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Thursday, September 18, 2008

Honra e interesse, não cabem no mesmo saco!

Foto: Pátio Tenente Moura (AMAN - Academia Militar das Agulhas Negras)






























O Exército que temos e o Exército que precisamos.
por Gélio Augusto Barbosa Fregapani

A História está cheia de exemplos de derrotas de bons exércitos que pararam no tempo. Durante uma guerra, os exércitos evoluem se ainda tiverem oportunidade, mas a deusa da vitória só sorri para quem, se antecipando, soube quando, por que e como mudar.

Querendo preparar o nosso Exército para vencer nas guerras que podem acontecer , devemos primeiro identificar quais as ameaças à nação que possam justificar uma guerra, em que tipo de guerra teríamos que lutar e, finalmente como poderíamos vencer tal guerra.

Exércitos servem para garantir, pela força, os objetivos nacionais. Isto só funciona se for forte suficiente e adequado ao tipo de luta que se pode prever. Ainda que os Objetivos Nacionais devam ser definidos pelos governos, todos conhecem alguns deles que necessariamente devem ser garantidos pela força: a Independência; a Integridade Territorial, a Autonomia em face de pressões militares e a Ordem Interna. Consideramos que não existe ameaça à Independência. A independência é um fato consolidado e irreversível. Entretanto quanto aos outros objetivos...

Até a década de 60, a Amazônia não era motivo de preocupação. Era tida como Região Amortecedora — na nossa Geopolítica e na de alguns ‘brasilianists’ norte-americanos. A partir de então, os oficiais em serviço na área iniciaram a detectar sinais de perigo. Mesmo para os desavisados a Amazônia passou a ser algo mais do que uma região ocupada por uma densa floresta tropical em 1986, quando milhares de cidadãos europeus assinaram documento que foi submetido ao Congresso Constituinte no Brasil com a intenção de que fosse incorporado ao texto da Carta Magna que estava sendo elaborada, dando às tribos indígenas o status de Nação. Na década de 90 as pressões internacionais atingiriam um grau alarmante.

No ocaso da Guerra Fria, já estava evidente que a ameaça estava ao norte, e não partia de nossos vizinhos, mas de povos mais evoluídos contando com forças muito superiores. Para esta última hipótese, estudos do Estado Maior mostravam nossa completa inferioridade não só de efetivos como principalmente de armamentos e tecnologia

Reconhecida como principal, ameaça, a ambição estrangeira pela Amazônia, evidenciou-se que entre os cenários possíveis haveria o de confronto militar. Os dois sub-cenários mais prováveis: a secessão de terras indígenas apoiadas pelas grandes potências ou a simples tomada a "manu militari" para se apoderar de matérias primas, sempre nas desabitadas mas altamente mineralizadas serras do norte da Amazônia.

Obviamente que, em qualquer dos casos, enfrentaríamos um inimigo infinitamente superior, impossível de vencer em campo raso, que contará com supremacia aérea e naval e ainda terá ao seu lado as tribos indígenas industriadas pelas ONGs. No caso de secessão de terras indígenas, mesmo apoiadas militarmente por países desenvolvidos, a guerra provavelmente se circunscreveria às terras do norte da Amazônia. No caso de agressão militar aberta, numa tentativa de quebra da vontade nacional podemos esperar bombardeios seletivos como das hidrelétricas, tomada ou destruição das plataformas de petróleo, bloqueio naval, bombardeios e mesmo tomada de cidades, centros industriais e de decisão. Em ambos os casos, o tamanho do território nacional impede uma ocupação total, o que significa que sempre teremos uma base para contra-atacar.

Identificada a ameaça, a boa doutrina aponta o método a ser seguido: perguntamos se a nossa organização, nossos equipamentos e nossos procedimentos conteriam a ameaça. Caso negativo, o que necessitaremos modificar nos procedimentos, equipamentos e organização para garantir o sucesso. Trataremos aqui, para esta hipótese, apenas da preparação das Forças de Terra abstraindo a ação das demais Forças armadas e da também indispensável Defesa Civil. Mesmo limitando o estudo ao Exército, será necessário alguma "quebra" de paradigmas. Algo difícil, pois abarca aspectos de ordem cultural e requer mudanças na doutrina e nos conceitos organizacionais e operacionais, porém devemos encarar a necessidade da transformação da Força Terrestre como inevitável se quisermos vencer, ou mesmo termos uma oportunidade de dissuadir o adversário de por seus planos em execução.

– O Exercito que temos. Como está?

Com parcos recursos o Exército Brasileiro faz grande esforço para manter algum poder de combate. Tal como na maioria dos Exércitos atuais, a brigada e a divisão são os tipos de Grande Unidade permanente. A brigada com 2 a 5 batalhões e a Divisão com 2 a 5 Brigadas, sempre com as unidades complementares de artilharia, engenharia comunicações e apoio logístico. A estrutura é flexível; seria adaptada para o combate campal se fosse dotada de material atualizado.

Possuímos quatro divisões razoavelmente completas (ainda que dotadas de material defasado), sendo as demais incompletas. Poucas unidades e apenas uma brigada são constituídas por tropa profissional. A maioria das unidades, sujeita ao ciclo anual de incorporação e baixa dos conscritos quase nunca está pronta para o combate. Em sua maioria os batalhões têm boas condições de montar patrulhas de combate, mas não de atuar como uma unidade em combate moderno. Em operações, podem ser empregadas brigadas orgânicas ou Forças-Tarefa compostas por elementos de uma ou mais brigadas, como acontece nas Forças de Paz enviadas ao exterior.

Convencido que não teria inimigos a altura na América do Sul, o Exército deu mais ênfase à mobilização do que ao pronto emprego. A dimensão do País e a experiência da Guerra do Paraguai reforçavam a certeza que, uma vez atacado, as forças vivas da nação teriam condições de reagir e montar o exército que fosse necessário. Durante um século nossas hipóteses de guerra versavam em torno da herança colonial, contra os castelhanos da Argentina ou mesmo contra uma coligação de países do Cone Sul. Para aquela guerra estávamos relativamente preparados: bastava retardar o inimigo até uma linha defensiva, agüentar lá até que o nosso potencial fosse mobilizado, quando passaríamos a ofensiva. Isto não aconteceu. Em vez disso tivemos que enviar uma Força Expedicionária contra a Alemanha, e só conseguimos juntar uma Divisão, assim mesmo equipada pelos nossos aliados. A partir daí, com a Guerra Fria, esta hipótese foi perdendo força, avultando as necessidades da defesa interna, aliás, bem sucedida, e a pressuposição que numa próxima guerra, nossa participação seria com nova força expedicionária. Que a defesa do território se resumiria a questões intestinas.

As falhas do sistema, já vivenciadas por ocasião da FEB, evidenciavam cada vez que devia ser montada com rapidez uma força expedicionária, mesmo que fosse só um batalhão em missão de paz. Avultou a necessidade de haver tropas de pronto emprego e de mobilidade aérea para as operações internas. Mesmo carente de recursos, o Exército preparou como pode tropas de pronto emprego e criou uma aviação própria. Para enfrentar a hipótese de confronto com forças muito superiores, especialmente nas serras do norte da Amazônia, estudos do Estado Maior mostravam nossa completa inferioridade não só de efetivos como, principalmente, de armamentos e tecnologia. Temos consciência de que uma nossa unidade militar com o armamento e o equipamento existentes, que se choque em campo raso com uma unidade dotada com armamento e equipamento modernos, se desmanchará como um pote de barro trombando com um pote de ferro.

Nosso Exército, da forma em que está não tem possibilidade de superar esta ameaça, quer se circunscreva às áreas ambicionadas da Amazônia quer inclua atuação nos pontos chaves do espaço ecúmeno nacional visando quebrar a vontade de resistir. Podemos agüentar bombardeios em nosso território, por muito prejuízo que cause. Havendo invasão de espaço povoado, até poderemos responder com guerrilhas rurais e urbanas, se as tivermos preparado com antecedência; entretanto mesmo as tropas de pronto emprego não teriam como fazer face ao poderoso inimigo em batalha campal, e a tão necessária mobilidade aérea, indispensável face ao tamanho do nosso território, é completamente inútil quando o inimigo tem a supremacia no ar.

