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Sunday, June 26, 2011

BRASILEIROS: DEFORMADOS MORAIS CRÔNICOS !





Desonestidade é cultura
por João Ubaldo Ribeiro

Sempre se tem cuidado com generalizações, para não atingir os que não se enquadram nelas. Às vezes o sujeito odeia indiscriminadamente toda uma categoria, mas, ao falar nela e, principalmente, ao escrever, abre lugar para as exceções, os "não-são-todos" e ressalvas hipócritas sortidas. Outros recorrem a gracinhas, como na frase do antigamente famoso escritor Pitigrilli, segundo a qual "as únicas mulheres sérias são minha mãe e a mãe do leitor". No caso presente, decidi que as generalizações feitas hoje excluem todos os leitores, a não ser, evidentemente, os que desejem incluir-se - longe de mim contribuir para aumentar nossa tão falada legião de excluídos.

Antigamente, era muito comum ler ensaios e artigos escritos por brasileiros em que nós éramos tratados na terceira pessoa: o brasileiro é assim ou assado, gosta disso e não gosta daquilo. Em relação a maus hábitos então, a terceira pessoa era a única empregada. O autor do artigo escrevia como se ele mesmo não fizesse parte do povo cuja conduta lamentava. Até mesmo nas conversas de botequim, durante as habituais análises da conjuntura nacional, o comum era (ainda é um pouco, acho que o boteco é mais conservador que a academia) o brasileiro ser descrito como uma espécie de ser à parte, um fenômeno do qual éramos apenas espectadores ou vítimas. Eu não. Talvez, há muito tempo, eu tenha escrito dessa forma, mas devo ter logo compreendido sua falsidade e passei a me ver como parte da realidade criticada. Individualmente, posso não fazer muitas coisas que outros fazem, mas não serei arrogante ou pretensioso, vendo os brasileiros como "eles". Não são "eles", somos nós.

Creio que, feita a exceção dos leitores e esclarecido que estou falando em nós e não em inexistentes "eles", posso expor a opinião de que fica cada vez mais difícil não reconhecer, vamos e venhamos, que somos um povo desonesto. Não conheço as estatísticas de países comparáveis ao nosso e, além disso, nossas estatísticas são muito pouco dignas de confiança. Mas não estou preparando uma tese de mestrado sobre o problema e não tenho obrigação metodológica nenhuma, a não ser a de não falsear intencionalmente os fatos a que aludo e que vem das informações e impressões a que praticamente todos nós estamos expostos.

Claro, choverão explicações para a desonestidade que vemos, principalmente nos tempos que atravessamos, em que a impressão que se tem é de que ninguém é mais culpado ou responsável por nada. Há sempre fatores exógenos que determinaram uma ação desonesta ou delituosa. E, de fato, se é assim, não se pode fazer nada quanto à má conduta, a não ser dedicar todo o tempo a combater suas "causas". Essas causas são todas discutíveis e mais ainda o determinismo de quem as invoca, que praticamente exclui a responsabilidade individual. E, causa ou não causa, não se pode deixar de observar como, além de desonestos, ficamos cínicos e apáticos. Contanto que algo não nos atinja diretamente, pior para quem foi atingido.

Ninguém se espanta ou discute, quando se fala que determinado político é ladrão. Já nos acostumamos, faz parte de nossa realidade, não tem jeito. Alguns desses ladrões são até simpáticos e tratados de uma forma que não vemos como cúmplice, mas como, talvez, brasileiramente afetuosa. Votamos nele e perdoamos alegremente seus pecados, pois, afinal, ele rouba, mas tem suas qualidades. E quem não rouba? Por que todo mundo já se acostumou a que, depois de uma carreira política de uns dez anos, todos estão mais gordinhos e com o patrimônio às vezes consideravelmente ampliado? Como é que isso acontece rotineiramente com prefeitos, vereadores, deputados, senadores, governadores, ministros e quem mais ocupe cargo público?

Os políticos, já dissemos eu e outros, não são marcianos, não vieram de outra galáxia. São como nós, têm a mesma história comum, vieram, enfim, do mesmo lugar que os outros brasileiros. Por conseguinte, somos nós. Assim como o policial safado que toma dinheiro para não multar - safado ele que toma, safados nós, que damos. Assim como o parlamentar que, ao empossar-se, cobre-se de privilégios nababescos, sem comparação a país algum.

Em todos os órgãos públicos, ao que parece aos olhos já entorpecidos dos que leem ou assistem às notícias, se desencavam, todo dia, escândalos de corrupção, prevaricação, desvio de verbas, estelionato, tráfico de influência, negligência criminosa e o que mais se possa imaginar de trambique ou falcatrua. E em seguida assistimos à ridícula, com perdão da má palavra, microprisão até de "suspeitos" confessos ou flagrados. A esse ritual da microprisão (ou nanoprisão, talvez, considerando a duração de algumas delas) segue-se o ritual de soltura, até mesmo de "suspeitos" confessos ou flagrados. E que fim levam esses inquéritos e processos ninguém sabe, até porque tanto abundam que sufocam a memória e desafiam a enumeração.

