, as crianças assistem aos comerciais... Parecia até justo e inocente. A Anvisa quer limitar ao horário das 21h às 6h as peças publicitárias de produtos “com taxas elevadas de açúcar, gorduras trans e saturada e sódio” e de “bebidas com baixo teor nutricional” (refrigerantes, refrescos, chás). Mais: mesmo no horário permitido, a propaganda não poderia conter personagens infantis e desenhos. Agora, os promotores querem impedir o merchandising nas novelas.

Qual é pressuposto de cada uma dessas ações? Os brasileiros são idiotas e não sabem escolher. Com base no mesmo argumento, a turminha de José Eduardo Romão, o diretor do Departamento de Justiça, queria instituir a censura prévia no Brasil. Temos um conjunto de ações — ou, por enquanto, de pretensões — que elege a mídia como inimiga. Mas não uma mídia qualquer, é claro: só aquela maculada pelo capitalismo.

Estamos de volta a um debate, acreditem, que remonta ao fim da década de 60 e início da década de 70, quando se viam severos monstros da dominação ideológica até no Tio Patinhas. Em 1971, o chileno Ariel Dorfman e o belga Armand Mattelart escreveram um troço chamado Para Ler o Pato Donald. O livro ensinava como a ideologia burguesa e imperialista impregnava Patópolis. Todas as relações, ali, estavam pautadas pelo dinheiro. Um horror mesmo. A bobagem foi um pequeno emblema de um debate que atravessou mais de três décadas. Sua origem, evidentemente, é o marxismo.

A geração formada por este debate vesgo — que deslocou a militância política para as questões da cultura — chegou ao poder. E, impregnada por toda aquela tolice, tenta, então, impor a sua agenda. Há uma disposição, quase religiosa, para livrar a sociedade dos pecados do capital. Escrevi ontem aqui uma resenha do novo livro de Ali Kamel, Sobre o Islã — A Afinidade entre Muçulmanos, Judeus e Cristãos e as Origens do Terrorismo. Ele aponta a Irmandade Muçulmana como uma espécie de incubadora do terrorismo islâmico contemporâneo. Na origem daquele movimento, estava, sem dúvida, um “puro”: Hassan al-Banna. Ele queria os muçulmanos livres dos pecados.

Kamel sustenta a tese de que os terroristas não são “fundamentalistas” — já que os fundamentos estão contra eles —, mas totalitários. No meu texto, aponto similaridades entre o pensamento e a prática das esquerdas e aquela “pureza” que redundou no terror. O demônio da esquerda é o mercado — e, por conseqüência, cedo ou tarde (sempre cedo), acaba sendo também a liberdade. Outra personagem que está na origem do terrorismo moderno, leiam lá, é Sayyd Qutb, que pretendia converter o mundo inteiro ao islamismo. Ele escrreveu: “O Islã não obriga ninguém a aceitar sua fé, mas pretende oferecer um ambiente de liberdade no qual todos possam escolher suas próprias crenças.” Parece corriqueiro, óbvio até. Mas o “ambiente de liberdade” de que ele fala supõe antes esmagar a divergência e os infiéis — porque militantes e portadores do mal.

Nada mais parecido com eles do que essa gente que quer “limpar” a televisão brasileira. Limpar do quê? Ora, da má consciência, da manipulação ideológica, de tudo aquilo que Sayyd Qutb diria "tirar a liberdade do homem". Só seríamos verdadeiramente livres para escolher depois que “eles” submetessem as coisas a serem escolhidas a uma censura prévia, a um filtro. Em nosso nome e para nos proteger, eles nos livrariam das más opções, o que, é evidente, nos conduziria, então, às escolhas corretas.

A suposição é a de que o telespectador vê a personagem numa instituição bancária ou usando um determinado cosmético e sai por aí imitando-a, contra a sua eventual vontade. Tudo porque não houve uma advertência prévia: “Isto é uma propaganda”. Trata-se de uma mentira e de uma estupidez. As pessoas são dotadas de seus próprios filtros. Não compram isso ou aquilo porque a televisão "mandou". Compram porque querem ou precisam. A mensagem comercial, no máximo, defende uma opção. Santo Deus! Houvesse esse comportamento de autômatos, bastaria que as TVs veiculassem mensagens edificantes, e a paz social seria alcançada.

Há muito tempo as novelas da Globo fazem também o merchandising social: defendem o direito dos deficientes; fazem lobby em favor do casamento gay; combatem a violência contra a mulher; incentivam a doação de sangue; discutem o racismo... As situações são inseridas nos diálogos das personagens sem um prévio aviso. Isso pode? Certamente a prática não despertou a atenção dos procuradores.

Ora, qual seria o motivo para censurar o merchandising comercial? Os telespectadores estariam desprotegidos e, nesse raciocínio perturbado, mais expostos às intenções do vendedor. Ah, é? Morais particulares à parte, alguém tente me provar que a defesa do casamento gay ou uma campanha em favor da adoção são coisas tecnicamente diferentes de vender geladeira, cosmético ou batata frita. A única diferença entre o merchandising social e o merchandising comercial é que o primeiro costuma ser gratuito. A minha pergunta: os procuradores querem defender os telespectadores da exposição a um artificialismo inserido na trama ou querem, como é mesmo?, combater o capitalismo e seus valores decadentes? Estou convicto de que é a segunda opção, embora a primeira não seja menos autoritária.

Quem compõe o grupo de procuradores que atua na área de comunicação social? Quero ver a cara dessa gente e quero saber, por exemplo, se estão vinculados a essa miríade de ONGs constituídas com o fito único de servir de policiais da mídia. Na quase totalidade dos casos, não passam de braços do petismo se fingindo de democratas vigilantes.

Os censores brasileiros estão assanhados. Ainda mais que até uma parte da mídia antes empenhada em defender a liberdade de expressão deu agora para demonizar os ricos, a classe média e o capitalismo. Os nossos Al-Banna e Sayyd Qutb estão excitadíssimos. O que tem de Robespierre e Marat dando pinta nos clubes Pinheiros e Paineiras é uma enormidade! Todos eles são “amigos do povo”.


Reinaldo Azevedo é formado em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e em Jornalismo pela Universidade Metodista, foi professor de literatura e redação dos colégios Quarup, Singular e do curso Anglo, foi também redator-chefe das revistas República e Bravo!, diretor de redação da revista Primeira Leitura, além de coordenador de política da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo. Escreve freqüentemente sobre política nos jornais "O Estado de S. Paulo" e "O Globo". Reinaldo atualmente é articulista da revista "VEJA" e escreve o blog político mais influente da rede, "Blog Reinaldo Azevedo". Polêmico, irônico, ferino, Reinaldo Azevedo é autor dos livros "Contra o Consenso: Ensaios e Resenhas", pela Editora Barracuda, do best seller "O país dos Petralhas" e por último "Máximas de um País Mínimo", ambos da Editora Record.





Publicado no "Blog Reinaldo Azevedo".
Terça-feira, 21 de agosto de 2007, 05h57.



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