Caso o inimigo se limite a estabelecer uma "Zona de Exclusão" no estilo que houve nas Malvinas abrangendo apenas as reservas indígenas da fronteira (Ianomami, Raposa, Uai-Uai, Atroari e outras, - exatamente nas mineralizadas serras do norte), reação possível somente com as tropas existentes no local da invasão ou com as que conseguirmos levar até lá. Com certeza se repetiriam, em nossos pelotões de fronteira, episódios como o de Antonio João em Dourados, de significado moral, mas de nulo efeito operacional. Os atuais pelotões de Fronteira são marcos da nacionalidade, mas em termos bélicos não têm maior significação; ao contrário, por não serem auto-suficientes, terão que ser sustentados logisticamente mesmo estando fora da área atacada em ocasião em que todos os meios disponíveis serão necessários em combate. Só articulando com antecedência se poderia contar com o auxílio de umas poucas tribos indígenas e principalmente dos garimpeiros.

No momento, para evitar a atuação de inimigo muito superior em apoio à independência de nações indígenas, o Exército aposta no que lhe resta: a dissuasão que possa ser provocada pela certeza de que faríamos uma guerrilha infindável na selva, estratégia denominada "de resistência"; transfere toda a tropa que pode para a Amazônia, mas ainda está longe de ter a força necessária nas proximidades das serras da fronteira, o verdadeiro teatro das prováveis disputas, onde se encontram as cobiçadas jazidas de minérios estratégicos.

Considera-se inevitável a supremacia aérea inimiga. O bloqueio aéreo dos rios e estradas nos impedirá de levar para lá um só batalhão sem atravessar centenas de quilômetros de selva. Isto significa que deveríamos estar lá antes da guerra.

Resumindo: Exército tem boas condições de superar as ultrapassadas hipóteses de Guerra e de atuar eficazmente na segurança interna, mas está com o dispositivo, a organização equipamento e armamento inadequado para enfrentar as principais ameaças que podemos vislumbrar.

– Muito bem, e daí? – Qual o próximo passo?

Antes de pensarmos qual o tipo de Exército que nos convém, façamos algumas considerações sobre a natureza das guerras na atual conjuntura.

Dia a dia as armas são aperfeiçoadas e novas aparecem. Os mísseis, cada vez mais portáteis se revelam eficazes contra aeronaves, contra pessoal e principalmente contra carros de combate. A situação destes últimos se assemelha a do cavaleiro medieval quando do aparecimento do mosquete; pensava-se que ainda haveria muitas flechas e lanças, e que a armadura deveria ser conservada. Foi necessário um século de perdas sangrentas para aprender que o mosquete era o novo rei. O mesmo acontece agora; a mobilidade continua importante, a blindagem não. Os exércitos modernos (ainda não é o nosso caso) podem identificar alvos pela assinatura eletrônica, pelo calor e podem destruir qualquer alvo identificado. Em conseqüência, as armas devem ficar longe da guarnição, manejadas por controle remoto ou então não apresentar alvos compensadores ou ainda se deslocar rapidamente após o tiro.

Devemos também considerar que, com a ampliação das áreas urbanas, a concentração das riquezas e nós de comunicação nas cidades, o combate tende a ser cada vez mais em ambiente urbano. Será vantajoso reavaliar a organização e o equipamento criado para o combate campal na hipótese dos combates se desenvolverem predominantemente em cidades. Já no presente, com as armas acionadas por controle remoto, e cada vez mais no futuro as armas serão dotadas de sensores que apontarão e decidirão quando atirar. Algumas elementares (minas e armadilhas) são empregadas desde muito tempo, mas o futuro nos promete a grande ampliação do uso de armas com sensores que decidirão por si quando atirar ou explodir. Muito da camuflagem será o como "enganar" os sensores.

Por fim, pode-se esperar que os alvos serão fugazes; as situações evoluirão com muita rapidez e as comunicações não serão confiáveis, tal o espectro de interferências. Em conseqüência dificilmente haverá oportunidade de informar novos dados para receber ordens. Desta forma valerá a iniciativa, boa ou não, dentro de um objetivo geral tipo "fazer algo que ajude a ganhar a guerra". A História está cheia de exemplos de derrotas de bons exércitos que pararam no tempo. De exércitos que se prepararam para a guerra que passou. Durante a guerra, os exércitos que não cedem podem evoluir, mas a guerra de hoje pode não ser longa suficiente. A deusa da vitória sorri para quem, se antecipando, soube quando, por que e como mudar.

Já reconhecemos como principal a ameaça de ataque de forças muito superiores, e selecionamos os dois principais cenários: a secessão de terras indígenas, guerra necessariamente circunscrita ainda que apoiada pelas grandes potências, ou a simples tomada por estas, a "manu militari" das mineralizadas serras do norte da Amazônia. Já vimos que, neste caso tenderia a haver ações inimigas no restante do território visando quebrar a vontade nacional por bombardeios seletivos como das hidrelétricas e a tomada ou destruição das plataformas de petróleo e mesmo tomada de cidades centros industriais e de decisão.

Obviamente que, em ambos os casos, enfrentaremos um inimigo que contará com supremacia aérea e naval, impossível de vencer em campo raso. Considerando que não poderemos vencer exércitos muito superiores em campo aberto, nos resta a selvas e as cidades, que reduzem de muito a eficiência dos equipamentos superiores e são reconhecidamente locais adequados à defesa. Nas cidades contaríamos com o auxílio da população. Na selva, nossa superioridade de conhecimento do terreno fica diminuída se o inimigo tiver ao seu lado as tribos indígenas industriadas pelas ONGs.

Também concluímos que dificilmente conseguiríamos deslocar tropas para o local da invasão. Sabemos também que é impossível uma ocupação total do território nacional, e que sempre teremos uma base para contra-atacar. Articulando com antecedência, se pode conseguir, nas serras da Amazônia a cooperação de umas poucas tribos indígenas e principalmente dos garimpeiros.

Resumindo: Já que o nosso dispositivo, nossos meios e nosso procedimento se mostram inadequados para enfrentar as ameaças que identificamos, devemos adaptá-los o quanto antes. Conseguindo em tempo útil talvez até possamos evitar a guerra. Enquanto nossas forças forem reconhecidamente insuficientes, deixam de ser um elemento de dissuasão e passam a ser mais um atrativo.

– O Exército que precisamos

Recordando: considerando que, na hipótese de combatermos exércitos muito superiores, não poderemos enfrentá-los em campo aberto. Nos restará a selva, que reduz de muito a eficiência dos equipamentos superiores e as cidades, reconhecidamente locais adequados à defesa e onde a população é brasileira. Sendo a guerra circunscrita à área em disputa, ou seja, abrangendo as reservas Ianomami, Raposa-Serra do Sol, Uai-Uai Atroari-Uaimiri, (exatamente nas mineralizadas serras do norte) a guerra será na selva, mas o bloqueio aéreo dos rios e estradas nos impedirá de levar para lá um só batalhão sem atravessar centenas de quilômetros de selva. Isto significa que devemos estar lá antes da guerra. Caso a guerra se estenda além da área ambicionada certamente haverá bombardeios e ocupação de cidades, especialmente as portuárias, exigindo também uma adequação para a nova situação

– Baseado nessas premissas, proporemos:

1- Alterações no dispositivo

2- Alterações no recrutamento e formação

3- Alterações na organização

4- Alterações nos armamentos e equipamentos

5- Alterações nos procedimentos de combate

1 - ALTERAÇÕES NO DISPOSITIVO

Objetivo: localizar a tropa para fazer face à ameaça.