Manda a experiência achar que não levam fim nenhum, fica tudo por isso mesmo, porque faz parte do padrão com que nos domesticaram (taí, povo domesticado, gostei, somos também um povo muito bem domesticado) saber que poderoso nenhum vai em cana. E é claro que, por mais que negue isso com lindas manifestações de intenção e garantias de sigilo (como se aqui, de contas bancárias de caseiros a declarações de imposto de renda, algo do interesse de quem pode ficasse mesmo sigiloso), essa ideia de esconder os preços das obras da Copa tem toda a pinta de que é mais uma armação para meter a mão em mais dinheiro, com mais tranquilidade. Ou seja, é para roubar mesmo e não há o que fazer, tanto assim que não fazemos. Acho que é uma questão cultural, nós somos desse jeito mesmo, ladravazes por formação e tradição.


João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro nasceu na Ilha de Itaparica, Bahia, em 23 de janeiro de 1941. Iniciou no jornalismo trabalhando como repórter no Jornal da Bahia e, tempos depois, tornou-se editor-chefe do Jornal A Tribuna da Bahia. Com seu livro, Sargento Getúlio, de 1971, ganhou o Prêmio Jabuti. Morou nos EUA, em Portugal e na Alemanha. Participou de adaptações de textos seus e de terceiros para televisão e cinema e foi premiado e homenageado em várias partes do mundo. Atualmente assina textos semanais nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo. É um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos, autor de clássicos como Viva o Povo Brasileiro, que já superou a marca dos 120 mil exemplares vendidos e é membro da Academia Brasileira de Letras. Escreveu mais de 15 livros, traduzidos em 16 países.



Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo" – (Cultura).
Domingo, 23 de junho de 2011.





CAPISCI MALEDETTO ? – Bootlead







Sunday, August 23, 2009

Andar "de quatro" será o nosso próximo estágio involutivo.
Falta pouco!






























De quatro
por João Ubaldo Ribeiro

De vez em quando eu olho aqui, olho acolá, leio o jornal do dia, vejo alguns noticiários de televisão e concluo que se, por exemplo, o governo decretasse que, de agora em diante, os cidadãos e cidadãs iam ter de ficar de quatro, enquanto estivessem em agências bancárias e repartições públicas, poderíamos esperar ver todo mundo engatinhando no dia seguinte, sem reclamar.

— Estamos baseados em estatísticas — explicará um porta-voz do ministério responsável. — Em média, os assaltos a bancos são iniciados com 86,6% dos clientes de pé, o resto sentado e nenhum de quatro. Por outro lado, não há registro de assaltos iniciados com os clientes de quatro. A mesma coisa com mau atendimento em repartições públicas, porque, entre as pessoas que ficaram de quatro nas filas do SUS, somente 23,8% deixaram de ser atendidas. Portanto, essa medida terá como efeito a redução drástica dos assaltos a bancos e do mau atendimento em órgãos públicos.

Claro, resta-nos alguma altivez e poderemos esperar protestos indignados.

Haverá passeatas e caras pintadas por todo o Brasil e, depois de manifestações ruidosas, as demandas dos rebelados serão atendidas. Ninguém pode ir contra a objetividade estatística e deixar de cooperar com a segurança e a tranquilidade públicas, de maneira que se negar a ficar de quatro estará fora de cogitação, mas o ministério se obrigará a fornecer luvas de couro e joelheiras gratuitas a todos os que tiverem de ficar de quatro. (E aí se fará a licitação para a compra desses equipamentos, vai ter subfaturamento, a Polícia Federal vai pegar três quadrilhas, sai no "Jornal Nacional" — e o resto da história já sabemos, todo mundo solto, o script habitual, mas isso já é outra conversa.) O pessoal se esquece, mas eu não — e prometi que volta e meia tocaria no assunto, só por ranhetice mesmo — daquele famoso kit de primeiros socorros para usuários de automóveis. Vocês se lembram, havia um ou mais itens dele que só eram fornecidos por um fabricante.

Ameaçados de sanções terrificantes, os donos de carros morreram em dez ou quinze pratas, não lembro bem, para comprar o kit. Deve ter sido um belo catado. Pouco depois, o governo anunciou que não era nada daquilo, realmente o kit era ainda pior do que kit nenhum e ficou tudo por isso mesmo.

Tenho certeza de que o dinheiro arrecadado foi todo destinado à melhoria das estradas do país. E ninguém protestou nem se recusou a pagar, não houve nem necessidade de enrolação enfeitada por números e percentagens pseudoestatísticas.

E assim vamos, cada vez mais protegidos pelo manto generoso do Estado e seu incansável governo. Suponho que, à luz (ou à sombra) de medidas como as tomadas contra o fumo, está implantada, ou começando a implantar-se, a noção de que o indivíduo é social e juridicamente responsável por sua saúde, nos casos em que não cuidar dela possa prejudicar outros ou onerar os serviços públicos. Por consequência, não somente fumar deve ser coibido como, talvez mais ainda, ingerir bebidas alcoólicas. O sujeito que bebe de forma contumaz está, é claro, minando seriamente sua saúde. Frequentemente, os bêbedos também matam ou aleijam inocentes, que não têm nada a ver com a cachaça alheia. E não somente os bêbedos adoecem assim. Quantos pais de família irresponsáveis não ingerem produtos tidos (e como tal provados por "estatísticas") como cancerígenos, ou causadores de entupimento nas artérias, e por aí vai? Diante da confusão criada por esse quadro, caberia ao Estado, mais cedo ou mais tarde, definir o que é saúde.

Não sei que rumos tomaria tal empreitada, mas, com certeza, certos grupos, não apenas fumantes e alcoolistas, seriam punidos, como os gordos. Ou os que se recusam a fazer exercícios físicos.

Não descarto a hipótese de um imposto especial sobre as grandes gorduras (o popular carnê-barriga) ou a contribuição permanente de indolência física.

Para não falar na saúde mental, que compõe o quadro geral da higidez.

Imagino que, num futuro que espero ainda remoto, poderá ser declarado maluco quem não apoiar o governo. Sei que pensam que maluco sou eu, quando imagino esse tipo de coisa, mas basta recordar a internação, em hospitais psiquiátricos, de dissidentes de regimes do tempo da Cortina de Ferro.

Mais proximamente, antevejo medidas contra a depressão, seguramente um sério problema de saúde. Não custará nada proibir livros, peças, filmes e músicas que possam levar à depressão ou a sentimentos, em última análise, deletérios para o equilíbrio mental e emocional e, deste modo, para a saúde. De novo, maluco sou eu, mas me lembro do nazismo, que, afinal, não está tão distante assim e nunca realmente deixou de existir.

As mais novas providências para nos proteger acabam de ser tomadas em relação às farmácias. As normas, pelo que sei, são iguais para todas as farmácias, não importa se na menor das cidades ou numa grande capital. O ímpeto inovador do Estado faz com que ele veja as farmácias das pequenas cidades remotas sob a mesma ótica que as grandes cadeias, nas áreas metropolitanas.

Nem mesmo fazer as vezes de agência bancária onde não existe nenhuma vai ser possível para as farmácias.

Enfim, teremos farmácias — as que sobrarem depois das novas medidas e acho que em Itaparica não vai restar nenhuma — de Primeiro Mundo.

Sim, os nossos principais problemas em relação a farmácias são a venda de remédios sem receita e a automedicação com a ajuda dos balconistas. Nenhum deles vai ser, nem de longe, resolvido pelas novas regras, mas, como eu digo sempre, não se pode querer tudo neste mundo e com má vontade é que não se vai para a frente. Quando pensei no exemplo dos quatro pés, não achei que era uma metáfora, mas agora estou achando.


João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro nasceu na Ilha de Itaparica, Bahia, em 23 de janeiro de 1941. Iniciou no jornalismo trabalhando como repórter no Jornal da Bahia e, tempos depois, tornou-se editor-chefe do Jornal A Tribuna da Bahia. Com seu livro, Sargento Getúlio, de 1971, ganhou o Prêmio Jabuti. Morou nos EUA, em Portugal e na Alemanha. Participou de adaptações de textos seus e de terceiros para televisão e cinema e foi premiado e homenageado em várias partes do mundo. Atualmente assina textos semanais nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo. É um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos, autor de clássicos como Viva o Povo Brasileiro, que já superou a marca dos 120 mil exemplares vendidos e é membro da Academia Brasileira de Letras. Escreveu mais de 15 livros, traduzidos em 16 países.


Publicado no jornal "O Globo".
Domingo, 23 de agosto de 2009.




ONDE ESTAIS "LEÔNIDAS"? – Ministro Olympio Pereira da Silva Junior






Tuesday, March 10, 2009

A Praça dos Três Poderes: O tricéfalo "Cérbero" * com seu apetite insaciável.

Ilustração: "Cérbero" de Paul Gustave Doré para a Divina Comédia.

