Considerando que a principal ameaça estará nas serras do Maciço Guianense (as serras que separam nosso País dos vizinhos do norte), é lá que devemos reunir, com o máximo de antecedência, as tropas de combate especializadas e as de apoio, também especializadas à região. Como exemplo, nas áreas Ianomâmi e Raposa-Serra do Sol, os atuais pelotões de Fronteira necessitam ser transformados com urgência em tropas de combate. Penso ser factível no momento transformá-los em Companhias Especiais, com quatro pelotões de Infantaria de Selva e um pelotão de defesa de base, que é o atual pelotão de Fronteira. Outras companhias necessitam ser criadas nas áreas Tiriós, Uai-Uai e Atroari. Essas Companhias Especiais devem preparar a guerra no local, estocando gêneros e munição em locais ocultos e se ligando com antecedência com garimpeiros e índios leais. Cada pelotão de Selva, com quatro grupos de combate, e deve ser dotado de mísseis portáteis, inclusive anti-aéreos. Estas companhias "de emboscada" devem ter condições de desenvolver operações independentes, juntamente com seus aliados índios, caboclos locais e garimpeiros.

A massa das tropas de combate que não forem localizadas na região onde se espera o combate seja localizada nas cidades que forem mais ameaçadas (Belém, Manaus, Boa Vista, Brasília, Rio, Salvador etc.), e especializadas, em combate em localidade. Nas proximidades da sede dos Comandos Militares de Área um batalhão de comandos pára-quedistas e da Capital Federal também um de Operações Especiais. Excelente medida já foi a criação de Bases Logísticas, liberando tropas para saírem e atuar em outros locais.

2 - ALTERAÇÕES NO RECRUTAMENTO E FORMAÇÃO

Objetivo: Ter tropas sempre prontas para uma reação imediata e reservas para uma ação prolongada.

Considerando que, nas atuais condições, nossas tropas são pouco mais do que escola de recrutas, os quais só estarão treinados no final do ano de instrução, e assim permanecerão por poucos meses; considerando ainda que os quadros, empenhados na instrução de recrutas e na administração têm pouco tempo e pouco estímulo para exercitar sua função primordial, qual seja, - bem comandar sua fração em combate, - a mudança se faz necessária quer no recrutamento, quer na preparação dos soldados e dos quadros.

2.1 - Recrutamento e formação de soldados

Por muitas razões, nos convém o recrutamento universal. Entretanto, a pequena quantidade de conscritos que podemos incorporar anualmente não passa de 0,5% dos rapazes em idade militar. É necessária uma reformulação, não só para que seja recebida alguma instrução militar, mas para que seja incutida e cultivada a noção de Pátria e dos valores indispensáveis à nacionalidade. A solução são os "Tiros de Guerra". Será fácil estabelecê-los nas cidades, um por cem mil habitantes. Isto atenderá a 10% dos jovens, o que ainda é pouco mas bem melhor do que os atuais 0,5%. É óbvio que os reservistas/atiradores terão melhores condições de, liderados pelos próprios diretores do Tiro de Guerra, de desencadearem guerrilhas em seus locais de formação do que se não tivessem alguma instrução militar.

A incorporação na tropa, para voluntários, só após o Tiro de Guerra. Como o uso de armamento moderno não é assunto para amadores, nos parece conveniente o engajamento mínimo de três anos, mas na tropa não mais será necessário perder tempo com os ensinamentos elementares de ordem unida, armamento individual e procedimento em situações diversas. A tropa passa a ser tropa e não escola de recrutas como na atualidade. As escolas de recrutas seriam os Tiros de Guerra.

2.2 - Recrutamento e formação de sargentos e de oficiais temporários

O ideal é transformar os CPOR em Centros de Preparação de Quadros da Reserva – CPQR. Um por Região Militar. Estes formariam sargentos temporários no primeiro semestre e oficiais temporários no segundo. Livres da formação básica militar, já que seria requisito para a matrícula o serviço no Tiro de Guerra, (com ingresso mediante concurso) o CPQR ensinaria a ser sargento, e em função específica. Todos os terceiro sargentos seriam temporários. A partir de 3 anos de sargento poderiam fazer concurso para o Curso de Aperfeiçoamento, na ESA, onde, concluído o curso, seriam promovidos a segundo sargentos a passariam a profissionais, de carreira. Assim o Exército teria todos os terceiros e segundos sargentos que necessitasse, sem se preocupar com o gargalo nas promoções. Analogamente no segundo semestre seriam formados os oficiais temporários. Requisitos para prestar concurso: ter concluído o curso de sgt e sido aprovado em um vestibular. Tal como no curso de sargentos, a formação será para funções específicas, a partir dos ensinamentos aprendidos nos cursos de sargento (cobrados no concurso).

Na tropa não haveria recrutas. Isto nos permitirá que a mantenhamos permanentemente em condições de pronto emprego, livrando-as da atual função de serem pouco mais do que escolas de recrutas, ao contrário da situação atual, em que as tropas só estão em condições de emprego poucos meses por ano.

2.3 - Recrutamento e formação de oficiais de carreira

Ter cursado um Tiro de Guerra deve ser um dos pré-requisitos para os candidatos á Escola Preparatória, que equivaleria a um curso de sargentos no CPQR. Para o ingresso, uma média ponderada da prova intelectual com um exame psicotécnico que possa medir a vocação guerreira. Um chefe militar não pode ter como aspiração uma carreira dedicada à burocracia de tempo de paz.

Quando a pátria está em perigo, todos entram na luta, mas o sucesso é mais difícil quando ela não é conduzida por guerreiros vocacionados.

3 - ALTERAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO

Objetivo: adequar a organização para aproveitar ao máximo as inovações tecnológicas e as particularidades do terreno de selva e do ambiente urbano, onde se espera a busca das decisões.

A aceitação cega da tradição faz com que, muitas vezes, os militares não percebam que a situação mudou. Um exemplo disto foi a lenta morte da cavalaria hipomóvel, muito depois de sua obsolescência no campo de batalha. Nosso sistema de organização em armas e serviços, herdados da História, já deixou de ser útil desde que a complexidade da organização impôs idênticas funções em muitas tarefas das diferentes armas e serviços atuais. Assim, o soldado que maneja uma metralhadora tem a mesma função na atual Infantaria, Cavalaria ou Intendência, não se justificando mais estarem "presos" a uma arma ou serviço. Tratando-se de graduados e de oficiais, mais ainda se acentua a possibilidade de "intercâmbio", chegando ao auge entre oficiais de Estado Maior, cujo ecletismo felizmente é adotado nas Grandes Unidades.

Sendo o atual sistema de armas e serviços ultrapassado e passível de aprimoramento, sugerimos que as unidades sejam definidas por sua finalidade e, seus componentes, por especialidade. Assim haveria unidades de assalto, de choque, de guerra urbana, de guerra na selva, de reconhecimento, de apoio de fogo, de apoio ao movimento, de apoio logístico, de guarnição e o que mais for necessário. As especializações de pessoal que forem comuns se tornam intercambiáveis nos diversos tipos de Unidades.

Além da organização geral, o Estado Maior deverá estudar a adequação de todos os escalões, a começar pelos elementares. Como exemplo vejamos o Grupo de Combate. Considerando que a moderna psicologia de combate nos indica que normalmente, em cada agrupamento reunido apenas um homem combate e os outros acompanham, convém seja criada uma fração elementar de três homens, que é o menor grupamento com psicologia de grupo. Esta fração só pode ser a esquadra, certamente a ser comandada por um cabo. Em conseqüência o grupo de combate ficará composto por três esquadras de três homens cada. A partir daí, cada escalão deverá ser adequado ao ambiente, visando à futura necessidade que terão de agir muitas vezes sem ligação com os escalões superiores e, o quanto possível, sem cauda logística. Naturalmente o Estado Maior do Exército terá que estudar a organização conveniente para todos os escalões, e o respectivo equipamento.

4 - ALTERAÇÕES NOS ARMAMENTOS E EQUIPAMENTOS

Objetivo: Aproveitar as evoluções tecnológicas no que estiver ao nosso alcance, cuidando de minimizar os efeitos da superioridade tecnológica do inimigo

Ameaçando a utilidade das armas tradicionais, as novas armas ameaçam fazer uma revolução na guerra, que corre paralela à evolução das táticas. Houve um momento na história em que o tiro do mosquete varou a armadura do cavaleiro. Isto foi reconhecido de imediato, mas se pensou que ainda haveria muitas flechas e que valeria a pena manter a couraça. A mobilidade continuou importante, mas a armadura não. O mesmo acontece hoje com a blindagem face aos mísseis, cada vez mais portáteis, e a ameaça aérea, esta capaz de varrer completamente o carro de combate do campo de batalha. Em nossa hipótese de guerra contamos que o inimigo terá a supremacia aérea. Contamos também que poderá atingir, com mísseis guiados por GPS, o que quer que tenha sido localizado pela imagem, pelo som, pela assinatura eletrônica e outros meios. E teremos que nos adequar a esta situação.

O rumo da adequação passa pela camuflagem, pelo uso de túneis e subterrâneos, pelos alvos simulacros para atrair o fogo inimigo, pela mobilidade e pelas armas distanciadas das guarnições, neste caso aceitando sua destruição depois de cumprida sua tarefa. Para enfrentar a ameaça aérea, mísseis adequados e dispersão. Veículos maiores serão armadilhas mortais. Podem ser usadas motocicletas, dentro do "conceito dragão", isto é deslocamento motorizado e combate a pé. A maior viatura imaginada para o ambiente descrito é o "boogie" ou bugre como chamado em alguns locais, armado com um poderoso míssil.

O primeiro cuidado será com a adequação do equipamento individual. Tal como o armamento, o equipamento atualmente usado foi pensado para o uso no campo. O armamento ideal de uma esquadra de três homens seria um míssil portátil, um fuzil 762 de precisão com luneta e um FM. Com o homem do míssil, ainda uma submetralhadora, que continua sendo a melhor arma para o combate aproximado. É verdade que isto complica a logística. Complica, mas facilita o combate. O tiro de precisão a longa distância é o mais mortífero e o que causa maior efeito moral. O FM é a base do poder de fogo. Melhor que seja de calibre 556 para poder ser transportada mais munição, diminuindo a necessidade logística. O míssil portátil uma vez disparado com sucesso terá cumprido sua finalidade e o soldado ainda terá a sua submetralhadora, que continua sendo a melhor arma para o combate aproximado. Tudo fácil de ser fabricado. Mísseis elementares são de fácil fabricação por qualquer fabricante de fogos de artifício.

A Avibrás está em condições de igualar os melhores do mundo, os Karl Gustav suecos, e de planejar e fabricar mísseis maiores, capazes de fornecer eficaz apoio de fogo e contra-bateria. Obviamente necessário para este tipo de guerra, o desenvolvimento de minas e outras armas acionadas por controle remoto. Quanto ao ambiente urbano, pensar em armas com jogo de espelhos que permitam o tiro com o atirador abrigado por uma esquina. Substituir as ferramentas de sapa, inúteis nas cidades, por picaretas de minerador ou algo similar para abrir paredes. Importante equipamento: extintores de incêndio. Quanto ao armamento das demais tropas especializadas, é só seguir a mesma metodologia. Em todos dar especial ênfase a armas que possam ser acionadas de longe, por controle remoto ou mesmo com sensores que acionem o disparo ou a explosão.

5 - ALTERAÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE COMBATE

Objetivo: entender a forma de luta com a qual possamos vencer um exército superior e tecnologicamente mais avançado.

Premissas da guerra:

1ª terá supremacia aérea;

2ª as nossas comunicações não serão confiáveis ou mesmo serão impossíveis;

3ª a superioridade de fogo do inimigo tornará inconveniente o enfrentamento onde as condições geográficas não limitem a eficácia do armamento superior.

Em conseqüência, neste contexto, pouco adiantaria apenas dotarmos algumas brigadas com material moderno; mas devemos evitar o combate campal, levar a guerra onde a superioridade inimiga possa ser reduzida ou neutralizada por fatores ambientais, ou seja as cidades e as florestas. É necessário o intenso uso de minas e de armas acionadas a distância. Contra elas é difícil a defesa e os contra-ataques destruirão armas, mas não causarão baixas. Acima de tudo será necessário desenvolver uma forte doutrina que privilegie a iniciativa.

Sabemos que em ambiente onde haverá interferência contínua nas comunicações, onde será impossível de haver sigilo, as comunicações não serão confiáveis e as ordens recebidas podem ser apenas um engodo da interferência eletrônica do inimigo. Os alvos fugazes e as situações fluidas tenderão a exigir ação imediata, não comportando a espera de nova orientação. Isto exigirá iniciativa em todos os escalões. Claro, algumas iniciativas serão erradas e até podem causar dano, mas no seu conjunto será altamente vantajoso. Esta é a única forma de enfrentar esse tipo de guerra. Aos comandantes, nos vários escalões, caberá dar a orientação geral. Num ambiente fluído, onde as comunicações serão inexistentes ou inconfiáveis, apenas a capacidade de decisão dos combatentes poderá ser usada para aproveitar as oportunidades de reagir em tempo útil. Isto é uma nova forma de disciplina, muito mais consciente a que teremos que nos acostumar.

Talvez o nosso País não tenha escolhido ser potência; certamente também não é por sua vontade que é objeto de cobiça, - isto tudo é uma imposição da geografia. O desafio com que hoje nos defrontamos é escolher entre defender o que é nosso ou desistir de aproveitar as benesses em minérios com que o Criador nos brindou. Já dizia o grande Bismarck: "Riquezas minerais em terras de povos que não querem ou não podem utilizar deixam de ser vantagens para se tornar um perigo para seus detentores".

Direitos, sabemos que o Brasil tem sobre seu território. Aqui cabe uma expressão do nosso Ruy Barbosa:

"PAÍSES QUE CONFIAM MAIS EM SEU DIREITO DO QUE EM SEUS SOLDADOS, ENGANAM A SI MESMO E CAVAM SUA RUÍNA"


Gélio Augusto Barbosa Fregapani é Coronel do Exército Brasileiro.








Publicado no blog "A Continência" (Cel Erildo).
Quarta-feira, 17 de setembro de 2008, 02h02.



ATENÇÃO! ISTO É GRAVE, GRAVÍSSIMO – Bootlead



Sunday, September 07, 2008

7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil! É para rir ou para chorar?

Sem nenhuma vontade, mas para não dizer que não falei da "Independência", abaixo vai um vídeo produzido pelo canal de videoreportagem AEROVIA-FAB, para o Dia da Independência de 2007, muito bem feito por sinal, exceto pelas imagens de alguns seres abjetos, que não foram possíveis editar devido a problemas de sincronismo do áudio/vídeo no YouTube, também a musiqueta de fundo é muito "nipônica" para a data, deve ter sido escolha do Brig Saito, que provavelmente confunde o início do Hino da Independência com: "japonês" da Pátria filhos (...). Por outro lado, o vídeo vale a pena pela singela declaração do Coronel que comandou o destacamento da FAB no desfile militar do ano passado, em: "De que é feita a espada?". Não deixem de assistir!

Independência de Portugal: Bom, para começar os portugueses não eram "invasores", e sim "descobridores", é certo que nos espoliaram por 322 anos (dentro das possibilidades exploratórias e tecnológicas da época), em contrapartida para cá trouxeram a maioria dos nossos antepassados ou lhes permitiram que viessem, como também nos deixaram de herança o idioma único e um país-continente, graças a sua "bravura" e sua poderosa frota naval, caso contrário seríamos divididos em algumas dezenas de republiquetas (bolivarianas, espanholas, francesas, holandesas, inglesas, entre outras), além do mais, tudo que daqui levaram, não chega a "fazer cócegas" perto do que já nos foi e está sendo roubado nestes últimos vinte anos, bem como as pretensões dos "invasores" comunistas, já em sua terceira tentativa, esta sim uma "invasão" derradeira, onde eles pretendem fatiar as nossas Terras com a raça mais peçonhenta que jamais existiu no planeta.