Click AQUI se desejar ver a imagem no tamanho original (1024 x 818)

Antessala do inferno
por João Ubaldo Ribeiro

Não está na moda acreditar no inferno, mas encaro isso com suspeita, pois não dizem que a maior vitória de Satanás é não acreditarem nele? Aliás, atrevendo-me a adivinhar a estratégia do Inimigo, imagino que deve ser assim mesmo, pois ao desdenhar da sua dele existência e das penas avernais, seus prepostos e futuras almas sob seu domínio vão fazendo o trabalho dele sem lhe dar cuidados. A expressão "estar como o Diabo gosta" deixa de ser brincalhona e passa a aplicarse seriamente ao Brasil. Correndo o risco de soar cínico, chego a sugerir que a crença na existência do inferno seja fomentada pelos óbvios descrentes que nos governam. (Ou então creem, mas acham que Deus olha para o outro lado e não os vê nas muitas horas em que estão perpetrando todo tipo de bandidagem; e, claro, confiam em que a misericórdia divina é infinita, esquecendo que é infinita, mas não otária.) Funcionaria, se é que não já funciona, como excelente ópio do povo. Acreditar no inferno pode ser, para muitos brasileiros, a única maneira de manter uma relativa sanidade mental. Já se viu que, neste vale de lágrimas, os salteadores que se instalaram em todos os poderes, em todos os níveis, em todos os graus desta federação de meia-tigela, nunca vão pagar por nada. Por conseguinte, resta ao cidadão ultrajado, roubado, menosprezado e vilipendiado botar fé em que Satanás, mais dia menos dia, cuidará do assunto à sua maneira.

Não foi à toa que, como é mostrado no livro de Jó, Deus criou Satanás e tem uma certa curiosidade paternal sobre ele e suas realizações — vamos dizer que o acha um mal necessário.

Talvez até não seja tão ridículo assim imaginar um inferno como nas ilustrações de Gustave Doré para A Divina Comédia, ou mesmo pior, com lagartões comendo o sujeito vivo, poças de excremento onde se é obrigado a chafurdar ("saíste do metafórico para o literal", poderá brincar um diabão letrado, ao aplicar esse tratamento no próximo senador que for dar com os costados lá), tentar dormir em catres permanentemente úmidos, frios, cheios de pulgas, aranhas, baratas e ratazanas, com o sono frequentado por pesadelos medonhos.

Por que não? Todo homem constrói seu próprio inferno e, se é assim que pensa no inferno um desses meliantes, assim seu inferno será.

Peço desculpas pela teologia de botequim, mas creio estar dando minha contribuição para a estabilidade social do país. Existe inferno, tem que existir.

Inicialmente, pensei em tomar emprestada a expressão aplicada por um senador ao Congresso Nacional (ou somente ao Senado, não tenho certeza, mas me responsabilizo pela extensão): casa de tolerância. Mas depois pensei na grande injustiça contra as prostitutas assim cometida pelo senador e não quis repeti-la aqui. Não estou fazendo graça, não, é uma injustiça mesmo. Quantas prostitutas (só estou tratando das profissionais, as idôneas) se locupletaram do dinheiro público? Quantas prostitutas afanaram verbas destinadas a obras de saneamento, merendas escolares e todo tipo de programa, até mesmo os destinados a matar a fome dos mais miseráveis? Ou seja, quantas prostitutas encheram o pandulho às custas da fome de uma criança? Quantas prostitutas mantêm escravos a seu serviço? Quantas prostitutas mentem como rotina, se valem de truques jurídicos para tirar o toba da seringa e enriquecem por fraude, concussão, advocacia administrativa e todo tipo de tramoia concebível? Quantas prostitutas têm entrada na polícia ou respondem a processos criminais, descontando-se que não têm imunidade nem foro especial e são tratadas com santimonial hipocrisia até pelos fregueses? Quantas prostitutas contribuem todos os dias para a descrença geral, o cinismo, a desmoralização das instituições democráticas, o "cada um cuide de si", "farinha pouca, meu pirão primeiro", "se eu não meter a mão, neguinho vem e mete", "vassífu o avião, que eu não sou piloto" e mais lemas que hoje orientam nosso comportamento? Será exagero aqui do poeta oferecer a hipótese de que o Brasil tem muitíssimo melhor exemplo em suas putas que em seus parlamentares? Os congressistas talvez se enganem um pouco com a imagem do Congresso e de seus membros. Enganamse para melhor, pois pouco falta para, na usança popular, político, deputado, senador, vereador etc. virarem sinônimos perfeitos de ladrão esperto e impune. Pelo interior do Brasil, já há muita gente apelidada pejorativamente de Político ou Deputado e sei de pelo menos um proprietário de jegues, Luíz Olegarino, lá de Itaparica, que se recusa a chamar seus animais de qualquer nome que, mesmo remotamente, lembre políticos.

"O bichinho nasce e eu vou logo difamando?", diz Luís.

Ninguém os respeita. Pela frente, sim, a maior parte com medo de desagradar à autoridade. Fomos, quase todos nós, criados para ter uma postura subserviente diante da autoridade e agir como se o ocupante de cargo público não existisse para servir ao cidadão. Outra parte por puxa-saquismo.

E ainda outra parte por admiração, pois considera a política, conforme o exemplo vindo de cima, o caminho mais seguro para o sujeito "se fazer". Tanto assim que se contam nos dedos os políticos que não encerram a carreira com o patrimônio opulentamente engordado, tudo dentro desta "legalidade" indecente, que não se faz nada para mudar. A coisa pública é conduzida como feudo, aceita-se tudo e não se responde por nada, dentro de um sistema podre, imoral e delinquente, sem valores que não os da pilhagem, sem ética que não a do silêncio conivente, sem ideal que não a prosperidade pessoal.

O país é governado por decretosleis com o nome artístico de medidas provisórias.

O Congresso, para o povo, não é nada, não serve para nada além de roubar e dar despesa. E ainda falam em imagem. Nem se olhem no espelho, que o espelho ou quebra ou cospe em vocês. E, sim, o inferno existe, pensem nisso.

*NR. Na mitologia grega, Cérbero ou Cerberus (em grego, Kerberos = "demônio do poço") era um monstruoso cão de três cabeças e cobras ao redor do pescoço que guardava a entrada do Hades, o reino subterrâneo dos mortos, deixando as almas entrarem, mas jamais saírem e despedaçando os mortais que por lá se aventurassem. Em "A Divina Comédia" de Dante Alighieri, Cérbero aparece no Inferno dos Gulosos.


João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro nasceu na Ilha de Itaparica, Bahia, em 23 de janeiro de 1941. Iniciou no jornalismo trabalhando como repórter no Jornal da Bahia e, tempos depois, tornou-se editor-chefe do Jornal A Tribuna da Bahia. Com seu livro, Sargento Getúlio, de 1971, ganhou o Prêmio Jabuti. Morou nos EUA, em Portugal e na Alemanha. Participou de adaptações de textos seus e de terceiros para televisão e cinema e foi premiado e homenageado em várias partes do mundo. Atualmente assina textos semanais nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo. É um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos, autor de clássicos como Viva o Povo Brasileiro, que já superou a marca dos 120 mil exemplares vendidos e é membro da Academia Brasileira de Letras. Escreveu mais de 15 livros, traduzidos em 16 países.


Publicado no jornal "O Globo".
Domingo, 08 de março de 2009.




NEM TUDO ESTÁ DOMINADO – A DECISÃO DO CONFRONTO NECESSÁRIO I e II – Geraldo Almendra





Monday, September 22, 2008

Era uma vez um "tucano" ...

Fotomontagem: © by Bootlead 2008



































"Saiu de moda fazer oposição" (Senador Sérgio Guerra, Presidente Nacional do PSDB - "Tucano")

Estão pensando que eu sou bobo
por João Ubaldo Ribeiro

Esta vida é um rude golpe atrás do outro. A gente pensa que conseguiu algum tempo de sossego e aí lá vem perturbação no juízo. E confesso a vocês que não esperava a revelação que me fizeram de chofre e sem misericórdia, na semana que passou. Dirão talvez muitos entre vocês que isto mostra como ando alienado, pois o que me contaram não devia ser surpresa para ninguém, muito menos para mim. Mas talvez alguma defesa inconsciente me viesse bloqueando a visão durante todo este tempo. Terei sido, ai de mim, o pior dos cegos, aquele que não quer ver.

O que me disseram foi ainda mais cruel, por simples e certeiro: "Você está fora da moda." Convenhamos que o sujeito ainda mal desperto, com uma certa ressaca do café da manhã e a perspectiva de mais um dia enfarruscado e frio, ouvir uma dessas é nocauteante. Como, eu estava fora da moda? Estava, estava. Estava, não; está. Já deu no jornal, já é conversa quase unânime, vai entrar para o politicamente correto em breve. Fazer oposição não está com nada mesmo, está inequívoca, inegável e ridiculamente fora da moda.

Creio haver saído cambaleante, em direção aqui ao escritório. Sim, sim, aquelas palavras ricocheteavam pelas paredes, ziguezagueavam pelo oco que parecia ser meu crânio. Podia esperar de tudo, até mesmo que o Bahia contratasse a Marta e a Cristiane e ganhasse o Brasileirão, mas isso era demais. Eu, um sujeito tão esforçado, que faz questão de cumprir sua obrigação com o maior empenho possível, estava assim fora da moda, um rebotalho, um fósforo queimado atirado no chão, como no samba-canção que Ângela Maria cantava?

Pois é, inútil tapar o sol com uma peneira. Agora que o fim está próximo, acho que posso abrir o peito com vocês sem reservas. Durante toda a minha vida, desde o menino tímido de calças curtas e óculos redondos até o - como direi? - estranho senhor que ora escreve para um público talvez demasiado indulgente, meu sonho sempre foi estar na moda. Ser chique, então, nem se fala, sempre foi tudo o que secretamente quis.