Sendo hoje, o 6º ano consecutivo que nossos soldados terão que desfilar para os porcos-comunistas (que me perdoem os suínos genuínos), desta feita inclusive com a presença da "boca-de-sopro" portenha (quem sabe o macaco bolivariano também não aparece de última hora, que aí sim o "circo" ficaria completo), pois bem, imagino como deve estar sendo difícil para os "camaradas" que honram a farda e o Brasil e hoje terão que desfilar perante aquelas "autoridades alienígenas", invasores, força de ocupação, sim senhores, a "pátria-mãe" dessa raça é Cuba e não o Brasil, hoje estarão nos palanques, não para comemorar a data máxima da nossa Pátria, mas comemorando a sua mais fácil vitória, nem um tiro precisaram disparar, a não ser em seus próprios "soldados" (Celso Daniel, Toninho do PT e outras centenas não tão conhecidos), do alto de sua arrogância, eles assistirão os "subjugados" desfilarem garbosos, prestarem-lhes continência, apresentarem-lhes armas e ainda seus comandantes, todos pimpões a darem-lhes tapinhas nas costas e sorrisos amarelos, amarelos de vergonha e covardia. É isso aí, pergunto novamente: Comemorar o quê? A rendição incondicional por pura covardia?

Comunista bom é comunista morto, mas não enterrado neste solo "Mãe Gentil", e sim com suas carcaças fedorentas lançadas nas profundezas do oceano, lá para os lados do tal pré-sal de que tanto eles tagarelam, como é sabido que bosta flutua e peixe não come, devemos atar aos seus "pedaços" alguns bons quilos de "Pb" ou na falta vai de pedra mesmo.
Bootlead




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O DONO DA ESPADA

Brigadeiro-do-Ar Helio Langsch Keller, quando ainda 2º Ten Av, cumpriu 95 missões sobre os céus da Itália, como integrante do 1º Grupo de Caça. Após o retorno do 1º Grupo de Caça ao Campo dos Afonsos em 1945, Keller foi Comandante da "Esquadrilha de Paus", Comandante do 3º/1º Gp.Av.Ca. e Comandante do 1º Grupo de Caça. Filho do Geneneral Floriano Peixoto Keller, era um respeitado e respeitável Instrutor da aviação de Caça. Amava assuntos de tática de emprego. Leitor incansável fundou a "Pequena Biblioteca do Piloto de Caça (3º/1º Gp Av Ca)", na certeza de que os pilares da "excelência do piloto de combate", também passava pela cultura especializada.

Foi um dos componentes do grupamento de Pilotos de Caça escolhidos para serem treinados na aeronave a reação P-80 nos EUA. Comandou o 1º Grupo de Caça quando já equipado com F-8 Gloster Meteor.

Ao deixar a carreira, cursou Economia e foi incorporado à equipe da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos - Min. Planejamento). Nessa função, assegurou o financiamento (fato inédito) para o desenvolvimento do Projeto EMBRAER T-27 (US$ 18 milhões), o que garantiu a produção dos protótipos, seus ensaios e as "cabeças de série" da produção. Uma decisão muito mais do Aviador do que do economista. O Brig Helio Langsch Keller, faleceu em 1991. Herói de guerra brasileiro, completamente desconhecido para a grande maioria dos brasileiros.




Caso queiram ouvir o bonito Hino da Independência, é só acessar o "mini-player" abaixo e clicar PLAY. Infelizmente o refrão "Brava gente brasileira! (...)", tornou-se uma piada de mau gosto.






Click AQUI para ver a letra do Hino da Independência.





Sarah Palin "embaralha as cartas" da campanha eleitoral nos EUA – William Waack







Wednesday, August 27, 2008

A hora é agora Coronel! Já sabemos do resultado, para que esperar mais?
Aprestados! Ordene a Área de Concentração. SELVA!!!





















Contra a demarcação: Coronel vê risco de surgir "nação étnica" na fronteira
entrevista para a o jornal "Folha de S.Paulo", em Brasília

Gélio Fregapani, 72, diz conhecer como poucos o Estado de Roraima, onde pisou pela primeira vez no início dos anos 1960. Coronel reformado do Exército, foi um dos fundadores do Cigs (Centro de Instrução de Guerra na Selva), trabalhou por dez anos na Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Diz que o Exército é "fervorosamente contra" a demarcação contínua da reserva.

Apontado pela PF como um dos responsáveis por municiar os arrozeiros que atacaram índios, disse que, se isso tivesse ocorrido, a PF não estaria mais na região. "Esse pessoal não pode competir comigo".


FOLHA - Por que a Raposa/Serra do Sol deve ser demarcada em ilhas?

FREGAPANI - A demarcação contínua de uma grande área indígena, com diferentes etnias e culturas, provoca a criação de algo parecido com o Curdistão, uma nova nação étnica separada dos países. Se for em ilhas, não tem problema nenhum.

FOLHA - Há pressão internacional para formar uma nova nação?

FREGAPANI - Sim. Essa história de índios nômades é falácia. Claro que existe possibilidade de migrações, mas os índios não são nômades. Não é necessária uma área do tamanho de Portugal para isso tudo. Na fronteira é o perigo.

FOLHA - O sr. defende que os índios não levem em conta sua cultura e se considerem apenas brasileiros?

FREGAPANI - Sim. Se nós (fizermos isso), damos (permissão) à criação de nações dentro do Brasil, estamos contribuindo para desagregar o país. Os EUA desejam isso, a Inglaterra, a Alemanha. Porque querem aquelas jazidas que têm lá e querem lidar com um governo mais dócil, não com o governo brasileiro. Se o Brasil ganhar a Raposa, haverá condições de contestarmos outras (terras).

FOLHA - O governo diz que pode entrar a qualquer tempo nas terras.

FREGAPANI - O governo está dividido. Há uma parcela de traidores no governo. Além do mais, o Exército é fervorosamente contra essa reserva, a ponto de poder haver motins se a demarcação for contínua.

FOLHA - Quem são os traidores?

FREGAPANI - Não vou citar. Há um esforço para dividir o Brasil. Chega um momento em que nem o Exército consegue entrar. Nenhuma fronteira é sagrada. Só ficam razoavelmente definidas quando habitadas. Fala-se da floresta, mas é para desviar o assunto. Querem é a serra que separa o Brasil da Venezuela e das Guianas, por causa do potencial mineral.

FOLHA - Os índios não têm direito?

FREGAPANI - Eles têm toda a terra de que precisam. Aquilo é grande. É terra demais e os índios não estão ligados a isso. Isso é coisa de estrangeiro.

FOLHA - A PF o acusa de ajudar os arrozeiros com táticas de guerrilha.

FREGAPANI - Se tivesse ensinado táticas de guerrilha não tinha um policial federal lá. E quem afirmou isso estaria morto. Esse pessoal não pode competir comigo. Agora, quando a região se declarar independente, aí sim vou fazer guerrilhas.


Publicado na "Folha Online".
Quarta-feira, 27 de agosto de 2008, 08h15.



A Hora da Decisão – Cel Av Luís Mauro Ferreira Gomes



Monday, August 25, 2008

EM MARCHA, SOLDADOS DO BRASIL!

Foto: Soldado 201- Edson Arantes do Nascimento, que serviu no 6º GMAC em Santos,
posteriormente 6º GACosM (Fortaleza de Itaipu - Praia Grande-SP), no ano de 1959.



































Cabe uma pergunta: Em que puteiro "serviu" o morfético de nove dedos?


Luís Alves de Lima e Silva - o Duque de Caxias é o insigne Patrono do Exército Brasileiro,
que o reverencia na data de seu nascimento
25 DE AGOSTO — "DIA DO SOLDADO".


A Profissão Militar I

"Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida.

Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de a celebrar. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por militares...

Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; como se os cobres do pré pudessem pagar a liberdade e a vida. Publicistas de vista curta acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão.

Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço de sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e os defendem da invasão estranha e do jugo das paixões. Se a força das coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram, algum dia o farão. E, desde hoje, é como se o fizessem.

Porque, por definição, o homem da guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai coragem, e à sua direita a disciplina".