Sentei-me, o travo amargo da desilusão e da derrota na boca, o teclado agora me parecendo um traste transmissor de bobagens para o computador, a vida um deserto sem sentido. Avaliei deprimidamente o passado. Com todo o cuidado, fiz a coisa certa, ou o que fazem os ineptos e malfadados do meu quilate.
Procurei para onde ia o barco dos bem-pensantes e dos que ficam na moda, embiquei o meu também para lá, na mais pura obediência a meus interesses pessoais, querendo - meu Deus, será tão grave pecado assim? - desesperadamente entrar na moda ou ficar nela. E tive a paga dos vilões de novela, agora num mato sem cachorro, sem poder abrir o bico, para não ser vaiado, esnobado ou expulso da mesa do boteco. Isto para não falar nos que clamam por ostracismo ou exigem degredo. Acho que nem de escuta telefônica tenho mais que ter medo, nadir da degradação e da decadência, no Brasil.

Mas ainda tenho meus trunfos na manga. Se cair, caio de pé, o que não sei bem como se faz, mas já ouvi gente dizendo, de maneira que deve estar certo. E espero ser chique também, não esquecer que quero muito ser chique. E, assim, já estudo projetos para não fazer oposição. Acho algumas idéias um pouco exageradas, tais como a que me deu uma ex-fã (foi assim mesmo que ela assinou o e-mail), segundo a qual eu deveria subir a pé até o Redentor e de lá cantar "Errei, sim" o domingo inteiro. A caminhada até Brasília, para exibir ao público o cartaz "Perdão, Brasil", logo antes de beijar os pés do presidente, se ele deixar, também me pareceu um pouco forçada.

Não, creio que há caminhos mais simples e mais eficazes. Escrevo um livro com um título singelo como Memórias de Um Carreirista. Não será difícil, porque até nisso, sem eu perceber e muito menos agradecer, ele já vinha me ajudando. Porque meu modelo, mesmo fisicamente inexistente como livro, seria o volume que ele talvez pudesse escrever, com a diferença de que ele deu certo e que o título dele seria Memórias de Um Pelego. No meu, contarei toda a minha luta inglória para estar na moda, inclusive durante o governo Fernando Henrique, do qual também burramente falei mal.

Será que ele me perdoa? Podia perguntar "eles", me referindo ao PT, mas não tem mais PT. Será que encontrará lugar, em seu grande coração, de me dizer qualquer coisa tal como "Sim, te acolho e te perdôo, porque viste a Verdade e não é dado a quem encarna a Verdade negar o perdão a quem A reconhece". E, mais tarde, que me mande falar "vem, meu filho, que te darei o que dou a todo o meu rebanho: queres uns dois Bolsas Famílias ou um emprego num dos muitos lugares que reservo e crio todo dia, a fim de abrigar minhas ovelhas desgarradas?".

Sei que meus desafetos já previam o meu fim. Mas não contavam com a minha astúcia. Tão certo como, lá caladinhos e metendo a mão num rico faturamentozinho, estão secando o Rio São Francisco; tão certo como roubaram, roubam e roubarão no e do governo e ninguém vai preso; tão certo quanto vivemos bem e à tripa forra, principalmente em matéria de educação, saúde e segurança; tão certo como agora, com o Pré-Sal, vamos ter dinheiro até para comprar os Estados Unidos inteiros, se eles começarem a incomodar demais; tão certo quanto estou achando esse governo a solidificação de uma ditadura galhofeira dos poderosos de sempre, sobre a mesma massa ovina. Tão certo quanto tudo isso e muito mais, podem ter certeza de que voltarei triunfalmente à moda. Aderi. Oposição, meu caro amigo, minha encantadora amiga, vão procurar num lugar fora da moda por aí. Poderei ter de mentir um pouco, mas estarei na moda. Aliás, mentir também está, não está?

''Fazer oposição não está com nada mesmo, está inegável e ridiculamente fora de moda''

''Sei que meus desafetos já previam o meu fim. Mas não contavam com a minha astúcia''


João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro nasceu na Ilha de Itaparica, Bahia, em 23 de janeiro de 1941. Iniciou no jornalismo trabalhando como repórter no Jornal da Bahia e, tempos depois, tornou-se editor-chefe do Jornal A Tribuna da Bahia. Participou de algumas coletâneas antes de publicar seu primeiro livro, intitulado Setembro Não Tem Sentido, em 1968. Com seu segundo livro, Sargento Getúlio, de 1971, ganhou o Prêmio Jabuti. Morou nos EUA, em Portugal e na Alemanha. Participou de adaptações de textos seus e de terceiros para televisão e cinema e foi premiado e homenageado em várias partes do mundo. Atualmente assina textos semanais nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo. É um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos, autor de clássicos como Viva o Povo Brasileiro, que já superou a marca dos 120 mil exemplares vendidos e é membro da Academia Brasileira de Letras. Escreveu mais de 15 livros, traduzidos em 16 países.


Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo" - (Caderno 2 – Ponto de Vista).
Domingo, 21 de setembro de 2008.