(Moniz Barreto – "Carta a El-Rei de Portugal, 1893").



A Profissão Militar II

"Não há profissão tão agradável como a militar; profissão tanto nobre na execução (pois a mais forte, generosa e magnífica de todas as virtudes é a valentia) quanto nobre na sua causa: não há utilidade mais legítima nem mais geral do que a proteção da tranqüilidade e da grandeza do seu país. Agrada-vos a companhia de tantos homens, nobres, jovens, ativos, a visão freqüente de tantos espetáculos trágicos, a liberdade desse convívio sem artifícios e uma forma de vida viril e sem cerimônia, a variedade de mil atividades diversas, essa fogosa harmonia da música guerreira que vos alimenta e aquece os ouvidos e a alma, a honra desse exercício, mesmo a sua rudeza e dificuldade, que Platão considera tão pouca que na sua república a reparte com as mulheres e as crianças.

Oferecei-vos para os papéis e os riscos pessoais de acordo com o que julgais sobre o seu brilho e a sua importância, soldado voluntário, e vedes quando mesmo a vida é justificadamente empregue neles, "penso que é belo morrer combatendo" (Virgílio). Temer os perigos gerais que envolvem uma multidão em que tantas pessoas incorrem, não ousar o que tantas espécies de indivíduos ousam é próprio de um ânimo desmedidamente frouxo e inferior. A sua companhia dá confiança até mesmo às crianças. Se outros vos sobrepujam em ciência, em graça, em força, em fortuna, tendes causas terceiras a que inculpar; mas por ceder-lhes passo em firmeza de alma só podeis inculpar a vós mesmos. A morte é mais abjeta, mais fatigante e penosa num leito do que em combate, as febres e os catarros tão dolorosos e mortais quanto uma arcabuzada. Quem estivesse afeito a suportar valorosamente os acidentes da vida comum não teria de aumentar a sua coragem para se tornar soldado."

(Michel Eyquem de Montaigne, em "Ensaios").


O homem certo no lugar errado.

A coisa mais importante para toda a vida é a escolha da profissão:
quanto a isso, só o acaso dispõe. (Blaise Pascal)










































CANÇÃO FIBRA DE HERÓI
Banda Sinfônica e Coral do Corpo de Fuzileiros Navais – Marinha do Brasil
(Companhia de Bandas do Batalhão Naval) Rio de Janeiro – RJ





Click AQUI para ver a letra da canção "Fibra de Herói".





O golpe do século – Mario Sabino (Revista "VEJA")






Tuesday, March 25, 2008

"AMAZÔNIA BRASILEIRA": UMA PIADA GROSSEIRA E OBSCENA!

Foto: Sempre o "mar vermelho", vermelho é cor de sangue, muito sugestivo...





































Caros amigos,

Aproveitando a matéria de ISTOÉ no "post" abaixo, faço algumas ponderações sobre o seminário a ser realizado nos dias 26 (amanhã), 27 e 28 de março do corrente, na cidade do Rio de Janeiro (logo, logo "The Dengue's City"), mais precisamente nas instalações do Clube de Aeronáutica, cujo tema é "AMAZÔNIA, COBIÇADA E AMEAÇADA!", sob o patrocínio das seguintes entidades: CEBRES – Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos, Clube Naval, Clube Militar e Clube de Aeronáutica.

Sendo que no primeiro dia (26) os conferencistas são militares da mais alta qualidade, destacando-se entre eles os Gen Ex Maynard de Santa Rosa, atualmente Chefe do DGP/EB e profundo conhecedor do assunto a ser debatido e que discorrerá sobre "A evolução geopolítica da Amazônia brasileira", o Gen Bda Durval Antunes Machado Pereira de Andrade Nery, Coordenador de estudos e pesquisa do CEBRES e Conselheiro do Clube Militar, cujo tema é "A Amazônia cobiçada e ameaçada na guerra de quarta geração" e o Cel Gelio Augusto Barbosa Fregapani, que aborda o tópico "A fronteira norte e as ameaças à soberania brasileira". Pronto! Aqui acabou meu interesse no referido seminário, mesmo ainda contando com a presença de outros militares merecedores da minha mais elevada consideração.

E o resto, digamos dos "expositores", alguns não conheço seus currículos e nada posso exprimir, mas outros, valha-me Deus. O que tem para "dizer" sobre a Amazônia aquele anedótico personagem que costuma se fantasiar conforme a "festa", desta feita como o evento realizará-se no Clube de Aeronáutica, provavelmente irá vestido de Brigadeiro-do-Ar, porém quem sabe não será de aviador – piloto de caças supersônicos, aconselho a indumentária completa inclusive com a máscara de oxigênio, só que com o tanque de suprimento "empty". Parece brincadeira, mas um sujeito que na Amazônia só foi fazer turismo, segurar na "sucurujuba", brincar com oncinha e fazer "boquete" em embaúba, seja ouvido em tal seminário.

Tem mais: Reinhold Stephanes, quem é, hem? Mozarildo Cavalcanti, Kátia Regina de Abreu e outros menos cotados. Só blablablá. Faltou convidarem o "Goiabeira" Unger (irmão da terrorista já devidamente recompensada) e a mãe do PAC (Programa de Aceleração da Corrupção) a miss "PACderme", aí sim o time estaria completo. Mesmo que no Rio estivesse, não perderia meu precioso tempo, jamais em tempo algum, para ouvir qualquer coisa que essa malta possa vir a vomitar.

Todavia meus amigos, nem tudo está perdido no dia 31 próximo, além de comemorarmos a data mais importante do Século XX para a nossa Pátria, teremos lá no auditório do Comando Militar do Leste (Palácio Duque de Caxias), às 10:00 horas, uma palestra do autor, escritor e comentarista político Heitor De Paola, que dissertará sobre sua experiência como militante da AP (Ação Popular), intitulada "Minha experiência na esquerda e o significado da Contra-Revolução de 1964", esta palestra vale a pena, farei o possível para comparecer.

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O Brasil tem guerrilha
por Alan Rodrigues

O barulho de dois tiros de revólver quebrou o silêncio da noite na pacata comunidade rural de Jacilândia, distante 38 quilômetros da cidade de Buritis, Estado de Rondônia. Passava pouco das 22 horas do dia 22 de fevereiro quando três homens encapuzados bloquearam a estrada de terra que liga o lugarejo ao município e friamente executaram à queima-roupa o agricultor Paulo Roberto Garcia. Aos 28 anos, ele tombou com os disparos de revólver calibre 38 na nuca. Dez horas depois do crime, o corpo de Garcia ainda permanecia no local, estirado nos braços de sua mãe, Maria Tereza de Jesus, à espera da polícia. Era o caçula de seus três filhos. Um mês depois do assassinato, o delegado da Polícia Civil de Rondônia que investiga o caso, Iramar Gonçalves, concluiu: "Ele foi assassinado pelos guerrilheiros da LCP."

A sigla a que o delegado se refere, com estranha naturalidade, quer dizer Liga dos Camponeses Pobres, uma organização radical de extrema esquerda que adotou a luta armada como estratégia para chegar ao poder no País através da "violência revolucionária". Paulo Roberto foi a mais recente vítima da LCP, que, sob a omissão das autoridades federais e o silêncio do resto do Brasil, se instalou há oito anos na região e, a cada hora, se mostra mais violenta. Apenas em 2007, as operações do grupo produziram 22 vítimas - 18 camponeses ou fazendeiros e quatro guerrilheiros. Amplamente conhecidos em Rondônia, os integrantes da LCP controlam hoje 500 mil hectares. Estão repartidos em 13 bases que se estendem de Jaru, no centro do Estado, às cercanias da capital Porto Velho, se alongando até a fronteira com a Bolívia, região onde eles acabaram de abrir uma estrada. O propósito dos guerrilheiros seria usá-la como rota de fuga, mas, enquanto não são incomodados nem pela Polícia Federal nem pelo Exército, a trilha clandestina está sendo chamada de transcocaineira - por ela, segundo a polícia local, passam drogas, contrabando e as armas da guerrilha.

ÁREA PROIBIDA

A nenhuma dessas colônias o poder público tem acesso. Sob o manto da "revolução agrária", a LCP empunha as bandeiras do combate à burguesia, ao imperialismo e ao latifúndio, enquanto seus militantes assaltam, torturam, matam e aterrorizam cidades e zonas rurais nessas profundezas do Brasil. Encapuzados, armados com metralhadoras, pistolas, granadas e fuzis AR-15, FAL e AK-47 de uso exclusivo das Forças Armadas, eles já somam quase nove vezes mais combatentes que os 60 militantes do PCdoB que se embrenharam na Floresta Amazônica no início dos anos 70 na lendária Guerrilha do Araguaia. "A Colômbia é aqui", diz o delegado Gonçalves, numa referência às Farc.

A reportagem de ISTOÉ entrou nessa área proibida. No distrito de Jacinópolis, a 450 quilômetros de Porto Velho, bate o coração da guerrilha. Segundo o serviço secreto da Polícia Militar de Rondônia, é ali que está o campo de treinamento. "Nem com 50 homens armados eu tenho coragem de entrar na invasão deles", admite o delegado. Caminhar pelas hostis estradas enlameadas é como pisar em solo minado. A todo momento e com qualquer pessoa que se converse, o medo de uma emboscada é constante. Os militantes adotam as táticas de bloqueio de estradas e seqüestro das pessoas que trafegam pela área sem um salvo-conduto verbal liberado pela LCP. "É a forma de combater as forças inimigas", escreveram eles num dos panfletos que distribuíram na região. "Esses bandoleiros foram muito bem treinados pelos guerrilheiros das Farc", revela o major Enedy Dias de Araújo, ex-comandante da Polícia Militar de Jaru, cidade onde fica a sede da Liga.

Para se chegar à chamada "revolução agrária", dizem os documentos da LCP aos quais ISTOÉ teve acesso, a principal ação do grupo é pôr em prática a chamada "violência revolucionária". E, para os habitantes locais, essa tem sido uma violência fria e vingativa. No caso da sua mais recente vítima, o que a LCP fez foi uma execução sumária, após um julgamento interno suscitado pela desconfiança sobre o real propósito da presença de Paulo Roberto Garcia na região. "Eles acreditam que o rapaz era um agente infiltrado como agricultor e não tiveram dúvida em matálo", disse o delegado. Dos 22 mortos de 2007, quatro eram fazendeiros e 14 eram funcionários das fazendas, que a liga camponesa classifica como paramilitares. Na parte dos guerrilheiros, quatro foram enterrados - assassinados em circunstâncias distintas por jagunços das fazendas da região.

Além de matar, a LCP é acusada pela polícia de incendiar casas, queimar máquinas e equipamentos e devastar a Floresta Amazônica. Os moradores da comunidade onde vivia Garcia não sabem o que é luta de classe, partido revolucionário e muito menos socialismo. Mas eles sabem muito bem que, desde a chegada da LCP naquelas bandas, a morte matada está vencendo a morte morrida.

ALERTA NA SELVA

Só quem consegue transitar livremente no território da guerrilha são os caminhões dos madeireiros clandestinos, que pagam um pedágio de R$ 2 mil por dia à LCP para rodar nas estradas de terras controladas pela milícia. Em troca do pedágio, os guerrilheiros dão segurança armada aos madeireiros para que eles possam roubar árvores em propriedades privadas, áreas de conservação e terras indígenas. São terras que a LCP diz ter "tomado" - e o verbo tomar, no lugar de "invadir" ou "ocupar", como prefere o MST, não é mera semântica, mas uma revelação do caráter belicoso do grupo. "A falha é do Exército brasileiro, que deixa esses terroristas ocuparem nossa área de fronteira", acusa o major Josenildo Jacinto do Nascimento. Comandante do Batalhão de Polícia Militar Ambiental, Nascimento sente na pele o poder e a arrogância desse bando armado.

No ano passado, eles derrubaram uma base militar da Polícia Ambiental dentro de uma unidade de conservação e seqüestraram seus soldados. "A tática utilizada pela LCP para as emboscadas é certeira", admite um dos militares, mantido preso por sete horas. "Como são estradas de terras, no meio da floresta, eles derrubam árvores, que fecham o caminho. Quando as pessoas descem do carro para retirar a tora, são rendidas", diz E. S., militar da Polícia Ambiental, que recorre ao anonimato para se proteger. "Essa guerra é um câncer que está se espalhando pelo Estado", alerta Nascimento.

Assim como consta nos panfletos da Liga, os guerrilheiros postam homens em bases nos morros com binóculos e rojão para anunciar a "invasão" de sua área por "forças inimigas". Depois de sermos monitorados de perto por grupos de motoqueiros, durante os 38 quilômetros que levamos uma hora e meia para percorrer no território dominado pela LCP, ouvimos uma saraivada de rojões anunciando nossa presença. Estávamos próximos a uma base. O alerta serve também para que os homens armados se infiltrem na mata ocupando as barricadas montadas com grandes árvores nas cercanias dos acampamentos.

"O fato é que não dá para observá-los, mas estamos sob sua mira", adverte o militar da Polícia Ambiental que nos acompanha. Na verdade, a PM Ambiental é a única força do Estado cuja presença ainda é tolerada pela guerrilha. A explicação é simples: com apenas oito agentes para cuidar de quase 900 mil hectares naquela região, eles não representam ameaça ao grupo. Antes, serão presas fáceis se assim os militantes o desejarem.

A BASE

Logo que o barulho dos rojões reverbera na imensidão da selva, as mulheres e crianças vestem seus capuzes e assumem a linha de frente. Quando se chega ao topo de um morro, depois de passar por uma barricada construída com o tronco de uma imensa árvore com a inscrição da Liga, avista-se uma bandeira vermelha tremular na franja de um acampamento de casas com cobertura de palha. Pouco tempo depois, outra barricada e chega-se a uma parada obrigatória. Do outro lado da porteira, transcorreu o seguinte diálogo com uma trupe maltrapilha, encapuzada e arredia.

- O que vocês vieram fazer aqui? - disse um nervoso interlocutor mascarado.

- Somos jornalistas e queremos saber o que vocês têm a dizer sobre a reforma agrária e a Liga dos Camponeses Pobres.

- Podem ir embora, não temos nada a dizer. Vocês só atrapalham.

- Quantas famílias estão nesta invasão?

- 300.

- Podemos falar com o líder de vocês?

- Aqui não existe líder, todos somos iguais.

- Por que vocês ficam mascarados?

- A máscara é nossa identidade.

- Vocês acreditam que podem fazer uma revolução?

- Não temos que dar satisfações à imprensa burguesa.

- De quem vocês recebem apoio?

- Não interessa.

- Podemos entrar no acampamento?

- De forma alguma. Vão embora daqui!

Com colete à prova de balas sob a camisa, saímos da porteira do acampamento por uma questão de segurança e voltamos a percorrer de carro, numa estrada precária, mais uma hora e meia até o primeiro ponto de pedágio da LCP. "No ano passado, fomos presos por eles, éramos oito militares e eles tinham mais de 50 homens armados com metralhadoras", conta o sargento da tropa. "Não tem jeito, para resolver o problema com esse bando só com uma ação conjunta do Exército, da Polícia Federal e das forças do Estado."

Ao voltar da área dominada pela LCP, fica claro, nas reservadas conversas com alguns poucos moradores dispostos a contar algo, que o terror disseminado pela guerrilha se mede pelo silêncio dos camponeses. Os revoltosos controlam a vida das pessoas, além de investigar quem é quem na região. Quem não "colabora" com eles - fornecendo dinheiro, gado ou parte da produção - vira alvo de ataques covardes. Histórias de funcionários das fazendas da região que foram colocados nus sobre formigueiros ou que apanharam até abandonar o local estão muito presentes na memória dos moradores. As torturas praticadas pelos bandoleiros contra trabalhadores rurais dificultam até contratação de mão-de-obra na região. "Ninguém quer trabalhar mais na minha fazenda", admite Sebastião Conte, proprietário de 30 mil hectares de terra. Ele teve parte de sua terra "tomada" há dois anos pela LCP, a sede da fazenda foi queimada, assim como seus tratores, alojamentos e área do manejo florestal. O fazendeiro, acusado pela Liga de ser um latifundiário, é prova de que o terror da guerrilha é igual para todos. Segundo ele, nos últimos dois anos, teve que enterrar três de seus funcionários. "Todos eles assassinados barbaramente", diz Conte. "Estou pedindo socorro. Não sei mais a quem recorrer."