Curiosidades obâmicas – Olavo de Carvalho



Sunday, June 22, 2008

Suicídio Coletivo: Um país de cegos guiados por um doido!












































Pode ser que ele esteja maluco
por João Ubaldo Ribeiro

Sei que, para os lulistas religiosos, a ressalva preliminar que vou fazer não adiantará nada. Pode ser até tida na conta de insulto ou deboche, entre as inúmeras blasfêmias que eles acham que eu cometo, sempre que exponho alguma restrição ao presidente da República. Mas tenho que fazê-la, por ser necessária, além de categoricamente sincera. Ao sugerir, como logo adiante, que ele não está regulando bem do juízo, ajo com todo o respeito. Dizer que alguém está maluco, principalmente alguém tido como sagrado, pode ser visto até como insulto, difamação ou blasfêmia mesmo. Mas não é este o caso aqui. Pelo menos não é minha intenção. É que às vezes me acomete com tal força a percepção de que ele está, como se diz na minha terra, perturbado da idéia que não posso deixar de veiculá-la. É apenas, digamos assim, uma espécie de diagnóstico leigo, a que todo mundo, especialmente pessoas de vida pública, está sujeito.

Além disso, creio que não sou o único a pensar assim. É freqüente que ouça a mesma opinião, veiculada nas áreas mais diversas, por pessoas também diversas. O que mais ocorre é ter-se uma certa dúvida sobre a vinculação dele com a realidade. Muitas vezes - quase sempre até -, parece que, quando ele fala "neste país", está se referindo a outro, que só existe na cabeça dele. Há alguns dias mesmo, se não me engano e, se me engano, peço desculpas, ele insinuou ou disse claramente que o Brasil está, é ou está se tornando um paraíso. Fez também a nunca assaz lembrada observação de que nosso sistema de saúde já atingiu, ou atingirá em breve, a perfeição, até porque está ao alcance de qualquer cidadão, pela primeira vez na História deste país, ter absolutamente o mesmo tratamento médico que o presidente da República.

Tal é a natureza espantosa das declarações dele que sua fama de mentiroso e cínico, corrente entre muitos concidadãos, se revela infundada e maldosa. Ele não seria nem mentiroso nem cínico, pois não é rigorosamente mentiroso quem julga estar dizendo a mais cristalina verdade, nem é cínico quem tem o que outros julgam cara-de-pau, mas só faz agir de acordo com sua boa consciência. Vamos dar-lhe o benefício da dúvida e aceitar piamente que ele acredita estar dizendo a absoluta verdade.

Talvez haja sinais, como dizem ser comum entre malucos, de uma certa insegurança quanto a tal convicção, porque ele parece procurar evitar ocasiões em que ela seria desmentida. Quando houve o tristemente célebre acidente aéreo em Congonhas, a sensação que se teve foi a de que não tínhamos presidente, pois os presidentes e chefes de governo em todo o mundo, diante de catástrofes como aquela, costumam cumprir o seu dever moral e, mesmo correndo o risco de manifestações hostis, procuram pessoalmente as vítimas ou as pessoas ligadas a elas, para mostrar a solidariedade do país. Reis e rainhas fazem isso, presidentes fazem isso, primeiras-damas fazem isso, premiers fazem isso. Ele não. Talvez tenha preferido beliscar-se para ver ser não estava tendo um pesadelo. Mandou um assessor dizer umas palavrinhas de consolo e somente três dias depois se pronunciou a distância sobre o problema. O Nordeste foi flagelado por inundações trágicas, o Sul assolado por seca sem precedentes, o Rio acometido por uma epidemia de dengue, ele também não deu as caras. E recentemente, segundo li nos jornais, confidenciou a alguém que não compareceria a um evento público do qual agora esqueci, por temer receber as mesmas vaias que marcaram sua presença no Maracanã.

Portanto, como disse Polônio, personagem de Shakespeare, a respeito do príncipe Hamlet, há método em sua loucura. Não é daquelas populares, em que o padecente queima dinheiro (somente o nosso, mas aí não vale) e comete outros atos que só um verdadeiro maluco cometeria. Ele construiu (enfatizo que é apenas uma hipótese, não uma afirmação, porque não sou psiquiatra e longe de mim recomendar a ele que procure um) um universo que não pode ser afetado por cutucadas impertinentes da realidade. Notícia ruim não é com ele, que já tornou célebre sua inabalável agnosia ("não sei de nada, não ouvi nada, não tive participação nenhuma") quanto a fatos negativos. Tudo de bom tem a ver com ele, nada de ruim partilha da mesma condição.