Longe de lá, na cidade de Cujubim, os trabalhadores rurais empregados das fazendas não dispensam o porte de armas. "Aqui ou você anda armado ou está morto", diz M.L. O capataz da fazenda e seu filho já perderam a conta de quantas vezes trocaram chumbo com os mascarados que tentam invadir a fazenda. Tratados como paramilitares, os funcionários das fazendas são, depois dos fazendeiros, os alvos prediletos dos ataques da Liga. Nelson Elbrio, gerente da Fazenda Mutum, teve o azar de cair nas mãos da "organização". Ele foi rendido exatamente como os militares da Polícia Ambiental e ficou preso sob a mira de uma arma por seis horas. "Assim que eu fiz a curva na estrada dei de cara com uns 15 homens encapuzados e fortemente armados. Eles me tiraram do carro e a partir daí vivi um inferno", conta Elbrio. "Eles queriam que eu revelasse os segredos da fazenda: quantas pessoas trabalhavam lá, depósito de combustível, se tinha seguranças armados." O sofrimento do funcionário se estendeu até o final da tarde, quando o grupo o arrastou até a sede da fazenda, dando tiros de escopeta próximo a seu ouvido. Em seguida, o obrigaram a assisti-los incendiando a propriedade e os tratores. "Nunca mais dormi bem", diz Elbrio.

Com a morte à espreita, o medo transformou distritos inteiros em zonas despovoadas - verdadeiras vilas fantasmas - e criou uma massa de gente refugiada de sua própria terra, expulsa pela guerrilha. Em Jacilândia, das 25 casas de madeira da única rua do distrito, só oito estão habitadas. Até a igreja fechou suas portas. "O povo foi embora com medo dos guerrilheiros", conta um dos moradores, um ancião que só admite a entrevista sob o anonimato. "Aqui não podemos falar nada. Para ficar de pé tem que se aprender a viver", diz o velho agricultor. O silêncio e o abandono das terras são a mais dura tradução desse novo modo de viver. Maria, a mãe do agricultor assassinado, não esperou a missa de sétimo dia do caçula. Deixou para trás os 100 hectares, onde tinha 100 cabeças de gado e a casa recém-construída. Partiu para um lugar ignorado, sob a proteção de outro filho.

O SILÊNCIO

Naquele pedaço de terra, os poucos que, apesar de tudo, permanecem na área não têm rostos ou nomes. Quando interrogados pela polícia na apuração dos crimes, eles se tornam também cegos e surdos. "Não existe testemunha de nada", reclama o delegado Gonçalves. A razão das infrutíferas apurações policiais é que os insurgentes presos são facilmente liberados pela Justiça. "Como eles usam a tática guerrilheira do uso de máscaras em suas ações, nós ficamos de mãos atadas para puni-los. Nunca se sabe quem de fato matou", queixa-se o delegado. As únicas lideranças da LCP a enfrentar a prisão por causa de assassinatos foram Wenderson Francisco dos Santos (Russo) e Edilberto Resende da Silva (Caco), que se encontra foragido. Os dois foram acusados de participar do assassinato do trabalhador rural Antônio Martins, em 2003. Russo foi absolvido em primeira instância e os promotores recorreram da decisão ao Tribunal de Justiça.

A ABIN SABE

Essa tensão é o pano de fundo de uma guerra psicológica que os ideólogos da organização avaliam como a ideal para que a área seja abandonada pelos fazendeiros. "A melhor forma de desocupar a área é destruindo o latifúndio", nos disse um dos mascarados, chamado de Luiz por um colega. Na lógica da LCP, os fazendeiros têm que tomar prejuízo sempre, senão eles não abandonam a terra. À frente de 300 famílias da invasão da Fazenda Catanio, uma propriedade de 25 mil hectares, o guerrilheiro Luiz defende o confisco do gado para matar a fome dos invasores e considera que a "tomada" de terra é a forma legal de fazer uma "revolução agrária". "Se esperarmos a Justiça, ficaremos anos plantados aqui", diz ele.

A audácia dos militantes da LCP é tanta que no ano passado mais de 200 deles marcharam encapuzados pelas ruas do município de Buritis, a 450 quilômetros de Porto Velho, até parar na porta da delegacia, onde exigiram a saída do delegado Gonçalves da comarca. Motivo: ele tinha prendido um dos líderes da facção guerrilheira. Não satisfeitos, os bandoleiros bateram às portas do Ministério Público e da Justiça exigindo que os titulares dos órgãos também se afastassem. O fato foi reportado ao Ministério da Justiça, ao presidente Lula e ao governo estadual. Até agora, não houve nenhuma resposta. "Ninguém leva a sério nossas denúncias. Eles pensam que estamos brincando, que a denúncia de guerrilha é um delírio", indigna-se o delegado Gonçalves. "Isso vai acabar numa tragédia de proporções alarmantes, e aí sim vão aparecer os defensores dos direitos humanos", critica ele. É exatamente nessa desconsideração das denúncias de promotores, juízes e militares que a Liga ganha força e cresce impunemente.

Tão trágica quanto o terror que esse grupo armado impõe às comunidades rurais é o fato de os governos estadual e federal saberem da existência desse bando armado - e não fazerem nada. Segundo o Dossiê LCP, um relatório confidencial da polícia de Rondônia, com 120 páginas, encaminhado em dezembro passado à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ao Exército e ao Ministério da Reforma Agrária, o grupo armado, além de cometer todo tipo de barbaridade, é financiado por madeireiros ilegais. Conforme o documento, a LCP controla uma área estimada em 500 mil hectares, onde doutrina mais de quatro mil famílias de camponeses pobres espalhadas por mais de 20 assentamentos da reforma agrária distribuídos pelos Estados de Minas Gerais, Pará e Rondônia. "Eles estão na contramão do que é contemporâneo. Mas, de fato, formaram um 'Estado' paralelo", entende Oswaldo Firmo, juiz de direito da Vara especializada em Conflito Agrário do Estado de Minas Gerais.

FORÇA-TAREFA

Documentos em poder de ISTOÉ comprovam que as autoridades federais têm feito ouvidos de mercador para o problema. No dia 11 de janeiro de 2008, o ouvidor agrário do governo federal, desembargador Gercino José da Silva Filho, acusou o recebimento das denúncias encaminhadas a ele sobre as ilegalidades cometidas por integrantes da Liga dos Camponeses Pobres. Mais uma vez, nada foi feito. "Eles dizem que sabem de tudo, mas cadê a ação?", questiona o major Nascimento, comandante da Polícia Militar Ambiental de Rondônia. "Essa situação aqui só será resolvida em conjunto com outras forças militares", admite o major. Foi o que aconteceu no Estado do Pará, em novembro passado, na chamada Operação Paz no Campo, quando uma ação envolvendo o Exército, as polícias civil e militar e a Polícia Federal desocuparam um acampamento da LCP na Fazenda Fourkilha, no sul do Estado. Com dois helicópteros, 200 homens e 40 viaturas, a força-tarefa cercou o local, prendeu cerca de 150 militantes e recolheu um verdadeiro arsenal de guerra. "Precisamos da mão forte do Estado. Aqui somos tratados como cidadãos marginais", emenda o fazendeiro Sebastião Conte.

Foto: O MAPA DA MINA.





























Publicado na Revista "ISTOÉ".
Edição nº 2003 de 26 de março de 2008.





N.R. Saiba mais sobre esta grande merda de LCP clicando no link abaixo:

Liga dos Camponeses Pobres – Carlos I. S. Azambuja
 
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