Agora ele anuncia que, antes de deixar o mandato, vai registrar em cartório todas as suas realizações, para que se comprove no futuro que ele foi o maior presidente que já tivemos ou podemos esperar ter. Claro que se elegeu, não revolucionariamente, mas dentro dos limites da ordem (?) jurídica vigente, com base numa série estonteante de promessas mentirosas e bravatas de todos os tipos. Não cumpriu as promessas, virou a casaca, alisou o cabelo, beijou a mão de quem antes julgava merecedor de cadeia e hoje é o presidente favorito dos americanos, chegando mesmo, como já contou, a acordar meio aborrecido e dar um esbregue em Bush. Cadê as famosas reformas, de que ouvimos falar desde que nascemos? Cadê o partido que ia mudar nossos hábitos e práticas políticas para sempre? O que se vê é o que vemos e testemunhamos, não o que ele vê. Mas ele acredita o contrário.

Acredita, inclusive, nas pesquisas que antigamente desdenhava, pois os resultados o desagradavam. Agora não, agora bota fé - e certamente tem razão - depois que comprou, de novo com o nosso dinheiro, uma massa extraordinária de votos. Não creio que ele se julgue Deus ainda, mas já deve ter como inevitável a canonização e possivelmente não se surpreenderá, se lhe contarem que, no interior do Nordeste, há imagens de São Lula Presidente e que, para seguir velha tradição, uma delas já foi vista chorando. Milagre, milagre, principalmente porque ninguém vai ver o crocodilo por trás da imagem.

"É que, às vezes, me acomete a percepção de que ele está, como se diz na minha terra, perturbado da idéia"

"Ao sugerir que o presidente não está regulando bem do juízo, ajo com todo o respeito"



João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro nasceu na Ilha de Itaparica, Bahia, em 23 de janeiro de 1941. Iniciou no jornalismo trabalhando como repórter no Jornal da Bahia e, tempos depois, tornou-se editor-chefe do Jornal A Tribuna da Bahia. Participou de algumas coletâneas antes de publicar seu primeiro livro, intitulado Setembro Não Tem Sentido, em 1968. Com seu segundo livro, Sargento Getúlio, de 1971, ganhou o Prêmio Jabuti. Morou nos EUA, em Portugal e na Alemanha. Participou de adaptações de textos seus e de terceiros para televisão e cinema e foi premiado e homenageado em várias partes do mundo. Atualmente assina textos semanais nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo. É um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos, autor de clássicos como Viva o Povo Brasileiro, que já superou a marca dos 120 mil exemplares vendidos e é membro da Academia Brasileira de Letras. Escreveu mais de 15 livros, traduzidos em 16 países.


Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo".
Domingo, 22 de junho de 2008.



O Testamento do Dr. Mabuse

"Quando a humanidade, subjugada pelo temor da delinqüência, se tornar louca por efeito do medo e do horror, e quando o caos se converter em lei suprema, então terá chegado o tempo para o Império do Crime." Dr. Mabuse

NR. O Dr. Mabuse é um personagem criado pelo escritor luxemburguês Norbert Jacques porém, quem deu fama ao Dr. Mabuse foi o diretor cinematográfico austríaco Fritz Lang em uma série de três filmes (a figura que antecede ao artigo de Ubaldo é uma reprodução do cartaz do primeiro filme de Lang com o personagem: "Dr. Mabuse - O Jogador" de 1924).

Dizia Mabuse então: "Só resta uma coisa de interessante: jogar com as pessoas e seus destinos". Quando seu império do crime desmorona, Mabuse enlouquece e é internado num manicômio em estado catatônico. Era o louco tomando conta do hospício, mas há método por trás da loucura; há planos traçados pela insanidade. Assim era o nazismo; assim é o comunismo; assim é o petismo. Mabuse foi profético.

Para o Dr. Baum, seu psiquiatra (e admirador secreto), Mabuse é acima de tudo, um cérebro para ser estudado, já que se caracteriza por sua absoluta singularidade, sua excepcionalidade, em algumas passagens Mabuse também é comparado com um "fantasma", cuja identidade é incerta, mutável, transitiva (uma metamorfose ambulante?). Interessante notar, que através de todo o filme de Fritz Lang, o Dr. Mabuse tem seu nome repetido pelo seus seguidores como se fosse um mantra (propaganda maciça?).

Seus projetos são complexos e envolvem, em última instância, a destruição das estruturas e instituições sociais. O seu maior disfarce é precisamente o que não esconde nada por detrás da máscara. O criminoso representa o pesadelo de um nome sem referência, numa perpétua e incômoda ausência do objeto nomeado.

O personagem Dr. Mabuse, com seus poderes hipnóticos e telepáticos, manipulava suas vítimas como marionetes, brincando com as vidas de todos os que caiam sob sua influência, cujos planos envolviam a utilização de diversas máquinas (que tal urnas eletrônicas?) e outros aparatos (bolsa-família?), capazes de auxiliá-lo no projeto de estabelecer o "Império do Crime".
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Veja também: O "presidente" do Brasil é um louco de pedra!


"SERVIR", NÃO "SERVIL!" – ORDEM ERRADA NÃO SE CUMPRE!



 
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